Documentário inédito 'Paraíso' investiga legado da sociedade escravocrata inspirada na obra de Gilberto Freyre

Produção original do Curta!, filme debate o racismo estrutural brasileiro (Crédito: Divulgação/Curta!)

O livro ''Casa Grande e Senzala'', de Gilberto Freyre, lançado em 1933, é analisado até hoje. O estudo se tornou, entre críticas e elogios, referência na compreensão da formação da sociedade brasileira e, especialmente, de suas relações raciais. Em ''Paraíso'', documentário inédito que estreia com exclusividade no Curta!, a obra é a base para entender os efeitos duradouros e consequências da sociedade latifundiária, escravocrata e patriarcal brasileira.
 
O longa é uma produção original do Curta!, viabilizada através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) para estreia no canal. Com direção de Ana Rieper, a produção é da Paladina Filmes, com narração da atriz Elisa Lucinda. Com imagens de arquivo, depoimentos inéditos e trechos do livro de Freyre, o documentário discute o mito da democracia racial com uma narrativa artística que liga o presente ao passado.
 
Num país de contrastes e símbolos bem marcantes, o documentário usa imagens de arquivos que sobrepõem a elegância de eventos sociais em locais como o Copacabana Palace, com o caos urbano, como as batidas policiais nos ônibus que deixam a praia, a poucos metros do hotel. Dos desfiles de moda à vigilância policial, a obra revela como a sociedade tenta mascarar suas contradições.
 
''A família, não o indivíduo nem tampouco o Estado, nem nenhuma companhia de comércio, é desde o século XVI o grande fator colonizador no Brasil. A força social que se desdobra em política constituindo-se na aristocracia colonial mais poderosa da América'', analisa Gilberto Freyre no livro.
 
Intercalando trechos do livro com depoimentos de trabalhadores, que relatam suas histórias e desafios, o filme debate temas como latifúndio, exploração, conflitos rurais, classe social e escravidão.
 
''Três horas da manhã tem de sair para trabalhar por 45 reais. Será que é justo? Isso é um escravo. Não fornecem equipamento, nada, nem comida, que a gente leva de casa. E indígenas como nós ficamos acuados, vamos fazer o que? Quem olha por nós?'', questiona um trabalhador indígena.
 
As teorias de Freyre se tornaram base de muitos estudos e o mito da democracia racial se consolidou. Diante dos códigos sociais e estéticos que preservam as estruturas de classe e raça no país, a ideia da harmonia racial mascarou violências e preconceitos que seguem marcando a sociedade brasileira.
 
''As diferentes experiências de liberdade também foram atravessadas por uma diferente condição que marcou nossa história desde muito cedo: a miscigenação. Não estamos falando do Brasil brasileiro cantado nos versos de Ary Barroso. Era uma mestiçagem originada em uma sociedade patriarcal e escravocrata onde violência sexual contra mulheres negras e indígenas eram frequentes, constituindo mais uma forma de dominação'', enfatizou Freyre.

''Paraíso'' é uma produção da Paladina Filmes, viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). O documentário pode ser visto no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma. A estreia é no dia temático Sextas de História & Sociedade, 28 de novembro, às 21h30.

Documentário é baseado no livro de Fanon “Os Condenados da Terra” (Crédito: Divulgação/Curta!)

Segunda parte do documentário 'Frantz Fanon: Sobre a Violência' aborda desafios contemporâneos e novos caminhos
 
Muitas das discussões, desafios e problemas globais contemporâneos foram antecipados por Frantz Fanon. Em seu marcante livro ''Os Condenados da Terra'' (1961), o intelectual fez um extenso estudo sobre o colonialismo, e seus pensamentos são destacados na segunda parte do documentário ''Frantz Fanon: Sobre a Violência'', que estreia com exclusividade no Curta!.
 
No filme de Göran Hugo Olsson, narrado por Ms. Lauryn Hill, imagens duras que mostram o cotidiano de violências nas antigas colônias europeias na África são combinadas com os textos de Fanon. Na segunda parte do filme, as estruturas de poder que submetem os povos nativos a condições degradantes são detalhadas, apresentando caminhos para criar perspectivas revolucionárias.
 
Se atualmente temas como justiça climática e superexploração da natureza estão em voga, o livro de Fanon, publicado há meio século, contribui com análises relevantes. Ao registrar técnicas de extração que rasgam as terras africanas, o documentário mostra como o colonizador explora a força de trabalho estrangeiro e suas riquezas naturais para enriquecer a metrópole.
 
''O opressor inicia o processo de dominação, de exploração e de roubo. Em outra esfera, a criatura retorcida e espoliada, que é o nativo, abastece o processo ao máximo. O processo segue ininterruptamente, dos bancos do território colonial aos palácios e às docas da pátria-mãe'', denuncia Fanon.

