Mark Strong, Carice Van Houten e Catherine Mccormack falam sobre Estação Temple, que estreia nesta quinta no Globoplay

Divulgação Globo
Um respeitado cirurgião tem a vida virada do avesso quando acaba absorvido pelo submundo de Londres. Em ‘Estação Temple’, série exclusiva Globoplay que estreia nesta quinta-feira, dia 30, motivado por uma tragédia pessoal envolvendo a esposa, Beth (Catherine Mccormack), Daniel (Mark Strong) decide criar uma clínica ilegal pelos túneis subterrâneos da estação Temple, no metrô londrino. Lá, ele atende criminosos e outros pacientes que não podem procurar ajuda em instituições médicas regulares. Daniel se une ao engenhoso Lee (Daniel Mays) nesta missão e logo Anna (Carice Van Houten) se junta à dupla. Ela é uma pesquisadora médica que carrega muitos segredos e remorsos e cujo passado se entrelaça com o de Daniel e o do ladrão de banco fugitivo Jamie (Tobi King Bakare). Daniel tenta fazer o melhor enquanto os limites da sua moral são desafiados. 
 
Entrevista com o elenco
 
Mark Strong 
 
O que te atraiu para fazer Estação Temple? 
A história criativa da produção original norueguesa. Nós maratonamos a série, embarcamos em um voo até Oslo e adquirimos os direitos. Depois, contatamos o Mark O’Rowe para recriar o drama em Londres, no universo subterrâneo da estação de metrô Temple. Ele é um escritor “cool”, nada convencional, e era isso o que queríamos realizar: algo singular. Tudo é fundamentado em cima da escrita e da figura dele, e assim, diria que tínhamos um bom alicerce. O personagem também foi muito importante na minha decisão. O Daniel é um personagem que vive intensos conflitos com os estranhos acontecimentos que pontuam sua vida. É instigante encontrar um indivíduo com o qual você pode se identificar em tantos níveis diferentes, e através do qual você pode contar uma história.
 
Poderia descrever o personagem Daniel? 
Ele é um cirurgião que vive uma vida bem confortável. Tem uma esposa por quem é apaixonado e uma filha que está na universidade. Ele então descobre, após a saúde de sua mulher entrar em colapso, que ela sofre de uma doença que escondeu dele. Secretamente, a esposa vem tentando desenvolver um soro antídoto contra sua enfermidade. Juntos, decidem então seguir para a cabana que possuem à beira-mar e onde pretendem continuar desenvolvendo o soro, por conta própria, na esperança de curá-la. No entanto, ao se medicar, ela acaba entrando em coma. Desesperado, ele não mede esforços para tentar salvá-la. Embora imbuídas das melhores intenções, e motivadas por amor, suas ações acabam levando-o a lugares verdadeiramente insólitos: ambientes que ele jamais imaginou que pudessem ser habitados.
 
No decorrer da trama, ele forma uma aliança profana com o Lee, um homem que possui um molho de chaves que dão acesso a vários túneis dentro do sistema subterrâneo do metrô. O personagem vivido por Danny Mays propõe a Daniel que ele realize cirurgias ilegais em troca de dinheiro. Em um primeiro momento, Daniel recusa a proposta, mas devido às circunstâncias, acaba aceitando. Ele realiza cirurgias em pessoas inescrupulosas, como criminosos, empresários corporativos que não querem a depreciação do valor de suas ações, e imigrantes ilegais. Ele faz as cirurgias única e exclusivamente por dinheiro, e assim, Lee e ele desenvolvem um relacionamento profissional no bunker.
 
A série traz para o espectador reflexões sobre questões morais. Isso é algo que você aguarda com expectativa? 
O drama é a moradia da ética e da moralidade. Alguém uma vez me perguntou qual era o sentido do teatro. Bem, 2000 anos depois que os gregos subiram ao palco, pela primeira vez, para contar uma história para um público, nós continuamos fazendo o mesmo, o que demonstra que nossa cultura ainda tem um enorme ensejo por histórias. E o motivo disso é que você pode comparar diretamente os personagens dessas histórias consigo mesmo e decidir por si próprio onde você se encaixa nas diferentes narrativas humanas. Somos fascinados por outras pessoas e o papel das séries televisivas é justamente esse: oferecer ao público a possibilidade de assistir pessoas que se tornam conhecidas por nós, e ver o que elas aprontam no dia-a-dia. Você escuta uma conversa alheia na rua e muito provavelmente são pessoas falando sobre outras pessoas. Temos verdadeiro fascínio uns pelos outros e pela vida que cada um leva. Ocasionalmente você tem uma daquelas epifanias e pensa: “Meu Deus, a vida de cada um de nós é tão intrinsicamente complicada”. Acredito que o drama é um gênero que consegue destilar muitas das conclusões que chegamos acerca da vida: ele nos oferece uma janela para vermos o modus operandi de outras pessoas, com as quais podemos nos comparar e, a partir dessa observação, fazer um juízo ético e moral sobre nós mesmos.
 
