Setor de TV paga está enxergando a crise de forma equivocada, diz colunista

Aposta no atraso. (Divulgação)
O Brasil encerrou abril de 2016 com 18,91 milhões de contratos de TV por assinatura. Segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o serviço está presente em 28,37% dos domicílios brasileiros. Um ano atrás, em abril de 2015, quando chegou ao seu pico, o país contava 19,76 milhões de assinantes, alcançando 29,90% dos lares.

Além de não ter alcançado a simbólica marca de 20 milhões de assinantes, o encolhimento de quase 5% no mercado em um ano é uma péssima notícia para o setor. Ela ocorre justamente num momento em que as ofertas de serviços chamados de "over the top" (OTT), via banda larga de internet, estão em crescimento em todo o mundo, inclusive no Brasil.

O movimento de cancelamento de pacotes de TV paga (a cabo ou por satélite) é estimulado não apenas pelo preço, mas também pela possibilidade de escolher melhor o que se deseja consumir.

Em vez de 200 e tantos canais, subaproveitados, já há quem entenda ser mais cômodo montar o seu próprio cardápio de ofertas, assinando serviços como Netflix e de canais disponíveis para assinaturas diretas, sem intermediários, como HBO, Esporte Interativo e até a Globo (com títulos do acervo desde 2010), entre outros.

A realização na semana passada do congresso da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura) mostrou como o setor está enxergando de forma equivocada esta crise. Segundo o maurício stycer colunista da Folha de SP.

Nas muitas entrevistas que deu sobre o assunto, o presidente da associação, Oscar Simões, insistiu em três pontos. 1) O ritmo da queda no número de assinantes está diminuindo, num sinal de que o pior já passou; 2) A perda de um milhão de assinantes em um ano deve-se exclusivamente à crise econômica; 3) A migração de consumidores do cabo para os serviços OTT só ocorre em mercados "maduros", e não no Brasil.

Alberto Pecegueiro, diretor-geral da Globosat, acrescentou um quarto ponto em uma entrevista candidamente otimista ao "Meio & Mensagem": "Não se percebe nenhum tipo de buraco no dique que a Netflix possa causar. Um produto como ela é complementar".

As principais apostas do setor são três. Por um lado, fazem lobby junto ao governo buscando isonomia com serviços como o da Netflix, que não pagam ICMS. Por outro demonstram fé na redução da crise e na retomada do crescimento econômico.

Por fim, e pior, há uma aposta no atraso – no fato, como repete Simões, de o Brasil não ser um mercado "maduro", ainda não dispor de banda larga de qualidade ao alcance da maioria da população. Em outras palavras, o executivo parece acreditar que a TV por assinatura não corre riscos enquanto o desenvolvimento tecnológico seguir em ritmo lento.

Impressiona o tanto que há de "achismo" em todas estas avaliações e projeções. O setor até hoje não apresentou uma pesquisa atualizada sobre o comportamento do brasileiro em relação aos seus hábitos de consumo de produtos audiovisuais.

Além da fé no fim da crise, o setor não fala, por exemplo, em reduzir preços de pacotes ao consumidor, ou oferecê-los de formas mais customizadas, de acordo com as necessidades dos clientes, assim como não promete melhorar o serviço, sempre alvo de críticas. 

O Universo da TV

O Universo da TV é o site perfeito para quem quer ficar por dentro das últimas novidades da TV. Aqui, você encontra notícias sobre TV paga, programação de TV, plataformas de streaming e muito mais. É o único site que oferece uma cobertura completa da TV, para que você nunca perca nada. facebook instagram twitter youtube

Postar um comentário

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do O Universo da TV.

Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato