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| Foto: Produtora Brasileira/Divulgação |
O quinto episódio inédito do seriado independente Chefs do Brasil mostra a importância da memória afetiva na gastronomia. O programa apresentado por Paulo Vitale na telinha da TV Brasil destaca a jornada profissional da chef Viviane Gonçalves neste sábado (2), às 12h30. A obra fica disponível no app TV Brasil Play.
Durante a entrevista, a convidada conta que a base de sua formação culinária está nas reuniões familiares e na doçaria da avó. Na produção documental, ela conta que a cozinha se torna sua forma de existir no mundo, com uma estética autoral e leve.
Ao longo da atração, Viviane Gonçalves compartilha sua resistência à superficialidade e ao modismo. A chef reafirma seu compromisso com o aprendizado contínuo, a valorização da equipe e a construção de um restaurante com identidade própria.
Referências familiares
A reconhecida profissional resgata as origens. "Essa história da gastronomia em família ficou nas minhas veias, no meu DNA. Tenho uma referência muito poética com isso. A comida foi permeando a minha vida. Foi uma maneira que eu descobri de sobreviver e conhecer o mundo", recorda a chef Viviane Gonçalves que completa. "Nunca pensei em ser chef de cozinha. Eu tinha certeza que seria arquiteta", diz.
Ela conta a reação dos parentes com sua decisão de seguir essa carreira. "Nem todo mundo ficou feliz. Falo de uma época que não era glamour estar numa cozinha no Brasil. Sou caipira, de São José dos Campos. Minha mãe chorou quando ficou sabendo. Ela queria que eu fosse qualquer outra coisa, menos cozinheira. Hoje, ela me admira", afirma a convidada.
A chef Viviane Gonçalves pondera sobre o mercado de trabalho no setor. "Esse 'boom' da gastronomia trouxe o respeito que é um paradoxo também porque existe o abuso. Além de cozinhar, é preciso tratar bem as pessoas, principalmente aquelas que estão nos bastidores do dia a dia, a sua equipe, os cozinheiros de fato. Todo mundo quer ser chef, mas quem faz o restaurante são os cozinheiros", enfatiza.
A entrevistada reflete sobre a carreira no ambiente gastronômico. "Tenho muito orgulho da minha trajetória. Fiquei muitos anos aprendendo. Aliás, todos os dias eu aprendo para ver se a gente está no caminho certo. Tento fugir da zona de conforto. Ela é perigosíssima, petrifica", afirma a profissional.
Vivência na China
A série apresentada pela TV Brasil ainda destaca a experiência internacional da chef no continente asiático. "Fui convidada pra ser cozinheira em Pequim. Meu amigo me chamou para montar um restaurante, mas eu não tinha dinheiro para ser sócia", lembra.
Viviane Gonçalves rememora sua passagem de quatro anos pela China. "Eu adorava andar pelas ruas. Pequim era muito plana quando eu cheguei lá em 2004. Era a cidade da bicicleta ainda. O caminhar me tira desse mundo individualista. Faz a gente olhar o outro", sugere.
Ela destaca como aquele projeto a transformou. "Não tinha comida ocidental. Você pagava 250 dólares num 'steak' ou comia comida chinesa. Quem fazia comida ocidental era na lógica capitalista, sem amor. Cheguei com 36 anos em Pequim no auge de potência e de acreditar no que estava fazendo. E aí tudo aconteceu. Tudo fluiu. Era tanta garra... Os olhos brilhavam constantemente", celebra.
A chef destaca esse período de muita intensidade com o trabalho no exterior e relata que não se permite ficar estagnada. "Essa coisa de mudar muito às vezes incomoda quem está do meu lado. A magia é o diário. O que eu faço na cozinha é teatro", sintetiza.
A produção em cartaz na telinha da emissora pública mostra pratos preparados pela artista da cozinha. O seriado inédito traz receitas autorais que a chef Viviane Gonçalves destaca em seu cardápio como costela suína assada com mel e pimenta sichuan, tubérculos ao fogo e brócolis salteados; polenta assada com rúcula salteada e brócolis de queijo tulha; pato confitado e mil folhas de batata e polvo finalizado na panela de ferro com caldo.
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