TV paga e Internet serão os últimos itens a serem cortados do orçamento


O momento econômico pode não ser o mais favorável, mas há uma grande oportunidade para a TV paga continuar crescendo se ela tiver um olhar especial para a classe C, defendeu Maurício Prado, da PlanoCDE, em apresentação na ABTA 2015. Segundo estudo divulgado por ele, a classe c mudou consideravelmente nos últimos meses. Está mais escolarizada, mais conectada, possui carro e tem TV por assinatura. E, principalmente, disposta a só cortar Internet e TV paga em último caso.

Na hora do aperto, o brasileiro considera primeiro cortar a alimentação fora de casa (opção de 59% dos entrevistados), o lazer (como cinema e teatro, com 49%) e serviços de beleza (38%). A pesquisa foi realizada com 200 pessoas online, a maioria do sexo feminino e entre 25 e 34 anos, com renda mensal familiar de até R$ 2.500. Do universo total, 81% declararam ter Internet em casa, enquanto 41% afirmaram ter TV a cabo. Outros dados mostram que entre as despesas do domicílio há ainda aluguel (32%), plano de saúde (29%), educação privada (28%), prestação de carro (14%) e prestação de casa própria (10%).

Há ainda diferença entre setores com cobrança recorrente, com as contas de plano de saúde e, justamente, dos serviços de Internet e TV, contra as despesas eventuais, como restaurante, lazer, cinema, e mesmo supermercado, "porque posso mexer nela (na compra) sem mudar hábito", segundo explica Prado. Ou seja: mudar o hábito de consumo pesa mais do que deixar de consumir produtos e serviços esporádicos.

"A TV por assinatura e a Internet são objetos de desejo, isso foi visto como oportunidade", concordou a diretora de planejamento financeiro da Net, Karina Gonçalves. Mas ela alerta que, apesar do resultado da pesquisa, a falta de renda é um fator incontrolável para o consumidor neste cenário de instabilidade econômica, especialmente entre os informais. "Porque a gente começa a ter reflexo maior de inadimplência, como você consegue driblar esse jogo e trabalhar de forma para manter clientes na base e ampliar." O risco maior, na visão da executiva da Net, é o aumento do desemprego, o que pode comprometer mais diretamente a capacidade de manutenção dos serviços , mesmos os mais essenciais. E nesse momento, para as operadoras, o câmbio é o fator de maior preocupação. "O limite com que trabalhamos é esse câmbio de R$ 3,50. Mais que isso fica muito complicado", diz ela.

"Essa resiliência da banda larga é algo que vemos: algumas empresas que já soltaram balanço, mesmo com a crise, vimos a receita extremamente resiliente, enquanto a voz começa a sumir", avalia o diretor executivo de telecom, mídia e tecnologia do Santander, Valder Nogueira. Na visão dele, falta mais estabilidade nas regras, tanto por parte do regulador quanto nas decisões da própria empresa na hora de movimentar capital.

Para Nogueira, o maior risco atual é a instabilidade regulatória e fiscal, por conta da possibilidade de aumento de impostos. O câmbio, diz ele, é um problema mas torna os ativos no Brasil mais interessantes para os investidores de fora.

O levantamento da PlanoCDE, divulgado em maio e reapresentado no evento, dentre todas as recentes conquistas — como compra de produtos congelados, sucos prontos, carne, Internet, smartphones, TV paga, plano de saúde, educação particular, viagens, entre outros —, a classe C está selecionando quais itens irá manter no momento de segurar os gastos. “O que mais se cortou foi comer fora de cada, lazer e serviço de beleza. Internet e TV a cabo são últimos a cair", reforçou.

Um outro lado da reorganização dos custos, o lazer está migrando para dentro de casa e isto é uma oportunidade para o mercado de TV por assinatura, pontuou o executivo. Posição também defendida, por exemplo, pelo diretor de Varejo da Oi, Bernardo Winik. Segundo ele, é possível, agora, com poucos recursos assistir filmes, recém-saídos do cinema, dentro de casa com a família. "Esse é um cenário que protege o investimento na plataforma de pay per view e de vídeo sob demanda, com um custo muito menor do que ir ao cinema", disse.

A oportunidade de negócios está para as empresas que souberem criar pacotes atrativos, com preços capazes de endereçar os interesses dessa classe de menor poder aquisitivo, insistiu Prado. Para ele, no primeiro momento de crise, os setores que têm cobrança recorrente são mais resilientes. As pessoas priorizam mudar as marcas que consomem para uma mais barata e cortar gastos não fixos, como lazer.

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