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| Foto: CNN Brasil |
O ex-árbitro e comentarista de arbitragem Sálvio Spínola é o convidado do CNN Esportes S/A deste domingo (2). Em uma entrevista franca, Sálvio faz uma análise profunda sobre o cenário atual da arbitragem no Brasil, aponta falhas estruturais no modelo de formação dos árbitros e defende a necessidade urgente de profissionalização na categoria.
''O futebol brasileiro é o único do mundo em que a confederação não forma árbitros. São 27 escolas diferentes, cada uma com seu modelo. Isso precisava mudar desde 2003 e estamos em 2025 sem avanço'', afirmou. O ex-árbitro também criticou a falta de padronização na capacitação dos profissionais e classificou a atual geração como ''árbitros de laboratório'', que buscam a arbitragem como fonte de renda complementar.
Ao analisar o uso da tecnologia, Spínola foi enfático: ''A função do VAR não é apitar o jogo. É para corrigir o que o olho humano não vê, não para substituir o árbitro de campo. O árbitro precisa ter personalidade para tomar decisões.'' Ele também destacou que, embora reconheça falhas técnicas, não vê desonestidade na arbitragem brasileira: ''É lógico que você pode ter laranja podre (...) Eu na arbitragem nunca tive consulta de ninguém, nunca fui procurado por ninguém. (...) E todas as pessoas que eu convivi, a maioria que eu convivi do mundo da arbitragem, são pessoas guerreiras querendo um lugar ao sol, querendo trabalhar, querendo buscar um espaço''.
Durante o programa, Sálvio também comenta episódios recentes e polêmicos do futebol brasileiro, como a não expulsão do zagueiro Gustavo Gómez em partida do Palmeiras. Para ele, o lance foi emblemático das falhas de interpretação e aplicação da regra: ''Não tem um no mundo que pensa diferente do que o cartão vermelho para o Gustavo Gomes. Não tem um. Unanimidade, isso é para cartão vermelho. E aí o árbitro, que é FIFA internacional, justificar que primeiro o jogador do Palmeiras toca na bola e depois atinge, ele é desconhecido da regra, porque o que que a regra fala? Forma, local onde atinge e força. Tinha todos os requisitos. A forma, sola da chuteira, o local acima do tornozelo e a força tinha. Requisito de cartão vermelho. Não se desculpa. É brigar com a imagem.''
Em outro momento, o ex-árbitro reforça que a condução da partida foi equivocada desde o início: ''Não expulsar o Gustavo Gomes que dá uma entrada daquela, aí não é só erro. A arbitragem durante os 90 minutos. Ele não conseguiu conduzir o jogo, não conseguiu dialogar com os jogadores. Ele marca um pênalti que tá claro que o VAR confirmou, e não consegue tirar o jogador de dentro da área, que estão lá reclamando. Isso é uma arbitragem ruim.''
Durante o programa, o comentarista ainda relembrou os desafios de ter vivido uma jornada dupla entre o apito e o mundo corporativo. ''A vida que eu tive como árbitro e trabalhando em empresas, eu não desejo para ninguém. Em 2025, ainda ser esse modelo é inaceitável'', disse.
Para Sálvio, a profissionalização da arbitragem é o caminho para reduzir erros e elevar o nível do futebol nacional. ''Uma segurança jurídica e financeira. É isso que tem que acontecer. A grande diferença, o que acontece nos países que a arbitragem é profissional e aqui não, é que lá o árbitro se dedica ao futebol. Na hora vaga, ele tem uma outra atividade. Todo o árbitro na Inglaterra, na Argentina, no México, ele tem uma outra atividade, mas o principal é o futebol'', destacou.
O CNN Esportes S/A vai ao ar neste domingo (2), às 21h15 (horário de Brasília), na CNN Brasil e no YouTube do CNN Esportes.
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