Divulgação Globo/Maurício Fidalgo |
A segunda temporada de Aruanas, Original Globoplay já disponível na plataforma, começa com a ONG enfrentando uma série de problemas, entre eles, uma grave crise financeira. Toda essa fragilidade teve origem em uma ruptura no grupo de amigas que encabeçam a entidade: Verônica (Taís Araújo) agora está afastada em função do envolvimento com Amir, o ex-marido de Natalie (Débora Falabella). Sabendo que nada pode ser maior que a urgência em salvar o planeta, a dupla Natalie e Luiza (Leandra Leal) precisa se reinventar e criar estratégias para manter a entidade funcionando. Recebem, então, a ajuda financeira de Théo (Daniel de Oliveira). Filho de família rica e tradicional, dona de um frigorífico, ele propõe inovações à organização, mas acaba instaurando um clima de desconfiança no grupo. E Théo é apenas uma das figuras que cruzarão o caminho das ativistas.
Mesmo fragilizadas, as Aruanas têm de ser ágeis diante da informação de que o governo está prestes a aprovar, em Brasília, uma Medida Provisória para isentar as empresas petroleiras em mais de R$ 1 trilhão em impostos. A ameaça desencadeia uma série de ações na Aruana, entre elas uma investigação na cidade fictícia de Arapós, um grande polo petroquímico que, após uma tragédia ambiental, foi transformada em símbolo de sustentabilidade urbana, sob a administração do prefeito Enzo (Lázaro Ramos). O que o grupo descobre, no entanto, é que, por trás dessa aura de cidade-modelo, pode haver um mistério decisivo para impedir a aprovação da emenda. Nesta luta, Natalie e Luiza correm risco de morte e enfrentam adversários, como a lobista Olga (Camila Pitanga), que volta mais intensa e incisiva, com uma nova cartela de clientes e interesses. Um deles é Robert Johnson (Joaquim de Almeida), investidor estrangeiro e representante do setor petroleiro, Vito Neri (Cacá Amaral), empresário e proprietário da Petroclima, e Franco (Marcelo Laham), líder do Senado. A força da união feminina será o maior trunfo diante das tentativas de calar suas vozes.
Destemidas, elas prometem protagonizar cenas ainda mais eletrizantes na luta pela causa ambiental. “Veremos personagens vivendo ações inusitadas e trabalhando com pessoas diferentes. Essa é uma característica dos ativistas ambientais. Um dia, a pessoa está pendurada num rapel esticando um banner e, no outro, está infiltrada em uma quadrilha de grileiros. As Aruanas são exatamente desse tipo, se arriscando mais, pois sabem da importância e da urgência de seus atos”, adianta a autora Estela Renner.
‘Aruanas’ é um original Globoplay, desenvolvida pelos Estúdios Globo, em coprodução com a Maria Farinha Filmes. A segunda temporada da série é criada por Estela Renner e Marcos Nisti, escrita por Estela Renner, Marcos Nisti e Carolina Kotscho. A obra tem direção artística de André Felipe Binder e direção de Mariana Richard. A produção é de Isabela Bellenzani (TV Globo) e Mariana Oliva (Maria Farinha). A direção de gênero é de José Luiz Villamarim.
Entrevista com Estela Renner e Marcos Nisti
Estela Renner, autora e diretora e Marcos Nisti, autor e produtor, são fundadores da Maria Farinha Filmes que desde 2008 é produtora líder da indústria de entretenimento de impacto na América Latina, com foco em histórias que geram mudanças positivas sociais e ambientais. É a primeira produtora latino-americana a se tornar uma Corporação B certificada, faz parte do Pacto Global da ONU e foi premiada em 2020 com o “Prêmio Impacto Criativo'' em Prêmios SIMA. Marcos e Estela também são criadores e roteiristas da série ficcional Aruanas, onde a abordagem inovadora em relação à justiça climática e ao ativismo estabeleceu um estilo próprio: o thriller ambiental. A primeira temporada da série - do qual Estela também foi diretora geral e Marcos produtor - atingiu a média de 33 milhões de pessoas por episódio só no Brasil, tornando-se Trending Topic do Twitter mundial. A série foi destaque na mídia internacional por aproximar a Floresta Amazônica e o ativismo do entretenimento, além de proporcionar uma consciência global da defesa do meio ambiente. A segunda temporada - também escrita por Estela e Marcos traz à tona a problemática da poluição do ar causada por combustíveis fósseis e o ataque perverso de setores do governo a ONGs ambientais. Na última década, o impacto dos filmes criados por Estela Renner e Marcos Nisti ultrapassou as telas: O filme Muito Além do Peso (produzido por Nisti e dirigido por Estela) mudou a indústria de bebidas não alcoólicas, levando a um movimento que culminou em um acordo para a retirada de refrigerantes de todas as Escolas brasileiras. A série Jovens Inventores (2013 - 2017), criada por Renner e Nisti, foi veiculada por 5 temporadas na TV Globo, reuniu uma audiência de mais de 20 milhões de pessoas e aumentou em 350% o número de inscrições em feiras de ciências no Brasil. O Começo da Vida, dirigido por Estela e produzido por Marcos foi lançado na sede da ONU em Nova York e se tornou a principal ferramenta da campanha global da primeira infância do UNICEF e inspirou mudanças nas políticas de licença-maternidade e paternidade em várias empresas. Estela estudou cinema na New York University e tem mestrado pela University of Miami (MFA – Motion Pictures, 2003) e foi homenageada pelo prêmio Trip Transformadores e Brazilian Foundation. Escreveu a animação Lino, a produção de animação brasileira mais assistida mundialmente. Marcos é também empreendedor social, formado em Direito com MBA em Economia do Setor Público pela FIPE-USP. É criador do Videocamp, uma plataforma gratuita que conecta filmes inspiradores a espectadores de todo o mundo. Entre outras iniciativas sociais, Marcos ajudou a construir o programa Escolas Changemaker, que enfatiza o papel ativo de crianças e alunos nas mudanças sociais necessárias.
