Um olhar sobre o mundo conta a história das polacas na TV Brasil

(Imagem/Divulgação)
Em São Paulo, no Rio de Janeiro e outras cidades do Brasil, cemitérios esquecidos abrigam o que restou das polacas, judias pobres da Rússia, Galícia e Polônia que, enganadas por falsas promessas de casamentos no país, aportaram aqui no começo do século XIX e acabaram como prostitutas.

O jornalista Moisés Rabinovici em Um olhar sobre o mundo recupera a história desse grupo de mulheres que teve a vida pesquisada por Beatriz Kushnir, diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, e autora de "Baile de Máscaras: Mulheres Judias e Prostituição - As Polacas e suas Associações de Ajuda Mútua". O programa vai ao ar nesta segunda (23), às 21h45, na TV Brasil.

Kushnir explica por que as histórias e até os restos mortais dessas mulheres costumam ser excluídos da história da imigração judaica para o Brasil: "Para as normas religiosas judaicas, os suicidas e as prostitutas devem ser enterrados junto ao muro, num lugar de exclusão, para demarcar uma condenação da religião a tais práticas."

A pesquisadora destaca que essas judias, oriundas de aldeias pobres da Europa Oriental, foram forçadas pelas circunstâncias a se prostituir quando chegaram ao Brasil e se defrontaram com uma realidade muito diferente daquela que sonhavam.

"Eram famílias numerosas e muito pobres. Essas mulheres não tinham um dote e, portanto, não podiam se casar. Elas não dominam as línguas locais e não têm formação para trabalho, então elas tinham que exercer as atividades que eram possíveis, incluindo a prostituição."

Apesar da discriminação, essas judias que se popularizaram com o nome genérico e depreciativo de polacas, faziam o possível para manter suas tradições, segundo Kushnir: "Para fugir disso, as polacas construíram associações de ajuda mútua no mundo inteiro que buscavam manter as tradições judaicas e o enterro digno. No mundo inteiro, elas construíram cemitérios e sinagogas próprias."

Mas essas associações só surgiram através de muito esforço. "As polacas eram do baixo meretrício", explica a convidada que completa. "Elas mandavam dinheiro para Israel e para outros lugares. Mas não eram mulheres de posses. Uma ou outra teve algum sucesso, apenas uma pequena minoria", conta a pesquisadora.

Até hoje, o legado das polacas é visto com desconfiança pela comunidade judaica. De acordo com a autora, "as associações judaicas que cuidam desses cemitérios frequentemente voltam a pressionar para realizar novos enterros neles. Como um rabino me confidenciou, a ideia é que se misturem outros corpos e se apague esse sítio arqueológico."

Mas Kushner defende que a experiência dessas mulheres também contribuiu para a formação de uma identidade complexa dos judeus: "Para mim, as polacas libertam a terceira e quarta geração dos imigrantes, de forma que a gente entenda que identidade judaica é plural. Você não precisa ser um determinado estereótipo do que é ser judeu. Elas são o contra-fluxo. Elas conseguem nos redimir de uma auto-imagem tão rigorosa."

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