O documentário exibe imagens das lutas pela independência na África. Ao acompanhar as táticas e ideais como os da Frente de Libertação de Moçambique, a produção aborda as teorias de Fanon sobre o uso das forças simbólicas e militares para oprimir a população local. Enquanto as tropas portuguesas destroem plantações para causar fome, sobrevoam os territórios com aviões de bombardeamento, estratégia não só para destruir infraestruturas, mas para desmobilizar as forças independentistas.

''Decidimos ir mato adentro porque vimos as ações do colonialismo. São 500 anos de escravidão. Pedimos pacificamente pela independência, mas eles não se importaram, nos massacram'', depõe uma guerrilheira moçambicana.

Imagens da guerra de independência da Guiné-Bissau reforçam o horror. Para Fanon, presos e violentados em suas próprias terras, resta à população o uso da força para se livrarem do complexo de inferioridade e restaurarem o amor-próprio. Para o humanista, o caminho para a libertação passa por novos caminhos que não repitam os fracassos do capitalismo europeu.

''A condição humana, os planos para a humanidade e a colaboração entre os povos nessas tarefas que aumentam a totalidade da humanidade são problemas novos, que demandam invenções verdadeiras. Vamos combinar nossos músculos e cérebros em uma nova direção. Vamos tentar criar o ser humano no todo, o qual a Europa foi incapaz de fazer nascer de forma triunfante'', defende.
 
''Frantz Fanon: Sobre a Violência'' é uma produção da Final Cut for Real e Helsinki Filmi. O filme também pode ser visto no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn.com.br). A estreia da segunda parte é no dia temático Quintas do Pensamento, 27 de novembro, às 22h.

Segunda da Música – 24/11

22h - ''Blitz'' (Documentário)

O documentário apresenta a história da primeira banda consagrada do pop-rock brasileiro, a Blitz. O longa-metragem explora seu surgimento na lona do Circo Voador entre Ipanema e Copacabana, na década de 1980, até às turnês internacionais e o enorme sucesso do grupo ainda nos dias atuais. Direção: Paulo Fontenelle Duração: 104 min Classificação: 12 anos Horários Alternativos: 

Terças das Artes - 25/11

18h - Raiz: Arte Afro-Brasileira Contemporânea (Série) Episódio: Renata Felinto: Dançando na Terra Que Pisa - INÉDITO E EXCLUSIVO

Série com curadoria da artista Rosana Paulino revela a surpreendente trajetória de 20 artistas afrodescendentes brasileiros que, com trabalhos ousados, provocadores, vigorosos e belos, trazem novas abordagens para questões como racismo, desigualdade, sexualidade, religiosidade, brasilidade e a própria arte.

A afirmação de uma identidade negra na cidade de São Paulo e a descoberta de um outro modo de ver o país a partir do sertão do Ceará. Direção: Fabiano Maciel Duração: 14 min Classificação: Livre Horários Alternativos: dia 05 de novembro, às 04h e às 12h; dia 06 de novembro, às 06h; dia 08 de novembro, às 19h; dia 09 de novembro, às 11h30.

20h30– ''Niemeyer - A Vida é Um Sopro'' (Documentário)

Um filme que se pauta na poética das formas de Oscar Niemeyer para reconstruir a história do maior ícone da arquitetura moderna brasileira. Uma trajetória indissociavelmente ligada às transformações do país no século XX. No documentário, o arquiteto conta de forma descontraída como concebeu seus principais projetos. Mostra como revolucionou a arquitetura moderna, com a introdução da linha curva e a exploração de novas possibilidades de utilização do concreto armado. Fala também sobre sua vida, seu ideal de uma sociedade mais justa e de questões metafísicas, como a insignificância do homem diante do universo. O filme é costurado por imagens de arquivo inéditas e raras, e por depoimentos de personalidades como os escritores José Saramago, Eduardo Galeano e Carlos Heitor Cony, o poeta Ferreira Gullar, o historiador Eric Hobsbawn, o cineasta Nelson Pereira dos Santos, o ex-presidente de Portugal Mário Soares e o compositor Chico Buarque. Direção: Fabiano Maciel Duração: 90 min Classificação: Livre Horários alternativos: dia 26 de novembro, às 00h35 e às 14h35; dia 27 de novembro, às 08h35; dia 29 de novembro, às 09h45; dia 01 de dezembro, às 01h

Quarta de Cena & Cinema – 26/11

22h30 - ''Danças Negras'' (Documentário)

O documentário é composto por depoimentos de artistas e acadêmicos como o professor Kabengele Munanga, que discutem a existência e a presença da cultura negra na contemporaneidade. A obra trilha caminhos poéticos fundamentados na ancestralidade, nas memórias marcadas em corpos que dançam histórias, movimentações estéticas, políticas e sonoras, oriundas das diásporas africanas no Brasil e outros desdobramentos urbanos embricados pela transculturalidade. Conta, ainda, com depoimentos de importantes personagens das artes, que discutem a presença da cultura negra na contemporaneidade, bem como os diversos paradoxos encontrados no ambiente de uma sociedade marcada por uma tradição racista e escravocrata. Direção: João Nascimento e Firmino Pitanga. Duração: 72 min. Classificação: 12 anos.

