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| Com direção de Alessandro Gamo, documentário “Erlon Chaves: O maestro do veneno” estreia em 19/12, no SescTV. Foto: Chá Cinematográfico. |
Em dezembro, o SescTV exibe duas obras que revisitam a história cultural do país por caminhos distintos, mas igualmente inteiressantes. De um lado, o brilho ousado de Erlon Chaves, maestro que ajudou a transformar o samba em movimento pop, quebrando barreiras raciais e estéticas em plena televisão dos anos 1960 e 70. De outro, o riso afiado de Maridinho de Luxo, comédia da era de ouro do cinema brasileiro, que captura com ironia os costumes da elite carioca em 1938.
Os filmes estreiam, respectivamente, dias 19 e 20 de dezembro, sexta e sábado, às 22h, na programação do canal e na plataforma e app Sesc Digital. Duas estreias que mostram a força inventiva da cultura popular e seu diálogo constante com as telas.
Erlon Chaves: O Maestro Do Veneno
Dir. Alessandro Gamo | Brasil | 2018 | 12 anos
19/12, sexta, 22h
Prodígio do rádio, arranjador disputado, criador da Banda Veneno e artista moderno que transbordava o estúdio para a rua, Erlon Chaves foi uma força musical em permanente ebulição. Do samba-jazz ao samba-rock, sua batuta redefiniu a sonoridade brasileira que pulsava sob holofotes e câmeras, em um país que descobria, ao vivo, o poder do swing.
O documentário de Alessandro Gamo acompanha sua trajetória meteórica, revelando a marca deixada por Chaves na indústria fonográfica, na televisão e no cinema. Entre histórias de criação, encontros musicais e o peso das pressões sociais, emerge também o combate silencioso e cotidiano contra a censura e o racismo estrutural, que insistiam em barrar sua ascensão.
Depoimentos de quem testemunhou de perto sua revolução, como André Midani, Roberto Menescal, Luiz Carlos Maciel, Zuza Homem de Mello, Alaíde Costa, Eliana Pittman, Laércio de Freitas, entre outros, recuperam momentos antológicos, como a explosão de sucesso de “Eu Também Quero Mocotó”, performance que ousou colocar quarenta músicos no palco de um festival, virando o jogo do showbiz brasileiro.
O filme revela ainda o Erlon ator, jovem que dividiu cena com Walter Avancini na recém-inaugurada TV brasileira, e o maestro rigoroso, que “canetava” arranjos como quem desenha seu destino. Um artista que expandiu fronteiras e pagou caro por isso, mas que permanece como referência de invenção e ritmo.
Maridinho de Luxo
Dir. Luiz de Barros | Brasil | 1938 | 10 anos
20/12, sábado, 22h
Uma comédia romântica que captura o humor e os hábitos de uma elite que, às portas do modernismo popular, ainda acreditava que o amor podia ser adquirido por anúncio de jornal. Patrícia, mocinha rica e mimada, decide “comprar” um marido e o escolhido é Marcos, sujeito esperto que vê aí uma chance de dinheiro fácil. O plano perfeito desanda quando o improvável acontece: eles se apaixonam.
Dirigido por Luiz de Barros, um dos mais prolíficos realizadores do cinema brasileiro (com mais de 100 filmes entre as décadas de 1910 e 1960), o longa foi inspirado na peça “Compra-se um Marido”, de José Wanderley.
No elenco, Mesquitinha, maior nome do teatro cômico carioca dos anos 1930 e figura central na transição do riso do palco para a lente cinematográfica. Ao retratar os ritos matrimoniais da elite com fina ironia, o filme se tornou um registro importante da produção nacional pré-Atlântida — período que pavimentou a chegada dos grandes estúdios e da popularidade do cinema brasileiro. O longa é uma raridade histórica que o SescTV devolve ao público, restaurado pelo próprio tempo e pela memória coletiva.
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Programação
