Andréa Pachá reflete sobre afeto e justiça no Trilha de Letras desta terça na TV Brasil

Divulgação TV Brasil
O programa Trilha de Letras aborda o impacto da lei no cotidiano das pessoas sob a ótica da juíza e escritora Andréa Pachá que debate a relação entre o afeto e a justiça com Katy Navarro nesta terça (27), às 23h30, na TV Brasil.

A convidada reflete sobre o tribunal como único espaço de diálogo entre casais o que pode concretizar um divórcio ou promover uma reconciliação. Ela conta alguns casos que passaram por suas mãos na vara de família em 25 anos de magistratura.

Para contribuir com a discussão sobre o amor e a lei, o escritor Fabrício Carpinejar reflete sobre a intimidade de um casal. Jornalista, poeta e cronista, o autor gaúcho conta como casos que param na justiça podem inspirar a literatura. Para ele, a ausência de confiança e o excesso de privacidade no celular pode levar a conflitos na vida íntima, especialmente entre casais.

"A dor é o vazio que se instala quando o amor acaba". Esse é o diagnóstico da juíza e escritora Andréa Pachá em suas audiências de separação de casais durante quase 20 anos na vara de família. Essa experiência em diversos casos de conflitos rendeu publicações como os livros "A vida não é justa" (2012), "Segredo de Justiça" (2014) e "Velhos são os outros" (2018).

"Tive um contato quase diário com histórias que precisavam muito mais de um terapeuta ou mediador do que de um juiz com a força da lei", explica a convidada durante o bate-papo no programa literário da emissora pública.

Ela explica como organizou o conteúdo das suas obras. "No primeiro livro, concentrei as histórias das rupturas, dos divórcios e das separações. O segundo traz os conflitos que acontecem nas relações familiares e interpessoais".

Em "Segredo de Justiça", a autora discorre sobre aspectos mais cotidianos que precisam ser definidos. "São questões que aumentam e se gravam quando não se assume que aquele conflito tem uma origem: a incapacidade de lidar com o término de uma relação".

Andréa Pachá destaca como essa dificuldade em aceitar o fim direciona a outros fatores a responsabilidade pelo fracasso como disputa de guarda, pensão alimentícia, alienação parental e guarda compartilhada"

Relações com expectativas e frustrações

Andréa Pachá analisa o dilema dos casais que recorrem aos tribunais para decidir questões da vida a dois. "Quando quem ainda ama vai até a justiça, espera que o juiz restabeleça o amor. E não tem juiz no mundo que possa fazer isso", filosofa a escritora.

"É triste presenciar esse momento porque é uma dor muito profunda. É a desconstrução de tudo que você idealiza de projeto de vida e envelhecer ao lado de uma pessoa. Na hora do divórcio é isso que vem pra cima da mesa", conta a escritora.

Para ela, o diálogo é a melhor solução. "Os casamentos já não duram mais a vida toda. As pessoas têm escolhas e podem reiniciar outras relações, mas a expectativa e a frustração estão muito turbinadas por essa incapacidade de viver amando até o fim", avalia.

A juíza também explica os desafios da divisão de bens. "A ansiedade e a dor se revelam na separação das pequenas coisas. Quem fica com determinado livro autografado para o casal? Ou com aquele objeto que foi comprado pelos dois em um momento de profunda paixão? Qual significado tem para um e para outro? É muito difícil que o amor acabe ao mesmo tempo".

Durante a entrevista, ela também comenta o que a sociedade espera do matrimônio. "Na perspectiva do amor, a justiça é os dois se amarem até que a morte os separe. Essa é a idealização que se faz dos encontros amorosos na nossa sociedade", pondera.

Ao comentar sobre seus livros, Andréa Pachá reflete sobre o título do livro "A vida não é justa", sua primeira publicação. "A justiça que se tem no tribunal é diferente daquela idealizada pelas pessoas. É a justiça das leis e normas", afirma.

Segundo a convidada, as histórias contadas nas suas três obras acompanham as mudanças da sociedade nas últimas décadas. "Existem casos de um tempo que não havia a Lei Maria da Penha e as mulheres não tinham nenhuma proteção em situações de violência doméstica e histórias da época do início do uso da internet, com casos curiosos de traição virtual", recorda.

Na visão de Andréa, a simplicidade dos fatos rotineiros narrados foi o que despertou o interesse do público. "A maioria das histórias não são pitorescas ou excepcionais, são casos muito banais, cotidianos, que acabam criando uma identidade muito grande com o leitor", pontua.

Ela também reflete sobre a subjetividade dos sentimentos que muitas vezes são manifestados na frente dos juízes. "É um lugar interessante para se entender a nossa condição humana. Nós parecemos todos iguais, mas a dor que sentimos é muito subjetiva".

No quadro "Leituras", a produtora Maíra de Assis lê um trecho do livro " De quando éramos iguais ", de Eduardo Sens. O Trilha de Letras abre, ainda, um espaço para novos autores no quadro "Dando a letra" que apresenta nesta edição a obra da escritora Maria Letícia Cordeiro.

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