Há 30 anos o mundo era outro. Opiniões e comportamentos que caducaram com o passar das últimas décadas marcavam uma época mais escrachada, muitas vezes também debochada. O futebol seguia este fluxo, com provocações, apostinhas entre os grandes jogadores que surgiam em partidas de futevôlei pelas praias do Rio de Janeiro, e uma relação muito mais próxima da imprensa, que proporcionava momentos folclóricos. Como o autor do gol do título carioca fantasiado de rei, para uma reportagem de capa do jornal. Ou de um artilheiro se autoproclamando Deus. Tudo isso em meio ao centenário megalomaníaco do clube mais popular do país. Para recordar este ano marcante do futebol brasileiro e, principalmente, o carioca, o sportv, em parceria com o Globoplay, lança neste domingo, dia 21, às 22h, a série documental ''1995 – No Tempo dos Bad Boys'', produção original que integra a nova temporada da faixa 'Sessão sportv', dedicada a exibir até o fim do ano documentários inéditos e produções esportivas marcantes do canal.
Com três episódios dirigidos pelo jornalista Chico Trigo, a série revisita um dos anos mais emblemáticos da história do futebol carioca. Em meio a um Flamengo endividado e em busca de redenção em seu centenário, a diretoria aposta em um plano ousado: contratar Romário, do Barcelona, eleito o melhor jogador do mundo, seis meses após a conquista do tetracampeonato com a seleção brasileira. Para treinar a equipe, Vanderlei Luxemburgo, o técnico mais badalado da época, bicampeão brasileiro nos dois anos anteriores. Para completar, no segundo semestre, desembarca na Gávea Edmundo, o Animal, temperamental e um dos melhores amigos de Romário até então. O ''Rap dos Bada Boys'' era febre no Rio de Janeiro, gravado pela dupla de craques. O badalado “Melhor Ataque do Mundo” ainda contava com Sávio, o ''Anjo Loiro da Gávea''.
Na onda de todo esse movimento, dois vice-campeonatos: do Carioca, perdendo o título para o Fluminense, com o histórico Gol de Barriga de Renato Gaúcho; e da Supercopa, com Maracanã lotado, para o Independiente, da Argentina. À beira do campo, treinando a equipe naquele momento da temporada, estava o radialista Washington Rodrigues, o Apolinho. Dias antes dessa partida, Edmundo se envolveu em um acidente de carro na Lagoa, a poucos quilômetros da sede da Gávea, que resultou na morte de três pessoas. Para completar, o Botafogo de Túlio Maravilha conquistou pouco depois, o título brasileiro. O Flamengo terminou essa competição na 21ª posição entre os 24 participantes.
''A ideia é levar o espectador para uma viagem nostálgica do futebol dos anos 1990. E talvez o maior expoente daquele tempo, que hoje parece tão distante, seja aquele 1995 do centenário do Flamengo. Da disputa pelo posto de ‘Rei do Rio’ entre Romário, Renato Gaúcho e Túlio. Personagens polêmicos ou folclóricos ou polêmicos e folclóricos. A série também fala muito de funk como símbolo de uma revolução cultural carioca e a ligação desse gênero musical com o futebol e as arquibancadas'', explica o diretor Chico Trigo.
A combinação de fatores que resultou na volta do protagonismo do futebol carioca ao cenário nacional refletia o próprio espírito do Rio de Janeiro dos anos 1990: vibrante, contraditório e cheio de personagens icônicos. Amparada por um rico material de arquivo e depoimentos de nomes como Romário, Renato Gaúcho, Túlio, Joel Santana e Kleber Leite, ''1995 – No Tempo dos Bad Boys'' vai além do futebol: é um retrato de uma década em que esporte, música, mídia e cultura popular se misturavam em ritmo de festa e caos.
Todos esses fatos estão retratados ao longo dos três episódios. O segundo será exibido de forma inédita nesta segunda-feira, dia 22, também às 22h. Já o último, na terça-feira (23), a partir das 20h. A produção também fica disponível no Globoplay, inclusive para quem não é assinante do canal no Plano Premium.
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