Quintas do Pensamento– 27/11

22h - ''Frantz Fanon: Sobre a Violência'' (Documentário) Segunda Parte - EXCLUSIVO

Arquivos inéditos da luta pela libertação colonial, entrelaçados a trechos de "Os Condenados da Terra", de Frantz Fanon. Mais de 50 anos após sua publicação, a obra permanece essencial para compreender o colonialismo contemporâneo, sua violência e as resistências que desperta. Direção: Göran Hugo Olsson Duração: 44 min. Classificação: 14 anos Horários Alternativos: dia 28 de novembro, às 02h e às 16h; dia 29 de novembro, às 15h; dia 30 de novembro, às 21h; dia 01 de dezembro, às 10h.

Sextas de História & Sociedade – 28/11

21h30 - ''Paraíso'' (Documentário) - INÉDITO E EXCLUSIVO

"Paraíso" é um documentário que trata da herança colonial no Brasil contemporâneo. O filme se estrutura a partir de três elementos centrais – a escravidão, o latifúndio e a família patriarcal. Sua narrativa musical se desenvolve através de imagens da sociedade brasileira atual e de leituras em off de textos relacionados aos tempos do Brasil Colônia. Direção: Ana Rieper Duração: 80min Classificação: 12 anos Horários Alternativos: dia 28 de novembro, às 21h30; dia 29 de novembro, às 01h30 e às 16h30; dia 30 de novembro, às 22h; dia 01 de dezembro, às 15h30; dia 02 de dezembro, às 09h30

Sábado - 29/11

21h– ''Filmes que Marcaram Época'' (Série) - Episódio: ''120 Batimentos por Minuto''

No início da década de 1990, observando a indiferença do poder público com a epidemia de AIDS, os ativistas da Act Up inventaram um estilo de ação espectacular e provocador. Este documentário mostra como o filme ''120 Batimentos por Minuto'' entrelaçou a realidade histórica, o romance e as memórias pessoais do seu diretor, Robin Campillo. Direção: Manuelle Blanc. Duração: 52 min. Classificação: 16 anos.

Domingo- 30/11

19h20– ''Adriana Varejão - Entre Carnes e Mares'' (Documentário)

Uma imersão na obra e no processo criativo de uma das mais destacadas artistas plásticas do cenário contemporâneo mundial, a carioca Adriana Varejão, é o mote deste documentário da produtora Conspiração. Dirigido por Andrucha Waddington (''Eu Tu Eles'', ''Casa de Areia'') e Pedro Buarque (produtor de ''Dois Filhos de Francisco'', ''Casa de Areia''), o longa traz a própria artista e especialistas em arte falando sobre o trabalho dela, que está presente nas coleções de alguns dos principais museus do mundo, como o Guggenheim e o Metropolitan, em Nova York, o Stedelijk, em Amsterdã, a Fundação Cartier, em Paris, e a Tate Modern, em Londres. Em suas criações, Varejão propõe um constante diálogo com a história colonial e pós-colonial do Brasil. Contando com um repertório cultural que vai do barroco brasileiro à literatura de viagem setecentista, ela instiga uma reflexão sobre o pluralismo da identidade brasileira. A infância passada nos anos 1960 em Brasília moldou a visão de mundo da artista, como ela mesma conta no filme: "Minha mãe trabalhava como nutricionista num hospital público de Sobradinho, uma das várias cidades-satélites no entorno de Brasília. Quando eu era pequena, acompanhava muitas vezes a minha mãe ao trabalho e tive contato com a desigualdade criada por Brasília, uma cidade construída sem espaço para aqueles que a ergueram. Também conheci a imensa diversidade cultural brasileira, pois ali viviam imigrantes de muitas regiões do Brasil, em busca de trabalho e sobrevivência". Em um segmento do documentário, o espectador é levado para um passeio por dentro de várias saunas pintadas por Varejão, numa sofisticada animação computadorizada. Direção: Andrucha Waddington e Pedro Buarque. Duração: 84 min. Classificação: 10 anos.

Anderson Ramos

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