Em 'Travessia', Wesley se transforma em Lucía Del Mar e sobe ao palco pela primeira vez

Wesley (Gero Camilo) e Brisa (Lucy Alves) no camarim da boate
 Divulgação Globo/Manoella Mello

Agora que a boate comandada por Divina Valéria já tem data para abrir na novela das nove, Vila Isabel vai ganhar um novo estabelecimento em 'Travessia'. Nos capítulos previstos para irem ao ar a partir desta terça-feira, dia 11, ocorre a estreia da casa de shows Isabelita’s, com a participação especial de Isabelita dos Patins e Suzy Brasil, além de Narcisa Tamborindeguy, que aparece na plateia curtindo o espetáculo ao lado de outros personagens. 
  
A empolgação toma conta de todos, em especial do enfermeiro Wesley (Gero Camilo), que subirá ao palco pela primeira vez como a drag queen Lucia Del Mar. Quem o ajuda com o figurino e os últimos detalhes antes do show é Brisa (Lucy Alves), que conseguiu um emprego no local. Para fazer as cenas, o ator passa por uma caracterização que dura mais de 2 horas. “Esse trabalho é inédito pra mim. Eu estou criando pela primeira vez dois personagens, nem o cinema ou o teatro me deram isso. A televisão está me dando. E a novela consegue adentrar nesse universo e tratá-lo de forma real, social e com acolhimento”, diz Gero, referindo-se a oportunidade de interpretar dois personagens em um.  
  
Segundo a cenógrafa Cleo Megale, o cenário da boate, que ocupa 210 metros quadrados, é composto por vários ambientes e demorou cerca de 30 dias para ficar pronto, considerando a obra e a montagem da decoração. “A boate tem um camarim coletivo, palco com coxia, bar, salão com capacidade para 15 mesas, um grande lounge, mezanino e uma pequena galeria de fotos homenageando transformistas da equipe e nomes que se destacam no universo brasileiro. O espaço foi concebido em um local amplo de nossa cidade cenográfica, onde adaptamos todos os ambientes para compor o universo da boate”, adianta. 
  
Divulgação Globo/Manoella Mello

Estabelecimentos da vida real inspiraram a construção da boate de ‘Travessia’. “Fizemos uma vasta pesquisa e coletamos uma série de referências de casas de espetáculos e camarins característicos para compor esse rico universo. A decoração teve sua composição inspirada na diversidade, utilizando muitas cores e brilhos”, completa Cleo, que destaca ainda que o cenário foi todo construído com elementos de um verdadeiro teatro. “Usamos cortinas maquinadas, reguladores, bambolinas, ribalta e material necessário para compor os shows.  O acervo da TV Globo foi fundamental para arrumar a decoração da boate com adereços e mobiliários. Manequins foram adaptados para serem abajures, além de variadas molduras de quadros usadas para compor as paredes, assim como boias em forma de flamingos. A produção de arte também colaborou com vários elementos. Para o camarim, contamos com a ajuda da caracterização e do acervo de figurino com perucas, roupas, sapatos, bijuterias, chapéus e adereços em geral”, explica Cleo. 
  
Dedicada ao núcleo envolvido na boate, a diretora Britney Federline fala da estética escolhida pela direção, especialmente para essas cenas. “Além da tão famosa bandeira do arco-íris, buscamos ter também as bandeiras que representam o orgulho trans, os não-binários, os bissexuais, entre outros. É muito especial estar dirigindo esse núcleo da novela e trabalhar com artistas que tenho muita admiração, e poder contribuir com meu olhar e experiência para agregar na construção desse ambiente”, diz a diretora, que ressalta ainda a importância de tratar o tema na novela: “A pauta LGBTQIAP+ nem sempre é acolhida por todos, mas lugares como a casa de shows Isabelita’s são espaços em que todas as pessoas são bem-vindas e acolhidas”.
  
‘Travessia’ é criada e escrita por Gloria Perez, com direção artística de Mauro Mendonça Filho, direção de Walter Carvalho, Andre Barros, Mariana Richard e Caio Campos. A produção é de Claudio Dager e Tatiana Poggi, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim. 
  
Confira a entrevista com Gero Camilo: 
  
Como surgiu a oportunidade de fazer o Wesley em Travessia? 
Recebi o convite em meados do ano passado (julho/agosto), antes de a novela começar. E o que já me deixou muito feliz foi por ser o Maurinho (Mauro Mendonça Filho - diretor artístico), porque eu já tinha trabalhado com ele há 10 anos, em ‘Gabriela’. O Wesley foi um personagem que foi chegando. Na minha memória afetiva de criação artística, ele foi sendo gestado esse tempo todo, enquanto a trama se desenvolvia. 
  
Como você define Lucía Del Mar? 
Ela é uma castelhana quase italiana. Estou criando um linguajar muito próprio pra ela, então, ela pode misturar francês com português, com espanhol, com italiano. Ela é muito mais uma expressão artística. O Wesley tem uma personalidade muito própria, e uma ética no seu trabalho. A Lucía Del Mar é condição desse próprio aprisionamento do Wesley, dentro dessa condição social. Ela é um delírio dele, de uma possibilidade, que se torna real também porque se transforma em algo artístico. Esse trabalho é inédito pra mim. Eu estou criando pela primeira vez dois personagens, nem o cinema ou o teatro me deram isso. A televisão está me dando. 
  
Qual a sua expectativa em relação a repercussão dessa drag? 
Estamos vivendo em um país que está entendendo cada vez mais e se abrindo para esse espaço LGBTQIAPN+, então é onde eu consigo me sentir super à vontade de fazer. Em ‘Gabriela’, eu fazia a Miss Pirangi, que é um personagem criado pelo Jorge Amado. Era uma obra fechada, onde qualquer adaptação que houvesse ali seguiria uma regra. Agora, em ‘Travessia’, a Gloria vai indicando os caminhos, mas tanto ela quanto o Maurinho são muito abertos para uma conversa no processo criativo, os dois me escutam muito, então eu estou me sentido super à vontade em criar essa duplicidade de personagens. 
  
O que você acha de a arte drag ser abordada na novela das nove? 
Eu acho maravilhoso. Ler os roteiros e as orientações para o meu personagem me fortalece. E a novela consegue adentrar nesse universo e tratá-lo de forma real, social e com acolhimento. 
  
Como tem sido contracenar com a Divina Valéria? 
Eu sou amigo da Divina por causa da Phedra de Córdoba, que era muito amiga dela. Então, a Phedra nos uniu. Eu tenho uma admiração profunda pela Divina e pelo trabalho dela. E a Divina, dentro dessa diversidade dos gêneros e da comunidade LGBQIAPN+, é uma Edith Piaf, ela é uma grande artista. A Divina foi uma das desbravadoras desse universo. 
  
De que forma você se preparou para viver a Lucía? 
Eu nunca criei uma drag na minha vida. Então, pesquisei muito, fiquei vendo vídeos de várias drags do país e do estrangeiro, fiquei vendo séries que falavam desse universo. 
  
Além da dublagem das músicas, vai ter algum número de dança especial? 
Sim. Eu danço desde sempre, ainda na Escola de Arte Dramática da USP, eu dancei muito, então eu tenho intimidade com a dança e eu costumo, em todos os meus trabalhos, começar a construir os meus personagens a partir da dança, mesmo que sejam personagens super-realistas, mas eu sempre puxo o gestual dele como dança. Eu acho que isso é o que está me facilitando a me dar muito bem com esse universo da dança. Além disso, a coreógrafa Sandra Regina Ferreira está me ajudando muito nessa preparação corporal. 

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