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Canuto concedeu entrevista remota às âncoras Carol Nogueira e Débora Nascimento, da CNN Brasil Foto: Divulgação/CNN Brasil |
A China se prepara para viver sem o mercado norte-americano desde a imposição de tarifas por parte dos EUA e mudará o perfil de sua cadeia produtiva na busca por novos mercados, inclusive o brasileiro, para escoar o excedente de sua indústria manufatureira. A análise é do economista e ex-diretor do FMI (Fundo Monetário Internacional) Otaviano Canuto, que concedeu entrevista à CNN Brasil (cnnbrasil.com.br).
A mudança de rota gera apreensão a industriais brasileiros e europeus, que correm para articular altas nas tarifas em seus países, diz. ''A própria Apple tem deslocado capacidade de produção da China para a Índia. O fato é que os chineses sabem que, bilateralmente, não poderão mais depender dos EUA'', afirma. ''A questão é justamente como a China vai se adaptar''.
Nessa queda de braço, o Brasil deve buscar independência e não se alinhar de maneira inequívoca com nenhum dos dois países. “Deve, sim, buscar a multiplicidade de conexões de participação de diferentes fluxos, ganhar com a diversidade e estender ao máximo possível essa autonomia e independência”, explica.
Para o economista, o anúncio do governo chinês de que demandaria os EUA na OMC (Organização Mundial do Comércio) por práticas desleais será apenas simbólico. ''Um aspecto importante do trabalho da OMC é o tribunal de apelações, que depende de nomeações dos EUA. Há muito tempo, até mesmo antes [da posse do presidente Donald] Trump, os norte-americanos não têm nomeado juízes. Sem esse tribunal, a capacidade da OMC está derrubada''.
A entrevista vai ao ar neste sábado (19), às 21h.
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