''No começo eu chorava muito por causa do drama das pessoas'', alega o repórter Marcio Canuto sobre início no jornalismo comunitário

Divulgação Rogério Pallatta/SBT

Marcio Canuto é o convidado do 'The Noite' desta quinta-feira (24). Um dos repórteres mais carismáticos da TV. São vários anos de carreira na telinha e um estilo inconfundível. O jornalista fala sobre sua trajetória profissional e dos eternos memes, que surgiram em uma época que não tinha a força das redes sociais. 

Canuto iniciou no jornalismo esportivo ainda adolescente. Tornou-se editor de jornal impresso com apenas 18 anos de idade.

“Eu sou repórter desde os meus 16 anos. A televisão foi um caminho interessante, porque eu levei muito tempo para entrar para televisão, porque a televisão não tinha em Maceió, só teve em Maceió a partir de 1975, quando teve a inauguração da TV GAZETA de Alagoas, até então, eu fazia jornal [impresso], com 16 anos eu era repórter, com 18 eu era editor da página, para ver como foi uma coisa rápida [...].  Eu sempre fui muito dedicado e talvez esse seja o segredo, quando eu comecei a escrever e me dediquei a ler livros, acompanhar jornal, eu comprava jornal do Rio e de São Paulo para ver, inclusive, a diagramação”, declara o repórter que no programa virou o entrevistado.

De personalidade inconfundível, Marcio estreou na TV afiliada da Globo em Maceió. Sua 1ª matéria de rua foi a reinauguração do estádio Rei Pelé, onde o Rei estava para presenciar o evento. O convidado defende que é muito grato por Maceió e que de início, não teria oportunidade em São Paulo.

“A primeira matéria, eu fiz na marra. Ligaram para Maceió e falaram que tinha que fazer a reinauguração do Estádio Rei Pelé e um Jogo Brasil e Irlanda do Norte, preparação da copa do mundo, não tinha ninguém, era apenas eu. A primeira matéria que eu fiz na minha vida encerrou o Globo Esporte, foi destaque da edição nacional e ainda foi reproduzida na íntegra no Jornal Nacional”, diz o comunicador. 

“Eu devo isso a Macéio. Se eu chego aqui em qualquer emissora de São Paulo, grandão, careca, rouco, não vão me dar uma chance”, completa Marcio. 

O repórter mudou para São Paulo a convite do diretor de jornalismo da Globo, a emissora via em Canuto um bom perfil para ser “Fiscal do Povo”. Por suas matérias, ganhou o título de cidadão paulistano. No estilo do jornalismo comunitário, comandou o SPTV Comunidade. Ele comenta um pouco do programa, em que pôde dar visibilidade aos moradores de regiões precárias e cobrar da prefeitura melhorias aos cidadãos.

“Vim para São Paulo e foi uma das coisas mais fantásticas. Valeu a pena. Acima de tudo não é o dinheiro, não é a oportunidade, não é a visibilidade, é você ter chance de você ajudar o povo, o povo carente, você vira o guardião deles, um escudeiro ao lado deles. E quantas confusões e coisas a gente conseguiu. Na época, fizeram uma pesquisa, no total de vários anos, em três anos a gente tinha ajudado de forma direta e indireta 4 milhões de pessoas, são duas vezes o estado de Alagoas, que é a minha terra”.

E ainda fala dos traumas e da sua sensibilidade: “É uma coisa que me motiva. No começo eu chorava muito por causa do drama das pessoas, e você não pode ser insensível. Você acompanha, você sente de perto o drama daquele pessoal, daquela família, daquela comunidade, daquela região, então, essa coisa me perturbava muito, muitas vezes eu não ia para casa, eu ia para o cinema, eu ia para algum lugar para poder desanuviar essa situação e ter de volta a tranquilidade e a calma”.

Marcio Canuto foi o pai dos memes na televisão. Protagonizou o meme do Cachorro, uma entrevista em que um menino não entendeu a pergunta do jornalista, que questionava “o que ele achou” dos ossos de dinossauros em um museu. “Cachorro, que cachorro? Eu não sou cachorro, não!”, responde a criança. Canuto fez outra matéria, mostrando o dia a dia do garoto do meme.

“Nessa época, não tinha nem rede social ainda, na primeira semana teve 14 milhões de visualizações, foi uma loucura essa história. Esse menino é maravilhoso”, expõe sobre o clássico meme.

Em uma matéria na Escola de Peões, montou num touro e se machucou. Também fez uma matéria comemorando 10 anos de aniversário de um buraco na rua: “O pessoal preparou um bolo, eu peguei uma boa parte da comunidade, coloquei dentro do buraco e entrei lá com eles. Era uma cratera. E o prefeito ao vivo, ele ficou surpreso e impactado”, expressa o convidado.

Em outra reportagem, na fila do show da Madonna, Canuto deu um tapa em um entrevistado. Ele ficou com medo de ser demitido: “Eu adoro o ao vivo porque é isso, coisa inesperada, hoje eu já estaria demitido. Mas há pouco tempo, depois de anos e anos, em uma postagem dessas, o menino que eu dei o tapa colocou: ‘olha, Canuto, eu lhe agradeço muito, porque eu sou muito conhecido aqui em Fortaleza pelo tapa que você me deu’”.

O repórter cobriu desfiles das escolas de samba de São Paulo. Em 1998, ele foi à França para a cobertura da Copa do Mundo. E apesar do tom bem-humorado, era escalado para coberturas sérias, como o plantão da morte de PC Farias. Com 76 anos de idade  e 60 de profissão, o mestre do jornalismo afirma que adora estar no meio do povo: “Eu gosto de ficar no povo, eu gosto daquela energia, daquela confusão, daquela vibe”.

O The Noite é apresentado por Danilo Gentili e vai ao ar de segunda a sexta-feira, no SBT. Hoje, 00h30.

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