Presidente da ABTA comenta o embate entre operadoras de TV paga e SBT, Record e RedeTV

Impor ao assinante seria o suicídio para TV paga. (Imagem/Divulgação)
O setor de TV paga no Brasil pode ter um cenário diferente a partir do dia 29 de março, do qual Record, RedeTV e SBT, talvez, não façam mais parte. Marco da transição do sinal de TV analógico para o digital, a data também será o ponto de definição de uma disputa que coloca as três emissoras de um lado – sob a nomenclatura da Simba Content – e operadoras de TV do outro.

Vislumbrando a possibilidade de ter uma nova fonte de receitas com o fornecimento de seu sinal digital, as três emissoras abertas se uniram, ainda em 2015, para formar uma organização orientada a negociar (e cobrar) por seu conteúdo das operadoras que quiserem manter seus canais em seus cardápios. Até então, NET, Sky, Claro hdtv e as demais operadoras não remuneravam as emissoras abertas pelo carregamento de seus canais, diferentemente da negociação que ocorre com distribuidores internacionais, como Fox, Discovery e outras.

Para a Simba, o conteúdo das três emissoras não será mais oferecido de graça às operadoras de TV. Proprietária do conteúdo, a empresa acredita que, da mesma forma que as operadoras pagam para os grupos internacionais, elas devem, também, remunerar os veículos nacionais que respondem por boa parte de sua audiência.

Sem entrar nessa briga de forma direta, a Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) já escolheu um lado. Na opinião da entidade, qualquer movimento que vise trazer um novo custo ao setor – que vêm, há dois anos, enfrentando um declínio na base de assinantes – seria uma atitude negativa. “Todas as empresas do setor estão se esforçando ao máximo para reduzir seus custos. Em um momento economicamente difícil como este, qualquer ideia que possa onerar o setor e, consequentemente, o assinante, seria suicídio para a indústria de TV paga”, analisa Oscar Simões, presidente da ABTA.

Na opinião do executivo, as operadoras de TV por assinatura também enfrentam as consequências da instabilidade econômica e, por isso, não conseguiriam absorver o novo encargo proposto pela Simba Content sem repassa-lo aos assinantes. “Penso que, se houvesse qualquer margem para a reduzir os custos, as operadoras já o teriam feito. Defendemos sempre um trabalho na direção contrária, no sentido de qualificar a produção e o serviço com menos custos e mais opções ao espectador”, pontua. Apesar de, indiretamente, criticar a postura da Simba Content, a ABTA frisa que não está envolvida nas negociações. “Esse é um assunto que não cabe a ABTA resolver. Cada operadora negocia de forma isolada”, explica.

Simões também contraria a ideia de Marco Gonçalves, negociador da Simba Content que, em entrevista ao Meio & Mensagem, declarou que as operadoras teriam como absorver os custos da remuneração às emissoras da Simba sem repassá-los aos assinantes por ter uma robusta margem de lucro em suas atividades. “As operadoras também enfrentam a crise e vêm sofrendo com a retração da base. Qualquer novo custo, certamente, iria onerar as empresas e acabaria afetando os assinantes”, acredita Simões.

TV diversa

Oscar Simões também criticou outro argumento usado por Marco Gonçalves a respeito das negociações entre a Simba Content e as operadoras. Na opinião de Gonçalves, se as operadoras de TV paga deixassem de pagar grandes grupos internacionais pela inclusão no cardápio de alguns canais que geram uma audiência muito baixa, elas teriam mais condições financeiras de remunerar por conteúdos que, de fato, atinjam a uma massa maior da população, como o da Record, SBT e RedeTV.

“A qualidade da TV por assinatura está, justamente, na diversidade. Claro que há canais com baixa audiência, mas eles servem a um tipo de público que tem interesse em consumir aquele conteúdo. Esses canais têm uma razão de estar no cardápio”, defende.

O presidente da ABTA declara que espera que Simba Content e as operadoras cheguem a um acordo e que o consumidor não seja prejudicado. Caso as duas partes não batam o martelo, ele declara que, como a decisão de liberar o canal deve partir do proprietário do conteúdo (no caso, as empresas da Simba), não há nada que a entidade possa fazer para manter as três emissoras na grade. “Se o dono do sinal não quiser mais que seu conteúdo seja carregado, as operadoras não podem fazer nada. E, justamente por não terem esse poder de decisão, não podem ser penalizadas por isso. Mas espero que todas as partes tenham bom senso”, pontua.

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