(Imagem/Divulgação TV Brasil) |
Diretora dos filmes "Que Horas Ela Volta?" (2015) e "Mãe Só Há Uma" (2016), a cineasta Anna Muylaert participa do programa Estação Plural desta quarta (10), às 22h15, na TV Brasil. A sétima arte é um dos principais assuntos da entrevista com os apresentadores Ellen Oléria, Mel Gonçalves e Fefito.
No papo, a cineasta comenta o reconhecimento do drama estrelado por Regina Casé, enumera os filmes mais importantes de sua trajetória e debate a representatividade trans nas telonas. Ela observa como a cinematografia pode contribuir para o empoderamento ao quebrar expectativas com enredos, atores e personagens que não estão no senso comum.
A trama de "Que Horas Ela Volta?" aborda os conflitos entre uma empregada doméstica no país e seus patrões de classe alta, criticando as desigualdades da sociedade brasileira. A obra conquistou prêmios em diversos festivais importantes do circuito como Sundance, Berlin e Moscou.
Anna também comenta o longa "Mãe Só Há Uma" em que um adolescente busca sua identidade sexual. O rapaz perde suas referências ao descobrir que a mulher que o criou não é a sua mãe biológica. O crítico Rubens Ewald Filho reflete sobre a trama e a evolução da carreira da diretora.
Repercussão de suas obras na sociedade
O trio do Estação Plural recorda que o maior sucesso de Anna nos cinemas, "Que Horas Ela Volta?", por pouco não concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro. A convidada pondera as motivações para que o filme tenha alcançado tanta repercussão com o público nacional.
"É um projeto que tinha muito coração e trabalho. Acho que ele obteve um resultado bacana, um alinhamento de equipe e elenco muito bom. Chegou num momento no Brasil em que foi importante porque conseguiu ser objeto de debate de todos os setores da sociedade", explica Anna que completa.
"Talvez, se o filme tivesse saído dez ou vinte anos antes, a mesma história, não tivesse o mesmo destino porque hoje a Jéssica é um personagem real", diz sobre a personagem de Camila Márdila que é filha de Val, interpretada por Regina Casé.
Em seguida, Anna destaca "Mãe Só Há Uma". O filme da cineasta é uma adaptação livre do caso Wilma-Pedrinho, em que se constatou que o menino havia sido sequestrado na maternidade e criado por uma família que não era a sua. Na trama, o garoto adolescente descobre que a verdade sobre sua origem tem ainda uma questão extra: ao trocar de família, o rapaz percebe uma latente transexualidade.
A diretora conta que o longa participou do Festival de Berlim em fevereiro. O drama recebeu o prêmio de Melhor filme Queer, um dos troféus da 30ª edição do Teddy Awards, nome dado à mostra independente da Berlinale voltada às produções ligadas à diversidade sexual.
O reconhecimento foi concedido pelo júri especial revista alemã Männer. No elenco, a produção reúne Naomi Nero - sobrinho do ator Alexandre Nero - Matheus Nachtergaele e Dani Nefussi como protagonistas.
Representatividade do universo trans no audiovisual
Esta edição do programa da TV Brasil também trata do "dicionário das tristezas obscuras' e do significado da palavra "elipsismo": a tristeza por não saber como uma história vai acabar. No último bloco, o tema é cinema e representatividade trans: por que os diretores ainda não escalam atores trans para fazer os papeis de trans no cinema e nas séries de TV?
Em passagem pelo Rio de Janeiro, o produtor e diretor americano Rhys Ernst concedeu depoimento exclusivo ao programa. Ele aborda a escalação de atores heterossexuais no papel de personagens trans. "Escalar papéis transgênero é uma grande questão. Eu penso que uma pessoa trans deveria fazer. Quando filmes não escalam um ator trans é porque não tentaram o suficiente ou não querem sair do que é convencional".
Durante o quadro do desafio Aurélia, momento em que os convidados buscam adivinhar o significado de termos do universo LGBT, a diretora Anna Muylaert tenta descobrir o sentido da expressão "bagé" na linguagem pajubá.
No fim do programa, Anna dá sua opinião sobre "Carol" (2015), filme lésbico que movimentou público e crítica. "Eu gosto de filme de verdade. Quando fica bonito demais, para mim vira desfile de moda e eu vou me desconectando. 'Carol' mostra um mundo ideal demais, entende? Achei chato", avalia a cineasta paulista.
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