OTTs obrigam TVs por assinatura a rever oferta de serviços


O tão esperado embate entre as TVs por assinatura e as start-ups que oferecem conteúdo over the top (OTTs) – já ocorrendo em mercados mais maduros - ainda deve levar algum tempo para acontecer no Brasil. Isso porque as primeiras minimizam o impacto da chegada das OTTs ao país e, por conta disso, não esboçam reação.

De acordo com o presidente da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), Oscar Simões, o mercado brasileiro ainda está em franco desenvolvimento, o que o torna diferente de outros. “Não percebemos o impacto da chegada das OTTs porque continuamos crescendo”, comemora.

Os números da entidade indicam que o setor deve crescer 10% este ano. Simões revela que, entre janeiro e agosto, foram adicionados 1,2 milhão de novos assinantes à base nacional. Mantido o ritmo de cerca de 150 mil novos assinantes por mês, as TVs por assinatura devem fechar o ano com 20 milhões de assinantes no Brasil.

Embora não tenham sentido o impacto das OTTs, as TVs por assinatura têm trabalhado para se aproximar da conveniência oferecida por elas. “Há uma tendência de melhorar a experiência do usuário. Cada vez mais o assinante será o diretor de TV: vai assistir ao que quiser, onde estiver e quando quiser”, afirma, lembrando que é um desejo a que as empresas certamente vão responder.

A oferta de conveniência é uma preocupação da Vivo que, talvez pela diversidade de suas ofertas, esteja procurando anular a chegada das OTTs adotando um perfil semelhante ao delas. “Temos TV por assinatura e mobilidade, por isso queremos dar conveniência, trazendo conteúdo para o pay TV e, ao mesmo tempo, estimular nosso usuário e levá-lo para outras telas”, explica Rafael Sgrott, diretor de vídeo da Telefonica Vivo.

Sgrott acredita que, em futuro não muito distante, os usuários assistirão à TV compartilhando informações em outros equipamentos. E para atender esta demanda, ele defende que as telcos contem com plataformas que suportem conteúdo em múltiplos equipamentos.

A TIM Fiber está trabalhando nesse sentido. Para o CEO da companhia, Rogério Takayanagi, o mercado brasileiro tem uma quantidade enorme de pessoas em busca de conteúdo de qualidade e que não pode pagar por isso. “O desenvolvimento de redes de fibra óptica é uma oportunidade de utilizar a tecnologia para solucionar isso”, afirma.

Para Takayanagi, a melhora na qualidade da rede permite a adoção de novos modelos de negócio mais abrangentes e inclusivos. “Hoje o tráfego de streaming em nossa rede é quatro vezes maior do que o peer-to-peer”, diz. Neste caso, a estrutura atende tanto as telcos como as OTTs.

Para a diretora de desenvolvimento de negócios da SPB TV, Cyntia Fujikawa, haverá espaço para a sinergia entre operadoras de TV a cabo e OTTs. Para ela, algumas operadoras já negociam acordos para a distribuição de conteúdos não lineares e há espaço para distribuição IP. “É importante ressaltar que a aceitação das OTTs é grande no Brasil. O YouTube tem 6 milhões de vídeos acessados mensalmente”, afirma, reforçando que vários modelos de monetização hoje em discussão não seriam possíveis sem uma conexão IP.

Regulamentação

Enquanto o mercado discute possibilidades e evita o conflito enquanto todos estão ganhando, a Anatel segue observando o cenário. Oseias Fonseca de Aguilar, gerente do órgão regulador, diz que o movimento das OTTs, TVs por assinatura e provedores de serviços de internet está sendo observado. “Não temos claro quando e onde devemos interferir e que medidas poderiam ser tomadas por nós para ajudar”, diz.

Para Simões, da ABTA, uma eventual intervenção da Anatel seria mesmo um erro. “O que demandamos dos órgão reguladores é a igualdade regulatória e tributária. Se vamos competir, nossos concorrentes devem ter as mesmas obrigações legais. Isso é fundamental para que tenhamos igualdade de competição com os novos entrantes”, diz.

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