Premiado autor cubano Leonardo Padura participa do Singulares da TV Brasil

(Imagem/Divulgação TV Brasil)
O programa Singulares desta quinta (6), às 21h15, na TV Brasil, recebe o escritor e jornalista cubano Leonardo Padura. O papel do autor, o espaço da literatura na vida das novas gerações e a influência da era digital na educação são alguns dos temas da entrevista exclusiva.

Crítico em relação ao mercado literário, o convidado aborda o seu best-seller "O Homem que Amava os Cachorros" e projeta o futuro das publicações impressas como jornais e livros. Durante o programa da emissora pública, ele também faz comentários sobre a política internacional, em especial as questões envolvendo seu país.

Padura reflete sobre a função do autor nos dias de hoje. "O papel do escritor em todo o espaço do continente latino-americano não tem a importância, o peso, a projeção cultural e civil que deveria ter", comenta o também ensaísta, romancista e roteirista.

O espaço da literatura na vida das novas gerações é outro tema em pauta. "Faz alguns anos que se está vivendo um conjunto diferente na possibilidade de se chegar aos leitores por parte dos escritores. Faz 30, 40 anos, quando se produziu o boom do romance latino-americano e os escritores se converteram em figuras públicas e seguidas", pondera.

Leonardo Padura discute a influência da era digital nesse processo. "A circunstância da chegada do digital desviou ou canalizou alguns interesses. Muitas editoras pequenas desapareceram e ficaram os grandes grupos editoriais. Existe também uma mudança geracional em que o espaço da literatura é menor do que foi", sugere.

Ao traçar uma perspectiva sobre o mercado literário, o autor é enfático. "Se publicam muito mais livros do que se leem", critica ao relatar as dificuldades de se traduzir livros em outros idiomas. "Sair do nosso próprio universo geográfico e linguístico, ou seja, publicar em outras línguas e continentes se tornou muito difícil", afirma Padura.

Repercussão do livro "O Homem que Amava os Cachorros"

Premiado por diversos títulos de sua obra com destaque para os livros policiais, Padura conta ainda como foi o método de pesquisa para o romance "O Homem que Amava os Cachorros", sucesso de crítica e público no Brasil. "Investiguei nos dois primeiros anos e escrevi nos três seguintes sem deixar de pesquisar. Fui descobrindo coisas que me admiravam e que me horrorizavam".

Sobre a repercussão da obra no Brasil, ele diz que se surpreendeu. "O fenômeno que aconteceu no Brasil a partir dessa publicação não deixa de me assustar. Vou caminhando pelas ruas e as pessoas me param e me perguntam se eu sou o Padura", diverte-se. "É possível chegar a outros leitores sem que falte valor artístico, estético e social à literatura".

Padura comenta como sua literatura cruzou as fronteiras da ilha caribenha. "O feito de chegar a outros mercados foi um processo longo. Eu não sou um autor de best-sellers, não sou um autor de grandes vendas, mas tive a possibilidade de que meus livros estivessem publicados em mais de vinte idiomas em países como França, Alemanha e Espanha. Adquiri uma quantidade importante de leitores".

Críticas e perspectivas para o futuro

No depoimento exclusivo, Leonardo Padura não se furta a falar sobre os erros que autoridades e líderes cometeram no século XX. Inclusive em Cuba. Durante à entrevista à TV Brasil, o escritor discorre sobre as críticas que recebe por manter um olhar realista sobre a situação de seu país.

O autor que vive em Havana, capital de sua nação, mistura ficção e realidade nas tramas de sua obra. "Meu leitor natural está em Cuba, mas é o que menos têm acesso a meus livros", lamenta Padura que se mostra surpreso e contente com a repercussão de sua produção literária no continente. "Felizmente conquistei um público notável na América Latina".

O cenário da literatura no século XXI, o perfil do novo leitor e a influência da tecnologia também ganham espaço na fala de Leonardo Padura. "A mudança do século foi realmente uma mudança de era. Em geral, a sociedade não estava preparada para o que significaria essa época. É muito profundo. As comunicações, a ciência e a cultura mudaram e entraram em uma fase em que tudo é rápido", pontua sobre a era digital.

Padura acredita que os jornais impressos podem estar próximos do fim, mas ainda tem expectativas para os livros. "Acho que os jornais estão praticamente condenados a desaparecer. Não estamos preparados para encontrar uma alternativa para esse momento. O livro parece que tem assegurado uns anos a mais de existência, mas também estão em perigo", opina o autor que é leitor de dispositivos móveis que leva em suas viagens.

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