Demarcação de terras, reservas florestais, garimpos, água poluída foram alguns dos temas que marcaram a primeira temporada. O que o público pode esperar de ‘Aruanas’ neste retorno?
Marcos Nisti - Desta vez abordaremos os combustíveis fósseis e seus efeitos na nossa atmosfera e em nossa saúde. O mundo continua aquecendo, e as pessoas, morrendo por reflexos da poluição do ar. Ainda bem que temos ativistas ambientais trabalhando nessas agendas em nosso nome. É disso que se trata ‘Aruanas’, dessas pessoas que trabalham por seu propósito, lutando pela vida em nosso planeta.
A trama urbana traz mais elementos de ação para essa temporada?
Estela Renner - Apesar de Arapós ser uma cidade do interior onde as fumaças e as montanhas verdes se contrastam, o inimigo invisível que ela carrega é transponível para os centros urbanos, onde as partículas de poluição, cada vez menores, entram diretamente para nossos pulmões, sem que a gente perceba. Em alegoria a este vilão menos evidente, temos nesta temporada um thriller psicológico, tensionado por uma rede complexa de vilões. Desta vez, a rede criminosa está instalada não só na cidade de Arapós, na figura de milicianos, como também estão altos cargos de grandes empresas e também dentro do congresso, no Brasil e na Inglaterra. Os problemas ambientais no Brasil não são apenas obra dos brasileiros.
Dessa vez, teremos um personagem internacional. Por que vocês resolveram inserir um estrangeiro na trama, com direito a diálogos em inglês?
Marcos Nisti - Porque é muito bom deixar claro que vários dos problemas ambientais que acontecem dentro do Brasil têm sua matriz no Exterior. Temos empresas de fora do país que ainda nos veem com aquele olhar extrativista com que somos vistos desde a colonização. Temos as fronteias que nos dividem em países, mas a rede de poder é muito mais comandada por corporações.
A Olga (Camila Pitanga) agora ganha uma trama maior, vamos entender um pouco mais a sua vida pessoal. Qual a importância disso para essa antagonista?
Marcos Nisti - A Olga é arrebatadora, forte, inteligente, feminista e adora uma boa briga. Todos que assistiram à primeira temporada e queriam conhecer melhor sua vida pessoal, vão descobrir suas grandes fragilidades tão sabiamente escondidas. Veremos a personagem caçando ao mesmo tempo em que é caçada. Olga é um grande nome dessa temporada, aguardem.
O time da Aruana agora parece mais maduro. Como isso vai influenciar no relacionamento deles?
Estela Renner - Assim como na vida, os personagens amadurecem através de suas vivências. Natalie é obrigada a se reinventar quando Verônica, apesar de estar longe fisicamente, é presença em forma de dor na memória de Natalie. Enquanto Natalie deve ser forte para trazer sustentação ao novo dia a dia da ONG, a decepção com a amiga lhe causa um abismo interno. Luiza, depois de amadurecer sua relação com sua vontade de ativistas e desejo de maternidade, concorda com a ida do filho para o Canadá. Mas mais uma vez se atrapalha com o ativismo e a maternidade, quando começa a se relacionar com Lucila, uma garota vítima de doenças causadas pela poluição do ar e que trava com ela, uma forte transferência emocional. Clara, ao querer ser como Luiza, passa dos limites e mistura seu excesso de paixão pela causa, com falta de cautela com os processos gerando complicações quase irreversíveis para si e para outros. Verônica, ainda que ausente, dará tudo de si para ajudar Natalie e Aruanas, na busca de uma possível contrição pelos atos do passado. Mesmo Olga, que volta com força capital em busca de poder e vingança, se depara com uma ferida aberta do passado, e depois de muitas ações maquiavélicas, vai precisar justamente da ajuda mais improvável para sair de uma dolorida paralisia emocional. Mais maduras, nossas protagonistas encontram suas existências através das outras.
