Sociedade entre SBT, Record e RedeTV! poderá faturar mais de 1 bilhão por ano


Em julgamento final ocorreu na última quarta-feira (11),  o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou com restrições a criação de uma empresa que terá Silvio Santos, Edir Macedo e Amilcare Dallevo Jr. como sócios. A nova companhia servirá principalmente para negociar os sinais digitais de Record, SBT e RedeTV! com as operadoras de TV por assinatura, mas também deverá lançar novos canais pagos. Estima-se que a empresa poderá gerar às emissoras uma receita anual líquida de R$ 360 milhões a R$ 1 bilhão. De acordo com cálculos das operadoras de TV paga, a empresa provocará aumentos de R$ 5 a R$ 15 nas mensalidades dos assinantes. O Cade estimou o aumento de preços em até 11% sobre os pacotes. 

Proposta ao Cade em julho do ano passado, como o Notícias da TV informou, a empresa teve aprovação irrestrita da Superintendência-Geral do órgão em 1º de outubro. Net e Sky, as duas maiores operadoras de TV paga do país, a ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura) e NeoTV, associação das pequenas operadoras, recorreram da decisão, e o assunto foi a julgamento no tribunal administrativo do Cade.

Em fevereiro, a relatora do processo, a conselheira Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt, apresentou parecer contrário à criação da joint venture. Ela embasou seu veto no "bem-estar do consumidor final". De acordo com Cristiane, a negociação em conjunto dos sinais fortaleceria as três redes abertas, e a relação custo-benefício seria desfavorável ao consumidor.

Na ocasião, o conselheiro Alexandre Cordeiro Macedo pediu vistas do processo, que voltou a julgamento nesta quarta. Ele propôs uma série de "remédios" para reduzir os prejuízos da criação da empresa. Entre as restrições aprovadas pelo Cade, estão a obrigatoriedade de a empresa investir três terços de suas receitas no desenvolvimento de novos programas de TV, aumentando a produção de conteúdo nacional, e a cessão gratuita do sinal para pequenas operadoras, aquelas que têm até 5% do mercado nacional, o que daria hoje cerca de 900 mil clientes. Ou seja, só haverá aumento de preços para assinantes de Net/Claro (9,859 milhões de clientes), Sky (5,366 milhões), Oi (1,176 milhão) e Telefonica/Vivo (1,781 milhão). Macedo também propôs um prazo de validade de seis anos para a empresa _ao final, ela será revista pelo Cade.

Em seguida ao voto-vista de Macedo, o conselheiro João Paulo Resende votou contra a joint venture. Ele acompanhou a relatora Cristiane Alkmin. Seu principal argumento foi o de que haverá aumento de preços ao consumidor. Já o conselheiro Paulo Burnier da Silveira acompanhou o voto de Alexandre Cordeiro. A votação ficou empatada em 2 a 2. Foi a vez, então, de Márcio de Oliveira Júnior. O conselheiro votou a favor da empresa de Record, SBT e RedeTV! sem nenhuma restrição, nos termos propostos pela Superintendência-Geral em outubro. Os dois votos seguintes, de Gilvandro Araújo e do presidente Vinicius Marques de Carvalho, foram pela aprovação da joint venture com restrições. A empresa de Edir Macedo, Silvio Santos e Amilcare Dallevo Jr. poderá enfim ser aberta.

O que está em jogo

Com a nova lei de TV por assinatura, de 2011, as emissoras de TV aberta ficaram autorizadas a vender seus sinais digitais para as operadoras de TV paga. O sinal analógico continua, obrigatoriamente, sendo cedido gratuitamente. A Globo, desde 2014, já cobra por seus sinais digitais. Na próxima década, isso será muito relevante. O sinal digital deverá a ser extinto nos próximos anos. 

A joint venture entre SBT, Record e RedeTV! consolida juridicamente uma coalizão improvável até alguns anos atrás. Começou a ser costurada há pouco mais de dois anos, quando as três emissoras se juntaram para viabilizar a entrada no Brasil do instituto de pesquisas GfK, concorrente o Ibope (inicialmente, a Band também estava no consórcio). O principal alvo das três é a Globo, que detém quase metade da audiência da TV aberta, mais de 70% das verbas de publicidade e boa parte das receitas de programação em TV por assinatura. 

Juntas, Record, SBT, e RedeTV! detêm 17% da audiência de todos os canais pagos e abertos disponíveis nas operadoras de TV paga (considerando-se somente os abertos, a participação das três é de 35%). É uma audiência bastante relevante, que as operadoras não podem abrir mão, porque o assinante pode cancelar o serviço se não tiver mais, por exemplo, o sinal do SBT. ]

A ideia por trás da joint venture é que as três redes sejam negociadas em pacotes, ou seja, que para ter o SBT, a operadora terá que levar também RedeTV! e Record. Isso fortalecerá as três redes em um mercado em que apenas duas operadoras, Net/Claro e Sky, possuem 83% dos assinantes. A negociação de pacotes de canais é prática comum no mercado.

Fontes ligadas às três redes estimam que elas poderão faturar de R$ 360 milhões a mais de R$ 1 bilhão por ano cobrando por seus sinais digitais. Se conseguirem arrecadar esse teto, as três redes terão uma receita hoje equivalente a todo o faturamento anual do SBT. Amilcare Dallevo Jr., presidente da RedeTV!, estima que as redes poderão dar um salto em tecnologia e produção de programas apenas com metade dessa receita.

A joint venture também prevê o lançamento de novos canais por assinatura. Cada rede terá 33,3% de participação na empresa, mas suas receitas serão proporcionais ao preço cobrado por seus sinais. Em tese, conforme prevê acordo de cotistas, o SBT não saberá quanto a Record pedirá por seu sinal, e vice-versa. O acordo dos acionistas também prevê que as três redes continuarão concorrendo entre si na TV aberta. Elas se unem apenas para vender seus sinais na TV paga.

O Universo da TV

O Universo da TV é o site perfeito para quem quer ficar por dentro das últimas novidades da TV. Aqui, você encontra notícias sobre TV paga, programação de TV, plataformas de streaming e muito mais. É o único site que oferece uma cobertura completa da TV, para que você nunca perca nada. facebook instagram twitter youtube

Postar um comentário

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do O Universo da TV.

Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato