"O motel é um prisma das normas e das práticas sexuais e emocionais do país", afirma diretora Rachel Daisy Ellis

Foto: Divulgação

O documentário EROS chega aos cinemas em 12 de junho, em pleno Dia dos Namorados, propondo ao público reflexões muito profundas sobre as relações de afeto e desejo – e tudo isso a partir dos moteis. Nas mãos da diretora Rachel Daisy Ellis (''Mini Miss''), estes estabelecimentos viram cenário e objeto de pesquisa, conforme ela convida pessoas de diferentes partes do país para registrar uma noite em uma dessas suítes.

Há uma razão elementar para que a cineasta tenha centralizado sua investigação sobre a intimidade nos moteis: ''eles são um prisma das normas e das práticas sexuais e emocionais do país e evidenciam a maneira como as pessoas percebem, perpetuam e desafiam os estereótipos e (pre)conceitos sobre sexo, sexualidade e gênero'', explica Ellis. ''Eles estão associados à transgressão erótica, mas também ao amor romântico. Contribuem para a maneira como as pessoas se relacionam com o amor, a intimidade, a sexualidade e o corpo, mas também revelam algo da nossa relação com o consumo, o gênero e a estética. O motel representa tudo isso.''

Trata-se, afinal de contas, da maior instituição de sexo do país, como as pesquisas da cineasta corroboraram ao longo da produção do documentário. E como tal, sua presença na paisagem urbana das cidades brasileiras, com seus letreiros luminosos e entradas chamativas, é inquestionável. Quer dizer, o motel, como o sexo, é parte do cotidiano das pessoas – o que, curiosamente, também o torna alvo de tabus.

Diante de tantos simbolismos atrelados a estes estabelecimentos, era de se esperar que o motel tivesse uma representação mais recorrente no audiovisual brasileiro. Contudo, o que Ellis notou é que EROS é mais exceção do que regra. ''Os registros de moteis que existem em telenovelas e em filmes foram muito estereotipados, e nunca apontaram para a complexidade de seus usos'', lembra a cineasta, que celebra a oportunidade de jogar luz a mais este tema com seu filme.

''Sempre tive consciência de que nunca daria conta desse imaginário e nem do que há além dele. A ideia de EROS era refletir sobre o motel na condição de instituição de massa, mas também ser ‘a partir do’ motel. O motel me permitiu adentrar conversas e reflexões sobre as relações e a intimidade'', afirma.

Depois de passar por importantes festivais, como o CPH:DOX, Mostra de Cinema de Tiradentes, Queer Lisboa, Porn Film Festival e Janela Internacional de Cinema, EROS estreia nos cinemas brasileiros em 12 de junho, com distribuição da Fistaile.

Anderson Ramos

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