Entrevista com André Felipe Binder
Formado pela The New School e na Nassau Community College, ambas em Nova York, André Felipe Binder ingressou na TV Globo em 1998. Seus primeiros trabalhos na emissora foram como assistente de direção de programas infanto-juvenis, entre eles, ‘Angel Mix’ e ‘Flora Encantada’. Nos anos 2000, atuou como assistente nas novelas ‘Laços de Família’, ‘Desejo de Mulher’, ‘As Filhas da Mãe’ e ‘Mulheres Apaixonadas’, entre outras. Em 2003, entrou para o time de diretores de novelas da TV Globo com a estreia em ‘Cabocla’. Também dirigiu ‘Sinhá Moça’, o especial ‘O Brado Retumbante’, as novelas ‘Paraíso’, ‘Cama de Gato’, ‘Morde e Assopra’, ‘Gabriela’, ‘Amor à Vida’, entre outras. Já na estreia como diretor geral, assinou ‘Império’, vencedora do Emmy Internacional como melhor telenovela em 2014. No ano seguinte, também como diretor geral, conquistou novamente o Emmy com ‘Verdades Secretas’. A série ‘Vade Retro’ e a novela ‘O Outro Lado do Paraíso’ também tiveram a direção geral assinada por ele. A segunda temporada da série ‘Aruanas’ é seu primeiro trabalho como diretor artístico.
A primeira temporada teve muita ação, paisagens e temas envolvendo assuntos atuais. O que o público pode esperar de ‘Aruanas’ na segunda temporada?
Felipe Binder - A segunda temporada tem até mais ação do que a primeira, e essa nova fase traz ainda uma história um pouco mais próxima dos brasileiros e acredito que também do público internacional. A série fala da situação industrial em cidades pequenas, que ficam perto de centros urbanos – que sempre foi visto como algo positivo por estimular a economia e criar novas moradias –, mas a gente quer mostrar o lado B dessa questão, que são os danos causados no ar, no mar, nos rios e no solo. Acho que, durante muito tempo, não se teve consciência de tudo isso.
Qual é o conceito da direção desta segunda fase? Você buscou influências em outras obras? Quais?
Felipe Binder - Tem algumas séries e referências em que a gente busca aprendizados e inspiração, mas ‘Aruanas’ tem um conceito nosso, de direção, que é o da urgência. Fomos muito embasados nessa questão de contar uma história urgente, algo que está acontecendo agora. Então isso se reflete na forma como os atores falam, interpretam e na maneira como a gente conduziu a edição e as cenas.
Da primeira temporada para cá, tivemos algumas tragédias ambientais no mundo real, mas agora vocês vão falar de uma tragédia silenciosa, que é a poluição do ar, que a gente não vê. Como você trabalhou as referências à poluição?
Felipe Binder - Arapós é baseada em cidades do interior que sofreram problemas ambientais. Criamos também um conceito através da poluição da fumaça e das cores. Talvez a nossa maior arma tenha sido produzir imagens de coisas que estão acontecendo agora e que refletem essa poluição toda.
Como foi dirigir o Joaquim de Almeida e como você acha que ele contribuiu para enriquecer a trama de ‘Aruanas’?
Felipe Binder - Foi um prazer enorme ter tido o Joaquim com a gente. Eu sempre pensei nele para fazer o personagem Robert Johnson, porque encontrar um ator com um sotaque britânico impecável é algo que precisa de muita disciplina. E isso era um critério. Eu sou um grande admirador do Joaquim e já tinha visto muitos trabalhos dele, inclusive, na Inglaterra. Além disso, ele é um ator de muita experiência, um ator globalizado, e a nossa relação foi desde o começo muito natural. Eu peguei o telefone e liguei para ele do nada e ele aceitou. Às vezes acontecem essas maluquices, né? A gente tem uma ideia e nunca custa tentar. Ele foi um lord e foi muito disponível, e fez com que tudo funcionasse. Foi muito bacana tê-lo no set. Ele é um grande ator, com uma presença na câmera gigantesca, que traz uma credibilidade para o personagem que é realmente única.