A Memória do Cheiro das Coisas traz reflexão sobre racismo, envelhecimento e redenção em coprodução luso-brasileira

Foto: Divulgação

O tempo tirou de Arménio a fortaleza do corpo e seu novo lar é uma casa de repouso para idosos. O isolamento e a amargura o afastaram da família e suas relações mais próximas são com os profissionais que cuidam dele. A chegada de Hermínia, sua nova enfermeira, tira as coisas de lugar. Mulher negra, ela destrava traumas e preconceitos do veterano de guerra que aprendeu a reconhecer inimigos pela cor da pele.

Construído como eco do colonialismo na África, A Memória do Cheiro das Coisas, novo filme do português António Ferreira, intercala temas complexos e necessários: envelhecimento, solidão, racismo, redescoberta. Coproduzido pela brasileira Muiraquitã Filmes, o longa fará sua estreia nacional na Mostra de Cinema de São Paulo e chegará aos cinemas brasileiros em 30 de outubro com distribuição da Bretz Filmes.  

Para o diretor, o personagem lhe permite abordar muitos temas: ''Sua relação com o passado é complexa, especificamente com os negros, outrora 'os inimigos'. Um homem que superou a violência da guerra, acostumado a ser independente, com toda a sua rudeza, se vê agora debilitado e em posição de vulnerabilidade nas mãos de uma mulher negra, tendo que lidar com seus preconceitos, tentando manter um equilíbrio entre sua autonomia e a necessidade de ser cuidado'', explicou Ferreira.

O diretor afirma também que seu filme é uma homenagem aos trabalhadores que dedicam suas vidas a cuidar de outras vidas: ''Por esse motivo, imagens 'documentais' de asilos reais intercalam a narrativa de ficção'', diz o cineasta. O filme é estrelado por Mina Andala e José Martins, que venceu o prêmio de melhor ator no Festival Internacional de Cinema de Shanghai, na China, onde A Memória do Cheiro das Coisas estreou mundialmente. 

''Meu objetivo é que possamos observar os mecanismos por trás de tantos ‘Arménios’ na sociedade portuguesa: toda uma geração de homens atirada para a guerra, vítima de uma lavagem cerebral que desumanizou o negro. Ao ser forçado a esse contato, o outro se humaniza, se torna mais próximo e, em última análise, igual a nós'', conclui.

Anderson Ramos

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