Mercado de TV paga amplia aposta em VOD sem abrir mão do modelo tradicional

O modelo tradicional é ainda o favorito pela mercado. (Imagem/Divulgação)
O Brasil é o único grande mercado da América Latina onde a penetração da banda larga ultrapassa significativamente a da TV por assinatura, o que torna o país um importante mercado potencial para o crescimento das plataformas de vídeo sob demanda. Essa a visão apresentada por Georgia Jordan, analista de mídia e telecom da S&P Global Market Intelligence, durante o Brasil Streaming, evento realizado por TELA VIVA e TELETIME nesta segunda, 17, em São Paulo.

O diretor de produtos de vídeo da América Móvil, Alessandro Maluf, concorda que a oferta de serviços de VOD das programadoras para não assinantes do serviço de TV é uma tendência inevitável. "O footprint da banda larga é maior que o da TV por assinatura", justifica. No entanto, para o executivo dos serviços de vídeo das marcas Claro e Net, o setor, ainda assim, pode preservar o modelo de ecossistema de TV por assinatura, mas já mirando a venda de um pacote sem canais lineares no futuro. "A dificuldade em acomodar serviços sem canais lineares é no modelo de negócios, não tecnológica", completou.

Questionado sobre a possibilidade de empacotar as plataformas de OTT puro com o seu serviço, como a Comcast faz nos Estados Unidos com a Netflix, Maluf descarta, pelo menos por enquanto. "Os OTTs players estão virando produtores de conteúdo, como os canais. Seus serviços concorrem com várias etapas da cadeia da TV por assinatura", diz. "O modelo precisa se manter de pé, sem canibalizar os outros serviços premium de TV por assinatura. Negociação de custo e de acesso etc.", completa. Para ele, é preciso preservar também os outros elos do setor.

Programação

André Nava, gerente de plataformas digitais da Globosat, diz que a expertise em TV everywhere da programadora permite fazer alguma oferta com as operadoras parceiras para produtos de banda larga. No entanto, diz, não há uma conversa concreta sobre negociar com uma operadora que não preste também o serviço de TV tradicional. "A migração (para um modelo desempacotado) deve ser sem esquecer o negócio principal dos canais lineares, que vão muito bem, inclusive com aumento de audiência", completa.

Valor

Para a maior operadora de TV por assinatura do país, os boatos sobre a morte deste serviço são muito exagerados. Maluf enumera razões para que o OTT não seja apenas uma transição tecnológica a partir da TV paga: as pessoas estão vendo mais conteúdo e a audiência da TV paga continua crescendo; o OTT é complementar, sendo que alguns conteúdos não são encontrados em OTT puros, como esportes e notícias e; o consumidor tem percepção de valor no bundle da TV por assinatura, que é mais simples e conta com uma curadoria e sem necessidade de login.

Para manter a competitividade a América Móvil vem investindo no seu próprio VOD, buscando experiência intuitiva e amigável, e investindo a modernização do set-top box. "Temos ferramentas e funcionalidades que trazem experiência melhor para o cliente. VOD, cDVR, D2Go, CatchupTV, Start Over…"

Ermindo Cechetto Neto, diretor de produtos do segmento residencial da Oi, concorda que ainda há espaço para a oferta de canais lineares, com destaques para esportes e jornalismo. "A Oi cresce a base em 20% ao ano. Muitos dos novos clientes estão entrando pela primeira vez na TV por assinatura", explica.

Balanço

Segundo Maluf, a plataforma de VOD da América Móvil, o Now, cresceu 250% entre junho de 2014 e o mesmo mês de 2017, sendo que mais de 900 milhões de streams são realizados por ano. "70% da base de assinantes já sabe o que é o nosso VOD e boa parte usa. Entre os usuários do VOD, a taxa de churn é menor, aproximadamente metade da taxa entre os que não usam. É um grande elemento fidelizador", diz. A plataforma, no entanto, não traz muitos recursos adicionais, já que 80% dos streams são conteúdos gratuitos aos assinantes.

Pirataria

Para Georgia Jordan, da S&P, a principal ameaça sobre o setor não é o OTT. Segundo ela, na América Latina a pirataria é um forte concorrente do serviço tradicional e legítimo. "O Brasil é sempre apontado como um dos principais mercados da pirataria online. Muitas vezes o assinante nem sabe que o que está contratando é pirata", diz.

Em outro painel do evento, o advogado Marcelo Goyanes, do escritório Murta e Goyanes, provocou a Ancine, lembrando que a agência tem em entre suas atribuições auxiliar no combate à pirataria.

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