Globosat firma acordo com a Vice Media, que produz vários conteúdos para canais pagos

Globosat virá minoritária na Vice Media. (Imagem/Reprodução)

O grupo Globo, por meio da Globosat, fechou um acordo de joint-venture com a Vice Media, dos EUA. O acordo é apenas para a operação da Vice no Brasil e dá à Globosat uma posição minoritária na operação. Nem o percentual nem os valores foram revelados. A operação foi conduzida por Paulo Marinho, hoje responsável pelo canal infantil Gloob e pela plataforma de conteúdos digitais Viu da Globosat.

Segundo Alberto Pecegueiro, diretor geral da programadora, o grupo já observa, há algum tempo, o movimento das empresas de mídia tradicionais em direção a participações em empresas como Vice, Vox e outras com DNA digital. Grupos como a Fox, Comcast, Disney e a própria A+E, uma das principais acionistas da Vice, já fizeram esse movimento. "Há uma semente de uma nova forma de fazer mídia com a qual a gente pode aprender muito e também aportar coisas. É uma via de mão dupla", disse Pecegueiro.

A Vice se considera a maior companhia de mídia e produção de conteúdo para o público jovem do mundo. Lançada em 1994, a empresa opera atualmente em mais de 30 países onde distribuí a sua programação para usuários em diversas plataformas.

O plano é oferecer entretenimento com foco em comportamento. “Uma das principais áreas de atuação da Vice Brasil – e um dos focos da joint-venture – é a Vice Digital, marca que opera a gestão de diversas verticais de negócios nas áreas de música, esportes e moda, entre outros gêneros e segmentos”, informaram as empresas, em nota.

A Globosat informa que mais de 18 milhões de pessoas assistem diariamente sua programação. O portfólio inclui 33 canais.

A ideia da Globosat, contudo, é não interferir na forma como o conteúdo Vice é feito. "Eles têm um conteúdo muito vasto, inovaram em branded content, são nativos da Internet, mas ganharam muita visibilidade ao ir para a TV, e fizeram isso sem perder a identidade. É o que foi a MTV nos anos 80 e 90, mas sem a dependência das gravadoras", compara o executivo. Segundo ele, a interferência da Globo não existirá. "É um tipo de empresa em que as decisões não podem vir do conselho", diz Pecegueiro.

A proposta da joint-venture é enriquecer o portal Vice.com com captação e geração de conteúdos novos, e dar visibilidade a esses conteúdos nos canais Globosat. Isso não significa, contudo, que o espaço diário que a Vice tem hoje nos canais HBO vá mudar. "Nós teremos prioridade para os conteúdos em vídeo. Vamos agora escolher em que canais colocar esses conteúdos".

Pecegueiro lembra que a Vice já vem categorizando os conteúdos e investindo em marcas específicas e que há conteúdos adequados para vários canais da Globosat. Ele não descarta um futuro canal exclusivo com o conteúdo da Vice, como o Viceland, mas isso dependeria de haver espaço e demanda no mercado para um novo canal com essa proposta. Nos EUA, a operadora Verizon foi uma das primeiras a fechar um acordo com a Vice para um canal pago linear.

A Globosat também não terá nenhuma responsabilidade na comercialização de publicidade da Vice, ainda que exista a possibilidade de vendas de pacotes conjuntos.

Segundo Pecegueiro, esse ainda é um movimento restrito ao Brasil, ainda que houvesse a opção para uma participação da Globo em uma capitalização global da Vice. Dois dias antes anunciou uma capitalização por fundos de private equity no montante de US$ 450 milhões. Elevando o valor da companhia para US$ 5,7 bilhões. Com a operação, a empresa passou a valer mais que o dobro do que há três anos, quando a Disney se tornou acionista, com fatia de 18% do capital, segundo jornal o Globo.

A Vice, segundo a nota, mantém uma rede internacional de canais digitais; uma faixa de programação semanal e diária em parceria com a HBO; um estúdio de produção de filmes para TV; uma revista; uma gravadora; uma agência de serviços criativos e a recém-lançada rede de TV do canal de assinatura Viceland.