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Para celebrar os 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, o programa Caminhos da Reportagem inédito, que a TV Brasil leva ao ar neste domingo (10), às 22h, conversa com quatro defensores de direitos humanos no país. Gente que sente na carne, na pele, na cor, no gênero e na classe a falta de garantias fundamentais, e mostra como a luta por esses direitos básicos segue sendo uma das grandes questões do Brasil de hoje.
Emilio Ivo Ulrich, ex-preso político, participa, uma vez por mês, da recepção de visitantes a um antigo prédio em São Paulo. Numa roda de conversa no pátio, o homem de 76 anos recorda as dores que viveu ali, na sede do antigo DOI-CODI, centro de repressão da ditadura brasileira. “A prisão um dia acaba, mas a tortura não sai da cabeça”, destaca Emilio.
A líder comunitária Gleide Farias anda por Porto de Areia, entre as cidades de Carapicuíba e Barueri, comunidade localizada na região metropolitana de São Paulo. Ela luta diariamente pelo básico: moradia, saneamento, segurança, educação e lazer para os moradores.
Já Neon Cunha, ativista trans, luta pelo direito de existir. Conquistou a retificação do nome e do gênero em seus documentos, sem cirurgia e sem laudo médico. A batalha por uma existência digna para pessoas LGBTQIAPN+ é seu propósito de vida.
E o líder indígena Thiago Karai Djekupe e seu povo, os guarani, da Terra Indígena Jaraguá, resistem pelo direito de viver em seu território, dentro do município de São Paulo. O espaço de ocupação indígena histórica é cercado por rodovias, e alvo da cobiça de construtoras e empresas de logística.
Quatro histórias, quatro formas de pensar os (des)caminhos da vida. Para além das diferenças, um pensamento os une: a luta por direitos humanos. Vivências que ajudam a responder à questão: afinal, o que são direitos humanos?
Para um terço da sociedade brasileira, quando falamos em direitos humanos, vale a máxima: “direitos humanos para humanos direitos”. Os dados de uma pesquisa das Nações Unidas também apontam que duas em cada cinco pessoas acreditam que quem menos se beneficia são “as pessoas mais pobres”, e metade dos entrevistados não se sente beneficiada pelos direitos humanos.
Para o psicanalista Christian Dunker, parte do desconhecimento pode ser explicada por uma marca da sociedade e da democracia brasileiras: “é uma dicotomia que persiste desde o nosso passado escravagista, uma dicotomia entre os alguéns e os ninguéns, aqueles que têm onde morar e aqueles que estão no universo da vida sem valor”.
A advogada Silvia Souza se mostra preocupada com os resultados dessa pesquisa. “Nós, que estamos operando direitos humanos, precisamos fazer com que a população brasileira entenda o que significa a promoção dos direitos humanos. Não é só direito para bandido, é para quem precisa. É para todos os seres humanos”, enfatiza.
Por outro lado, o historiador Marcos Tolentino explica que existe um diálogo entre a Declaração de Direitos Humanos e a nossa Constituição: “a Constituição de 1988 é muito avançada nesse sentido de reconhecer uma série de direitos civis que, naquele momento, estavam em discussão no mundo inteiro. A característica principal desse diálogo é essa ideia de buscar uma cidadania que seja universal”.
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