Como você definiria o tom da narrativa em Estação Temple? 
É interessante notar que ser singular também pode ser uma espécie de maldição, pois você não consegue colocar o conteúdo dentro de uma caixa com um rótulo que diz, ‘É isso’. A série é genuinamente original no sentido de que, embora o tom do texto seja muitas vezes marcado pelo humor negro, as atuações são absolutamente realistas. Ou, em contrapartida, uma situação inequivocamente realista é frequentemente interpretada pelos atores com uma pincelada de absurdo, de modo que tudo acaba mexendo com as suas expectativas pré-concebidas do mundo. É difícil de definir, mas talvez o descrevesse como uma série dramática de humor negro elevado ao expoente máximo. Não é bem um thriller com uma trama pulsante, é muito mais sobre acompanhar um grupo de pessoas, conhecê-las melhor, se apaixonar por elas, e depois decidir, a partir das decisões que elas tomam, se você concorda com elas ou não. Ao longo dos oito episódios, você vai conhecendo os personagens que acabam formando uma espécie de família nuclear no bunker subterrâneo, assim como os outros que transitam no nível do solo.
 
Carice Van Houten
 
O que te atraiu para fazer Estação Temple? 
Assim que recebi o e-mail e vi o nome do Mark Strong, eu disse para mim mesma: “Estou dentro”. Além de ter um enorme respeito por ele enquanto ator, ele também é um pessoa muito bacana. Trabalhamos juntos em Body of Lies, (Rede de Mentiras), mas o meu personagem acabou não entrando no corte final, ao contrário do dele! No momento que o conheci, pensei: “Vejam só, há pessoas normais na indústria”. Aparentemente pessoas inteligentes, calorosas e engraçadas existem no show business. Eu também gostei muito do texto. É inusitado, engraçado, singular e difícil de ser classificado. Não há nenhum julgamento sobre os personagens. O papel que interpreto na série não é simplesmente o da “amante”. Para que Daniel viva uma relação extraconjugal, não é necessário que seu matrimônio seja retratado como um mau casamento. As coisas não funcionam sempre assim, a vida é infinitamente mais complexa. É maravilhoso podermos nos solidarizar com ambas as mulheres, assim como com o Daniel, sem muito julgamento. Todos os personagens são tridimensionais e isso foi algo extremamente cativante para mim.  
 
Poderia falar um pouco sobre a Anna? 
Você não sabe ao certo a origem dela, o que além de não ser relevante, muito me agradou, pois não precisei mudar meu sotaque. Anna é uma pessoa muito direta e calorosa, que trabalha no mesmo laboratório que a mulher de Daniel, e com quem tem uma relação de amizade. Ela vive um romance com Daniel, por quem acaba se apaixonando, tornando a situação toda um pouco delicada. Quando Daniel descobre que sua esposa está gravemente doente, ele e Anna decidem que a relação dos dois não pode continuar, no entanto, encontram dificuldade em suprimir os sentimentos que nutrem um pelo outro. Daniel pede a Anna que o ajude a encontrar uma cura para sua mulher. É interessante notar que ela aceita trabalhar na busca de uma cura, não só pelo Daniel, ou para salvar sua amiga, mas talvez também para realizar um sonho profissional. Vários fatores a motivam, ao mesmo tempo. No decorrer da série, a situação vai se tornando mais complicada, pois ela não consegue abrir mão de Daniel, que por sua vez luta para salvar a mulher, e isso representa um dilema para ela.
 
Anna acaba se envolvendo com as atividades no bunker subterrâneo de Daniel; como ela se sente em relação a isso? 
À primeira vista, Anna é uma estranha naquele mundo subterrâneo. Mas pouco tempo depois do bunker entrar em operação, Daniel pede sua ajuda, e isso, a priori, parece ser um jogo divertido. Aos poucos, o universo paralelo que existe ali, embaixo da terra, vai se revelando para ela, e ela acaba se tornando uma parte integral daquela pequena família. Talvez ela seja até mais feliz no bunker do que no mundo real. Todas as pessoas ali estão fugindo de alguma coisa. Acho que o personagem Lee, em algum momento, diz: “As coisas que fazemos por amor”. E é uma história de amor. As coisas que todos nós fazemos em nome do amor.
 
Como você definiria o tom da narrativa em Estação Temple? 
É difícil classificar a série e é exatamente isso que a torna tão única e excepcional. Estamos tão acostumados com o ritmo extremamente acelerado das coisas hoje em dia que, embora a série traga cenas recheadas de muitos elementos, a ação se desenrola no seu devido tempo, sempre deixando espaço para que o drama se desenvolva, de forma gradativa. Isso não quer dizer que o ritmo narrativo seja lento, pelo contrário, o ritmo é incrível, mas há muito espaço. Também adorei a trilha sonora extravagante.  
 
Estação Temple traz amplo debate sobre questões éticas e morais. Você acha que isso será um aspecto atraente para os espectadores? 
Acredito cem por cento nessa premissa. Acho que as pessoas estarão em suas casas assistindo à série e se perguntando: “O que eu faria?” Ou talvez pensem que, embora os personagens ajam de forma questionável, gostam deles mesmo assim; ou que pelo menos sentem empatia por eles, o que levaria o espectador a  perguntar a si próprio se agiria da mesma forma, se estivesse na mesma situação. E é exatamente isso o que me atrai nesse tipo de série: quando a obra desafia o espectador. 
 
Catherine Mccormack

Você poderia descrever a Beth?
Beth é casada com Daniel, o personagem principal da trama. Juntos têm uma filha, Eve. Beth é uma médica-cientista fortemente independente. Quando a conhecemos, ela está tentando encontrar uma cura para uma grave doença da qual padece. Ela mantem sua enfermidade em segredo de sua família e colegas de trabalho, em parte para protegê-los, mas também por acreditar que está muito próxima de encontrar uma cura e, com isso, tem a esperança de que consiga restaurar sua saúde, sem ter que destroçar sua família emocionalmente. 

 O que te atraiu para fazer Estação Temple?
Eu conheci o escritor Mark O’Rowe por intermédio do meu parceiro. A obra é bastante difícil de ser classificada em um único gênero, mas o que realmente me encantou na história e no roteiro é o tom sombrio que marca o texto, além dele ser genuinamente engraçado. Eu me peguei rindo alto por diversas vezes durante minha leitura inicial, o que não é óbvio se considerarmos a natureza do conteúdo. E essa incongruência despertou em mim um interesse imediato, além dos personagens serem complexos e muito bem escritos. O Mark consegue escrever falas incríveis para os menores papéis. Ele oferece a todo o elenco algo estimulante para fazer. Cada personagem nessa série traz consigo uma história excepcional e dilemas inesgotáveis. Cada um é um personagem completo e não apenas uma escada para a trama. Há uma amizade verdadeiramente cativante entre Jamie e Lee, por exemplo. Jamie é um personagem adorável que está desesperado pra rever sua namorada. A personagem de Wunmi é violenta, mas ao mesmo tempo é uma mulher por quem nutrimos simpatia. Suas ações são motivadas pelo amor que sente por seu filho.

Como você definiria o tom da narrativa em Estação Temple?
É uma ótima história contada de forma brilhante. Há um humor mordaz ali, mas no coração da engrenagem narrativa pulsam personagens motivados por amor. São personagens imperfeitos, falhos, tentando se virar da melhor forma que podem, com as ferramentas que têm nas mãos.   
 
Estação Temple levanta questões éticas e morais. Você acha que o público irá gostar disso? 
A série traz muitos dilemas. Antes de tudo, acredito que ela seja uma grande obra de entretenimento. Não sei dizer se as pessoas irão refletir depois sobre as questões levantadas, mas posso afirmar que, de minha parte, eu certamente me indaguei o que eu faria. E a conclusão à qual cheguei é que não haveria a menor possibilidade de eu agir como o Daniel e a Beth! Estas são situações muito extremas.

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