Globosat lançará serviço de filmes e futebol ao vivo similar à Netflix

Globosat lançar serão para concorrer com a Netflix. (Divulgação)
Assistir um filme ou a série que quiser, quando quiser, em que aparelho quiser. E desembolsando menos do que pela TV paga. O modelo da Netflix, no país há cinco anos, começa a ganhar os primeiros concorrentes de verdade.

Segundo informações de Nelson de Sá da Folha de SP, A Globosat, programadora de canais da Globo, vai lançar seu primeiro desafio. "O mais imediato é o Telecine Play", diz Alberto Pecegueiro, diretor-geral da Globosat.

"A gente está agora na montagem da plataforma tecnológica para disponibilizar como produto individualizado." Sem dar data, repete: "É uma iniciativa clara e imediata, vamos dizer assim".

Já existe um Telecine Play, mas para acessá-lo é preciso ter assinatura de TV paga. Pecegueiro diz que a Globosat "vai passar a vender o Telecine independente da assinatura", mas eventualmente com ajuda das operadoras, "que vão poder oferecer para assinantes de banda larga".

Ele levanta alguns parênteses. Em primeiro lugar, "a gente não vai atropelar nossa relação com as operadoras, é uma aliança para o progresso". Segundo, "a gente não enxerga hoje queda no consumo de vídeo linear". "Estamos vivendo um 2016 de audiência recorde na TV paga e crescente na TV aberta."

O Telecine Play não virá sozinho como serviço mais barato, pela internet. Entre outros, está em desenvolvimento na Globosat o Premiere Play, para transmissões de futebol. Ainda é preciso "desenvolver uma série de capacitações tecnológicas, mas não é uma realidade distante".

Novamente, já existe um Premiere Play para quem assina TV paga. Mas aí, "se a experiência não for impecável, você sabe que é o chamado 'plus a mais'. Agora, se eu te vender só o serviço [via internet], eu tenho que te dar uma experiência impecável".

Outro serviço pela internet que a Globosat "está olhando com muito cuidado" é voltado às séries nacionais. "A gente está olhando em conjunto com a TV Globo. É uma tendência importante."

A Netflix lançará em 25/11 a sua primeira série brasileira, "3%", uma fantasia sobre o Brasil após um apocalipse. Por outro lado, a HBO, que já produz a série "Magnífica 70", está prestes a lançar seu próprio serviço pela internet, de baixo custo.

CORRIDA

A corrida para o chamado OTT ("over-the-top", jargão para acesso on-line sem passar pela caixa de TV paga) atinge todos os produtores de conteúdo, afirma o consultor Antonio Athayde, pioneiro da Globosat –que completa 25 anos neste novembro.

"O desafio não é diferente daquele da TV aberta ao decidir entrar na TV paga: enfrentar a canibalização para não deixar de concorrer nas novas tecnologias", diz. Canibalização é concorrer consigo mesmo –na TV paga e na rede.

Athayde não está de todo convencido pela Netflix. "Não conheço os números no Brasil, mas, pelo investimento na promoção de seus lançamentos e por entrevistas de seus executivos", avalia que existe e deve aumentar a demanda pela TV via internet no país.

Para Pecegueiro, "é tendência irreversível", e ele trata de diferenciar sua oferta. "O Telecine será puramente de filmes. E filmes premium, coisa que a Netflix não é." O Telecine é uma associação da Globo com estúdios como a Fox, daí os blockbusters.



Pecegueiro não contém as críticas à Netflix. "As programadoras americanas estão fazendo mea-culpa pela criação do monstro em que a Netflix se transformou, por terem alimentado demais" com filmes e séries. "Até prova em contrário, a Netflix é um grande destruidor de valor."

Nada de novo para a Globosat, diz ele. "O mercado de TV paga é completamente aberto, sem restrição, então a partir de 1992, 93 entraram os maiores grupos de mídia do mundo, Time Warner, Universal, Fox, Disney. Eu estou olhando para uns caras pesos pesados. E agora vêm os outros, da internet. Vem a Amazon, vem a Netflix."

Em entrevista à Folha em outubro, o presidente da Netflix, Reed Hastings, elogiou o Globo Play como "grande passo adiante" para o grupo brasileiro. E observou, sobre a resistência da Globo em vender conteúdo: "Eles nos veem como concorrência, o que é justo. Como dois times esportivos competindo".

GLOBO PLAY

A Globo deu seu primeiro passo na internet há um ano, com o Globo Play, um serviço barato em que oferecia, além do sinal ao vivo, programas como capítulos de novelas. Em setembro, diz o diretor de programação, Amauri Soares, "a gente deu um passo além".

Onze episódios da série "SuperMax" foram publicados dias antes de o primeiro deles chegar à TV Globo. "Nossa primeira ação de binge watching", diz ele, sobre o fenômeno de ver série sem parar, como na Netflix.

A experiência foi bem-sucedida a ponto de quatro novas séries terem sido anunciadas para o início de 2017 já com a previsão de chegarem antes ao Globo Play.

Não é certo, porém, que entrem tantos episódios de uma vez. A questão, explicam Soares e o diretor de mídia sociais, Erick Brêtas, é o processo de produção.

"Em alguns casos, não vou ter como pegar 11 capítulos e colocar tudo, porque tem um cronograma de uso de estúdio, pós-produção", diz Brêtas. Mas, se conseguir "uma frente de produção, ou seja, se a gente tiver a possibilidade de ter todos os capítulos antes, o Amauri vai colocar integralmente".

A experiência com "SuperMax" acordou os autores da TV. Conta Soares: "Nos Estúdios Globo –a gente está chamando o Projac de Estúdios Globo– as sinopses que estão chegando, eu tenho visto, já sugerem iniciativas para o Globo Play".

Uma das razões é que, passado um ano, não aconteceu a "canibalização", ou seja, a internet não tirou audiência da TV aberta. "Se houvesse qualquer vestígio de canibalização, eu seria o primeiro a me revoltar, porque sou o programador da TV aberta", diz Soares.

SÉRIES EXCLUSIVAS

Questionado sobre a possibilidade de produzir uma série exclusiva para o Globo Play, Brêtas não responde definitivamente: "Há cinco anos, se dissesse na Globo que ia pegar uma série e colocar inteira no digital, antes de botar no ar, eu seria escorraçado. Hoje as coisas mudaram, as pessoas querem. Os executivos, os autores veem valores. A gente vai acompanhar o mercado."

Soares também não recusa a possibilidade de produção exclusiva para a internet.

"Como o consumo aqui é individual e por demanda, é uma janela que possibilita experimentar outras histórias, mais adequadas. Na TV aberta, a gente tem toda a questão da classificação indicativa. O consumo é na sala, familiar. Aqui, não. A gente pode experimentar conteúdos diferentes."

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