Foto: Divulgação TV Brasil |
A premiada escritora Tatiana Salem Levy é a convidada do programa Trilha de Letras na edição inédita desta quarta (26), às 23h. A entrevistada aborda seu novo livro, "Melhor não contar" (2024), que revela uma série de abusos sexuais sofridos pela autora desde a infância, dentro da própria casa.
Radicada em Portugal, Tatiana veio ao Brasil para lançar a obra. A conversa exclusiva com a apresentadora Eliana Alves Cruz é exibida na TV Brasil e tem uma versão na Rádio MEC no mesmo dia e horário.No programa, a escritora lê um trecho da publicação.
O Trilha de Letras também pode ser acessado em formato podcast nas plataformas digitais. A produção gravada na BiblioMaison também fica disponível no app TV Brasil Play e no canal do YouTube da emissora pública.
Assédio e aborto em pauta na literatura
Numa linguagem sensível e visceral, a trama da obra "Melhor não contar" destaca a relação entre a mãe, também vítima de violência sexual, e a filha, que anos depois, precisa recorrer a um aborto para ter a chance de seguir adiante.
"O assédio te coloca em um lugar muito solitário em um lugar que mistura corpo e subjetividade. Tudo passa pelo corpo e na mulher isso fica muito acentuado. Depois isso aparece muito na solidão do aborto", pontua a escritora sobre esse conteúdo íntimo e pessoal.
Tatiana Salem Levy fala sobre a intensidade desse texto. "A força da narrativa que não é a do herói que foi caçado, mas justamente das coisas que a gente contava para os diários, desses pequenos segredos, que na verdade constituem a vida, encontrar essa voz", ressalta a autora.
No papo do Trilha de Letras, a convidada explica que, ao relatar os estupros ao longo da vida, ouviu diversas vezes, como conselho, a frase que dá título à publicação. Tatiana Salem Levy também percebeu o distanciamento de amigos que tomaram conhecimento da sua história.
Ela abre o coração e emociona o público ao abordar uma vida inteira de solidão e silêncio que só a prosa franca é capaz de quebrar. "Eu não conheço nenhuma mulher da minha geração que não tenha passado por nenhum tipo de assédio", afirma a escritora de 45 anos na produção literária da emissora pública.
Também com elementos autobiográficos, o primeiro romance "A Chave de Casa" (2007) garantiu o Prêmio São Paulo na categoria Melhor Livro de Autor Estreante à escritora que também foi finalista do Prêmio Jabuti. Entre outras, ela ainda escreveu a elogiada obra "Vista Chinesa" (2021).
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