Record, SBT, Rede TV vão receber apenas 60 centavos das operadoras de TV paga

Canais abertos do grupo Simba valem menos do que cana fechado. (Imagem/Divulgação)
A emissoras do grupo Simba, Record, SBT e RedeTV! vão receber apenas 60 centavos por assinante das operadoras Net, Claro TV, Sky e Vivo, de acordo com uma fonte que participou ativamente das negociações. O valor representa apenas 4% dos R$ 15 que as três emissoras, representadas pela Simba, pediram no início de abril pelo licenciamento de seus sinais digitais.

A queda na audiência e a reclamação de anunciantes levaram as três redes a um recuo colossal, encerrando na última sexta-feira (8), com a assinatura de contrato com a Net, uma guerra que durou cinco meses e uma semana. Assim, três das cinco maiores emissoras de TV aberta do país, juntas, valem menos para a TV paga do que canais fechados básicos, como Fox e o Multishow.

Na verdade, a Simba nunca quis receber R$ 15 por assinante. Foi uma estratégia de negociação (pedir mais para fechar por um pouco menos) em um momento em que as emissoras acreditavam que sairiam vencedoras do confronto com as operadoras, porque seus telespectadores clamariam pela volta de seus sinais, cortados na Grande São Paulo e Distrito Federal em 30 de março.

A Simba, no entanto, não esperava receber tão pouco. No melhor cenário, elas queriam arrancar R$ 5,00 por assinante. Foi o que revelou ao Notícias da TV, há dois anos, Amilcare Dallevo Jr., presidente da RedeTV! e um dos sócios da Simba, ao lado de Silvio Santos e Edir Macedo. Pelos seus cálculos, apenas uma das grandes operadoras renderia uma receita de R$ 360 milhões por ano às emissoras, dinheiro que reduziria sua dependência das igrejas evangélicas.

Com acordos na faixa dos 60 centavos, a Simba teria hoje uma receita anual de R$ 130 milhões. É apenas 13% do R$ 1 bilhão que os executivos de Record, SBT e RedeTV! sonhavam. Os 60 centavos estão bem abaixo da proposta de 1 real apresentada no final de maio, quando as negociações, de fato, foram iniciadas.

Mas, mesmo assim, não deixa de ser uma vitória das três emissoras. Elas vão ser remuneradas por um conteúdo que forneciam gratuitamente e que representava quase 20% de audiência do conjunto de todos os canais distribuídos pelo cabo e satélite. Com a geração de R$ 130 milhões por ano, as operadoras terão para elas a mesma relevância dos maiores anunciantes do país.

Os R$ 130 milhões, contudo, ainda vão demorar a cair integralmente nas contas bancárias das emissoras. Elas serão remuneradas apenas pelos assinantes das cidades que já desligaram os sinais analógicos da TV aberta.

Por enquanto, isso só ocorreu nas regiões metropolitanas de São Paulo, Brasília, Goiânia e Recife. Até o final do ano, essa lista terá Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Só ficará completa mesmo no início da próxima década.

Além disso, uma boa parte da receita terá de ser investida na geração de novos programas e canais fechados. É que, pelo compromisso que assumiu com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), em maio do ano passado, um terço da arrecadação com as operadoras deverá ser destinada para o "aprimoramento de conteúdo".

Em maio, quando tirou o banqueiro Marco Gonçalves e colocou Ricardo Miranda, ex-presidente da Sky, na liderança das negociações com as operadoras, a Simba pediu R$ 1,00 pelas três emissoras. Fechou por 60% disso, o que faz Record e SBT valerem menos do que canais pagos integrantes dos pacotes básicos.

Pela lógica da TV por assinatura, a Fox, que detém cerca de 0,7% da audiência de todos os canais, é mais relevante do que a Record e o SBT, que juntas têm 25 vezes mais ibope na TV paga. É que, para ver séries como The Walking Dead, o telespectador só tem o cabo ou satélite. Para assistir o SBT ou a Record, ele pode comprar uma antena receptora de TV aberta (como Silvio Santos sugeriu) e não gastará nada mais.

TV paga ainda mais cara?

Pelo menos a curto prazo, o valor da mensalidade paga pelo assinante não deverá ficar mais cara. Os 60 centavos a serem destinados às emissoras da Simba não terão um impacto significativo nas contas das operadoras.

Esse era o valor que as operadoras estavam dispostas a pagar desde o início da disputa com as emissoras. E essas empresas não irão aumentar as assinaturas em um momento de crise, em que vêm perdendo clientes.

Nada, no entanto, impede que as operadoras repassem seus custos com a Simba para os assinantes. O próprio Cade, durante a análise do processo de joint venture entre Record, SBT e RedeTV!, calculou que a remuneração das três emissoras aumentaria os pacotes em 11%.

A médio e longo prazos, no entanto, o peso no bolso do consumidor poderá ser inevitável. Após o sucesso da Simba, as operadoras deverão sofrer pressão da Globo e da Band. Essas duas emissoras já cobram por seus sinais, mas de forma indireta, juntamente com pacotes de canais pagos.

No mercado, avalia-se que a Globo, se negociar independentemente dos canais da Globosat, poderá obter valores bem maiores. Afinal, sozinha, ela é quase 40% da audiência da TV por assinatura.

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