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| Foto: Divulgação |
Nesta segunda-feira (15), a TV Brasil exibe, às 23h, um novo episódio do premiado programa Caminhos da Reportagem, intitulado ''O Brega é Pop''. A atração vai apresentar dois episódios realizados pela UERN TV e pela TV Universitária de Recife, com o intuito de mostrar as origens, os artistas e os produtores culturais que dedicam suas vidas à música.
A cidade de Recife tem uma forte ligação com o brega, gênero musical que cada vez mais atrai a atenção popular e impacta diversos setores da economia. Desde 2021, o movimento brega é declarado por lei como patrimônio cultural imaterial da capital pernambucana.
''O brega é uma expressão que nasce na periferia e, como toda expressão periférica, carrega um estigma muito grande'', afirma Thiago Soares, pesquisador e professor da Universidade Federal de Pernambuco. O livro Ninguém é perfeito e a vida é assim, publicado por Soares, fundamentou a lei de 2021 e traz elementos históricos que mostram como o brega é uma expressão cultural de Pernambuco.
Segundo o pesquisador, grande parte dos artistas de brega são pessoas negras e periféricas que ascendem socialmente por meio da música e da cultura. ''A gente vai ter ali uma espécie de estigma e o rompimento desse estigma através da cultura. É o que a gente pode chamar de cidadania cultural'', reforça Soares.
O produtor musical John Play tem apostado em produções que misturam a velha guarda com a nova geração do brega. O projeto ''Bregão no Play'', desenvolvido por ele, está na quarta edição, com quatro DVDs gravados em casas de shows no Recife e a participação de mais de 40 artistas, um trabalho bastante divulgado nas redes sociais e plataformas de música.
Com 20 anos de carreira, sendo 18 deles dedicados ao brega, o produtor diz que a marcação do baixo com a bateria é uma característica muito forte do estilo. “Brega, para mim, é tudo: meu meio de vida, o que eu amo fazer; acho que é uma vocação. Minha vida sem o brega não teria sentido”, comenta.
A cantora Michelle Melo é uma das precursoras do movimento brega no início dos anos 2000. De origem na favela, ela enfrentou desafios, mas conta que o brega abriu muitas portas. ''Se a mulher já é objetificada, já é menosprezada, imagina em um local totalmente dominado por homens. Ou seja, era como se a mulher da favela fosse bonitinha, mas fosse burra e o brega está mostrando que a gente tem muito mais a oferecer'', diz.
Em Olinda vive um ícone do brega em Pernambuco, o Conde Só Brega. A música ''Não devo nada a ninguém'' é um sucesso cantado por todos os artistas que se apresentam no estado. Aos 70 anos, o cantor e compositor explica por que o brega continua em alta: ''Tem muita gente nova talentosa, tem muita gente antiga que tem suas histórias, suas músicas, letras com conteúdo para você levar para dentro da sua casa. A prova disso é que hoje eu tenho uma legião de fãs: crianças, adolescentes e pessoas da terceira idade''.
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