'Iracema – Uma Transa Amazônica' está de volta, mais atual do que nunca no retrato da crise ambiental


Lançado em 1974 e censurado pela ditadura militar, IRACEMA – UMA TRANSA AMAZÔNICA retorna aos cinemas brasileiros a partir de 24 de julho em versão restaurada em 4K. Além disso, no Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, o filme reaparece como um alerta ainda atual, denunciando, com imagens reais, os efeitos da ocupação violenta da Amazônia. Meio século depois, Iracema continua provocando reflexão sobre a degradação ambiental, a exploração de corpos e territórios e a fragilidade das políticas socioambientais no Brasil.

Dirigido por Jorge Bodanzky e Orlando Senna, o filme cruza documentário e ficção para acompanhar uma jovem indígena e Tião Brasil Grande, um caminhoneiro encantado pelo progresso prometido pela Transamazônica. Ao longo da história, vemos o lado oculto desse “milagre econômico”: queimadas, desmatamento, exploração sexual, grilagem e um cotidiano de violações normalizadas em nome do desenvolvimento. As imagens captadas em 16mm, com câmera na mão e som direto, registram situações reais e improvisadas que expõem a floresta sendo desfigurada diante dos nossos olhos.

Embora o desmatamento na Amazônia tenha caído 7% em 2024, a floresta ainda é vítima da degradação - que inclui danos como queimadas e garimpo. Segundo o Imazon, a degradação atingiu 36.379km² no último ano, um aumento de 497% em relação a 2023. É a maior área degradada já registrada em 12 meses, desde o início das medições em 2009.

Mesmo com avanços em políticas de combate ao desmatamento, a floresta continua sob intensa pressão, tornando as denúncias feitas por IRACEMA ainda mais pertinentes. Como analisa a pesquisadora Naara Fontinele, a obra antecipa debates sobre violência ambiental e social, apontando para uma lógica de destruição que persiste até hoje.

A restauração foi coordenada por Alice de Andrade, com apoio de instituições brasileiras e alemãs. A nova cópia digital resgata não apenas o impacto estético do filme, mas seu valor histórico como documento audiovisual da devastação da floresta, num tempo em que mal se falava em direitos ambientais ou proteção a comunidades tradicionais. “O filme mostra um Brasil real, que já estava lá, só que ninguém queria ver. Agora as pessoas veem, mas ainda fingem que não existe”, resume o diretor Jorge Bodanzky.

O filme já foi premiado no Festival de Brasília, exibido na semana de realizadores em Cannes e recentemente foi exibido no Festival de Berlim e no Festival do Rio em comemoração aos 50 anos de sua realização. O relançamento da obra é uma distribuição GULLANE+ e chega aos cinemas em 24 de julho.

Anderson Ramos

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