'Operação Prato' traz relatos surpreendentes de sobreviventes do fenômeno chupa-chupa, um dos maiores casos ufológicos do Brasil

Foto: Divulgação

Em 1977, na região de Colares, no interior do estado do Pará, moradores relatavam avistamentos de estranhas luzes no céu, um fenômeno supostamente capaz de sugar o sangue das pessoas. Em plena Guerra Fria e ditadura militar, a repercussão do tema ganhou a atenção da Força Aérea Brasileira (FAB), que deu início à Operação Prato no Brasil focada em investigar uma série de relatos das vítimas e objetos voadores não identificados (OVNIs). Até hoje, o caso é cercado de mistério e carrega inúmeras teorias da conspiração. Com base no relatório desenvolvido pela aeronáutica, 'Operação Prato' é o mais novo podcast da Globo e estreia nesta terça (24). O projeto investigativo em áudio apresenta a pesquisa mais profunda já feita sobre o assunto. Disponível na globo.com/podcasts e nas plataformas de áudio, a série é idealizada e apresentada por Andrei Fernandes e conta com a direção de Ivan Mizanzuk. 
 
Considerado um dos episódios mais intrigantes da ufologia no Brasil, os primeiros casos foram registrados no Maranhão, mas o ápice se deu no Pará, nos municípios de Belém e Colares. “Naquela época, as pessoas começaram a pedir ajuda das autoridades e, a partir daí, os militares da aeronáutica entraram no caso com o A2, que é um serviço de inteligência. A operação durou pouco tempo e, na década de 80, os militares que participaram da ação começaram a vazar informações para ufólogos, o que reacendeu o caso na mídia”, explica o apresentador. 
 
A produção do podcast ganhou corpo em novembro de 2023 e conta com o olhar e participação do entusiasta Heitor Costa, pesquisador que mergulha nos relatórios há mais de dez anos. “Ele faz análises profundas e consegue apontar com exatidão qualquer inconsistência apresentada nos materiais”, explica Ivan. “Estamos fazendo um trabalho de jornalismo investigativo que muitos ufólogos já conhecem, mas com abordagens que nunca foram trazidas antes”, completa Andrei. 
 
Entre os entrevistados, estão nomes como Daniel Gevaerd, filho do ufólogo brasileiro Ademar José Gevaerd; Marco Petit, escritor e ufólogo; Daniel Rebisso, pesquisador e autor do primeiro livro sobre o tema ‘Vampiros extraterrestres na Amazônia’; e Carlos Mendes, um dos jornalistas da época que cobriu o caso. “No total, foram mais de 30 entrevistas. Conversamos com jornalistas, pesquisadores e familiares dos militares da aeronáutica. Além disso, realizamos diversas entrevistas com as vítimas, pessoas que nunca haviam sido ouvidas e outras que decidiram falar novamente sobre a situação 50 anos depois”, pontua o idealizador. 
 
O primeiro episódio inicia contando como uma ‘luz’ seria capaz de sugar o sangue das pessoas, fenômeno que ficou conhecido no país como ‘chupa-chupa’. Uma situação que gerou pânico em municípios isolados do interior do Pará. Mas o que era exatamente esse objeto que deixava marcas de queimaduras no corpo das vítimas e em outras gerava uma anemia profunda? Essa e outras questões são abordadas na série em áudio, que reconstrói os fatos a partir de depoimentos de quem viveu diretamente o acontecimento. “Cada pessoa apresentava um sintoma diferente, partes especificas de homens e mulheres eram atacadas, alguns ficavam de cama por semanas e outros não resistiam ao ocorrido’, relata o diretor do podcast. 
 
Para Ivan, esse é um dos casos mais interessantes da ufologia mundial. “Por meses, pessoas estavam sendo atacadas por luzes que vinham do céu no interior do Pará. Era algo tão recorrente que militares aeronáuticos foram para lá e fizeram o relatório. Apesar de tratarmos de questões ufológicas, o podcast não se trata de um projeto de ufologia. O nosso foco é contar como a ‘Operação Prato’ ficou conhecida, seus mistérios, personagens icônicos e toda a mitologia em volta do caso”, completa Mizanzuk.   
 
Disponível na globo.com/podcasts e nas plataformas de áudio, ‘Operação Prato’ tem 10 episódios, com novas publicações às terças-feiras. Produzido pela Paratopia, é idealizado e apresentado por Andrei Fernandes e dirigido por Ivan Mizanzuk. Para ouvir o primeiro episódio, clique aqui.   
 
Entrevista com Andrei Fernandes, idealizador e apresentador do podcast, e Ivan Mizanzuk, diretor de ‘Operação Prato: 
 
1 - O que mais te surpreendeu durante a produção do podcast? 
Andrei Fernandes: Falar com as vítimas foi o que mais me surpreendeu. Conseguimos entrevistar pessoas inéditas, que nunca tiveram a oportunidade de serem ouvidas antes, como crianças que aparecem em algumas das histórias. Fomos até às regiões que ocorreram os casos e os locais são extremamente intimidadores, tem uma energia diferente.   
 
2 – Quais são os principais diferenciais do podcast em relação ao que já foi noticiado sobre o caso? 
Ivan Mizanzuk: Temos vários vídeos, podcasts e materiais sobre o tema, mas eles sempre contam a mesma história e raramente citam fontes exatas. No Operação Prato, nos aprofundamos na investigação. Contamos o porquê o relatório foi vazado, a primeira publicação sobre o assunto, abordamos como o ‘mito Operação Prato’ se forma e quais foram os protagonistas que nunca levaram crédito nessa história.   
 
3 – Qual é a sua relação com o caso e como foi estar à frente desse projeto? 
Andrei Fernandes: Sempre gostei de trabalhar com esse tipo de temática. Em ‘Operação Prato’, conseguimos reproduzir uma espécie de ‘True Weird’, que são histórias verdadeiramente estranhas. Porém, essa é a primeira vez que estou fazendo uma pesquisa mais séria e profunda sobre um caso que marcou gerações. 
 
4 – No aspecto físico, quais sequelas essas pessoas carregam até hoje? 
Ivan Mizanzuk: As vítimas carregam uma dor profunda nas suas histórias. Apesar de muitas não se conhecerem, têm relatos parecidos e sofreram sequelas similares: anemia (causada possivelmente pela perda de sangue), coma e transtornos psicológicos.

Anderson Ramos

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