![]() |
| Foto: Globo/Divulgação |
Em um cenário urbano cada vez mais acelerado, a saúde mental tornou-se uma preocupação central para quem vive nas grandes metrópoles. O excesso de estímulos, a pressão por produtividade, o trânsito intenso e a falta de tempo para lazer e autocuidado têm contribuído para o aumento dos casos de estresse, ansiedade e esgotamento emocional. A partir desta segunda-feira, 7 de julho, o 'SP1' exibe uma série especial de reportagens que investiga como a vida na maior cidade do país impacta o bem-estar emocional de seus habitantes. A produção ouve moradores, trabalhadores e especialistas que enfrentam o desafio de preservar a saúde mental no cotidiano.
''O que me chamou a atenção foi perceber como o tema está presente nas conversas. Foi fácil encontrar pessoas dispostas a falar sobre suas experiências. Um assunto que antes era tabu, especialmente no ambiente de trabalho, hoje é reconhecido como essencial. Queremos esclarecer mitos, estimular a autocrítica e incentivar a busca por ajuda especializada quando necessário'', afirma o repórter Fabrício Lobel, que conduz a série.
Dados recentes acendem um alerta: em 2024, uma pessoa foi atendida por crise de ansiedade a cada dois minutos e meio no estado de São Paulo — um aumento de 400% nos últimos cinco anos, segundo órgãos de saúde. A série explica como essas crises afetam o organismo e quais são os sinais de alerta.
O psiquiatra Rodrigo Simonini Delfino, da Universidade Federal de São Paulo, destaca que fatores urbanos estão diretamente ligados ao risco de transtornos mentais. “As taxas de depressão e ansiedade são mais altas em grandes centros. Mesmo pessoas sem predisposição biológica podem desenvolver transtornos, dependendo do nível de estresse a que estão expostas. Por isso, é fundamental reconhecer os limites entre o equilíbrio e o adoecimento mental”, explica.
Especialistas apontam três pilares essenciais para a saúde mental: qualidade do sono, prática regular de atividade física e manutenção de vínculos sociais. Curiosamente, a mesma cidade que impõe um ritmo acelerado também oferece recursos para promover o bem-estar. São Paulo conta com uma ampla rede de parques, centros esportivos, espaços culturais e iniciativas de convivência. ''Temos bons parques e oportunidades de conexão social. Há aspectos positivos na cidade'', comenta o publicitário Matheus Noronha.
A série também aborda a saúde mental entre os jovens. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE/IBGE), 3,8% das meninas e 4,2% dos meninos disseram não ter amigos próximos. Além disso, 8% dos meninos relataram percepção negativa sobre sua saúde mental — índice que mais que triplica entre as meninas. A aparência corporal foi apontada como principal motivo de bullying, e quase um terço das meninas afirmou sentir que a vida não vale a pena.
Em uma escola da Zona Sul de São Paulo, o desenvolvimento de habilidades emocionais tem sido prioridade. Projetos pedagógicos voltados ao tema já fazem parte da rotina de muitas instituições. ''Percebemos que, diante de pequenos conflitos, as crianças choravam muito e não sabiam como resolver. Foi aí que vimos a necessidade de olhar com mais atenção para a saúde mental delas'', relata a coordenadora pedagógica Márcia Maria Gaudêncio de Medeiros.
A crise também afeta o mundo do trabalho. Em 2024, quase meio milhão de afastamentos por transtornos mentais foram registrados no país — o maior número em pelo menos uma década, segundo o Ministério da Previdência Social. Na capital, dados da Secretaria Municipal da Saúde, mostram que, de janeiro a julho deste ano, foram registrados 133 casos de transtornos mentais relacionados ao trabalho, sendo 38 de burnout. E esse estado de esgotamento físico, emocional e mental tem feito muita gente ser afastada pelo INSS. A série mostra iniciativas de empresas que buscam promover o bem-estar no ambiente corporativo.
As reportagens vão ao ar nos dias 7, 8 e 9 de julho, no 'SP1', para a Região Metropolitana de São Paulo.
Tags:
Programação
