DORMIR DE OLHOS ABERTOS, filme da cineasta alemã Nele Wohlatz, estreia nesta quinta-feira nos cinemas. O longa é uma comédia silenciosa que retrata a experiência dos imigrantes no Brasil através do olhar de uma diretora que, ao filmar em Recife, se reconheceu nas histórias de imigrantes que também tentam encontrar pertencimento longe de casa.
O filme acompanha a história pelo olhar de Kai, que vem de Taiwan passar férias no Brasil e conhece outros estrangeiros que pulam de cidade em cidade em busca de trabalho. Entre encontros e desencontros, ela se conecta com as histórias dessas pessoas — especialmente a de Xiaxin — e tenta decifrar um país e uma cultura muito diferentes dos seus. A obra é uma coprodução entre Brasil, Argentina, Taiwan e Alemanha e é distribuída pelo projeto Sessão Vitrine Petrobras.
DORMIR DE OLHOS ABERTOS entra em cartaz hoje nos cinemas das seguintes cidades: Aracaju, Belo Horizonte, Campinas, Caxias do Sul, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Guaxupe, João Pessoa, Manaus, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo e Teresina.
Para estrelar esta comédia silenciosa de mal-entendidos com uma dramaturgia bem longe do tradicional, a cineasta Wohlatz recrutou atores iniciantes e profissionais, como o argentino Nahuel Pérez Biscayart, de ''120 Batimentos por Minuto''. O longa-metragem é falado em mandarim, português, espanhol, inglês e alemão.
Para Wohlatz, nascida na Alemanha e radicada por mais de uma década na Argentina, o filme nasce da experiência de ser estrangeira e da percepção de que o pertencimento pode se dissolver entre fronteiras. Sua investigação começou a partir de entrevistas com a comunidade chinesa de Recife, conduzidas ao lado da atriz Xiaobin Zhang, protagonista de seu longa anterior, FUTURO PERFEITO (Leopardo de Ouro em Locarno). ''Duas estrangeiras, ambas já não se sentindo em casa, buscavam entender a sensação de não pertencer'', recorda a diretora.
Em entrevista recente ao jornalista Bruno Carmelo, a diretora relembra o ponto de partida do filme: ''surgiu a vontade de fazer um filme sobre pessoas que se mudam sempre, mas nunca chegam a lugar nenhum. (...). Perder o sentimento de pertencimento é algo que pode acontecer a todos nós, em qualquer momento da vida, mesmo quando ainda moramos no lugar onde nascemos''.
Um dos produtores do filme, o cineasta Kleber Mendonça Filho elogia a produção: ''O filme é lindo e apresenta um ponto de vista sobre o Recife e sobre o Brasil, a partir do estrangeiro, nunca antes visto. Poliglota, contém graça, estranheza e Gal Costa''.
Lançado mundialmente no Festival de Berlim, DORMIR DE OLHOS ABERTOS foi eleito o melhor filme na mostra Encontros pela Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Em seguida, fez um longo percurso com passagens por alguns dos festivais mais importantes do mundo, como IndieLisboa, Kárlovy Vary, San Sebastián, Mostra de Cinema de São Paulo e Festival do Rio, sua estreia nacional, com uma sessão apresentada por Kleber Mendonça Filho.