Depois de percorrer festivais de cinema e esporte em diferentes países e conquistar o Prêmio Especial de Melhor Longa-Metragem no Sports Movies & TV – Milano International FICTS Fest, considerado o Oscar do cinema esportivo, o documentário Bola Pro Alto!, dirigido pela cineasta Cecília Lang, chega na tv pelo Canal Brasil e nas plataformas de streaming (Claro TV e Vivo Play), a partir de 4 de dezembro de 2025. No mesmo dia, uma exibição pública no Rio de Janeiro marcará a chegada do filme e da trilha sonora original, assinada pelo músico Rodrigo Sha, nas plataformas.
Produzido pela Lúdica e Viralata, com distribuição da Bretz Filmes, o filme acompanha a trajetória da altinha, jogo coletivo que nasceu nas areias cariocas e hoje é praticado em praias, parques e quadras de diversas cidades do Brasil e do mundo — de Brasília a Israel. Mais do que um esporte, a altinha é retratada no filme como um modo de vida: livre, colaborativo e guiado pelo prazer de manter a bola no ar.
A ideia nasceu do desejo de um grupo de amigos de registrar, em um curta-metragem, a roda que mantinham há dez anos nas praias do Rio. Mas, ao se deparar com a pesquisa e com a dimensão do fenômeno, Cecília percebeu que havia ali muito mais do que uma simples brincadeira de praia. ''Quando comecei a investigar, entendi que aquela bola contava a história de várias gerações. Não era apenas sobre um esporte, mas sobre um movimento que atravessa tempo, lugares e pessoas'', conta a diretora.
Com uma narrativa leve e sensível, Cecília conduz o documentário em primeira pessoa, entrelaçando depoimentos, lembranças e imagens poéticas do jogo. O filme reúne nomes conhecidos como Evandro Mesquita, Cynthia Howlett, Karina Vela e Marcelo Adnet, além de personagens que marcaram a história e o presente da modalidade, como Rafaela Fontes (campeã mundial de Teqball), Lorena Bichuter (fundadora da primeira escola de altinha para mulheres) e o veterano Benedito Nascimento, um dos primeiros barraqueiros de Ipanema.
Entre as muitas transformações que o filme registra, destaca-se a crescente participação feminina, hoje presente em todas as praias e campeonatos — que exigem pelo menos uma jogadora em cada equipe. Para Cecília Lang, essa presença simboliza uma virada importante: ''A altinha se tornou um espaço de encontro e empoderamento. É o retrato de uma geração.''
A diretora define o filme como ''um retrato de época e um registro da nossa cultura praiana e urbana, que fala sobre cooperação, liberdade e alegria — valores que ultrapassam fronteiras e unem pessoas em torno do simples desejo de não deixar a bola cair''. Na contramão da gravidade, deixar a bola no ar é também a vontade de estar e fazer junto e chegar ao estado de sintonia perfeita: o flow.
O flow (como é chamado pelos jogadores) é um período longo em que a bola não cai, uma espécie de transe coletivo. Em psicologia é chamado de sentimento de fluxo e descreve um estado mental de hiperfoco resultado da prática de atividades que promovem uma espécie de êxtase para quem realiza. ''É um estado altamente viciante que além do prazer momentâneo irradia emoções positivas combatendo a depressão e as frustrações da vida diária. A altinha vem proporcionar o bem-estar coletivo que prescinde das palavras, dinheiro ou classe social e de forma democrática integra e empodera'', explica a diretora.
Premiado também com a Medalha de Prata no CineEsporte e exibido em festivais como Cinefoot, 20º Festival Internacional de Cinema de Futebol (Berlim) e mostras em Portugal, Itália, Estados Unidos e Japão, Bola Pro Alto! tem sido reconhecido pela crítica e pelo público por sua estética vibrante e pelo olhar afetivo sobre o fenômeno da altinha, que ultrapassou fronteiras geográficas e de gênero, e vem unindo pessoas em torno do desejo coletivo de manter a bola no ar.
A trilha acompanha a viagem no tempo proposta pelo filme, com as diferentes sonoridades de cada década, e é costurada com maestria por Rodrigo Sha, com composições originais e canções incidentais de Qinho e Pepe Barcellos, com a participação de Juju Gomes, que trazem em seu DNA a cultura carioca de praia. Entre as faixas, destaca-se um remix inédito de ''Você Não Soube Me Amar'', da Blitz, feito em parceria com Rodrigo Sha, que reforça o clima afetivo e solar que atravessa o filme.
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