Globosat nega ter se envolvido nas negociações entre NET, Sky, Claro TV e o Esporte Interativo


A primeira rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa, com jogos na terça-feira (15) e quarta (16), foi acompanhada apenas por uma pequena fração (cerca de 12%) dos assinantes de TV paga no Brasil. Isso porque o Esporte Interativo, que detém os direitos de transmissão do evento desde outubro de 2014, está presente somente nas operadoras Oi, GVT e TV Alphaville, além de outras regionais. A emissora e as maiores operadoras de televisão por assinatura do Brasil, NET/Claro e Sky (que detêm cerca de 80% dos assinantes do país), vivem um imbróglio e o Esporte Interativo não consegue espaço nessas grades de programação.

Nesta sexta-feira (18), Em entrevista à Folha, o ex-presidente e atual vice-presidente sênior de conteúdo esportivo do Esporte Interativo, Edgar Diniz, explica os motivos que ele acredita terem causado o impasse que limitou a penetração do canal nas maiores operadoras.

"No início de agosto, nós tínhamos praticamente fechado um acordo com duas grandes operadoras do país, com as bases financeiras acertadas. Quarenta e oito horas depois do acerto, ambas voltaram atrás. Nesse meio tempo, aconteceu um discurso de um importante executivo de uma emissora em feira da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura, no qual ele dizia que havia loucos à solta no mercado, referindo-se à Turner", conta Diniz. A Turner, gigante americana da área do entretenimento, é sócia-majoritária do Esporte Interativo.

Ainda que evite citar nomes, no período citado por Diniz aconteceu fala de Alberto Pecegueiro, diretor-geral da Globosat, na ABTA, em que ele falava de "loucos à solta", referindo-se aos valores investidos por emissoras na aquisição de direitos de transmissão, entre elas a Turner, a atuação do grupo Discovery na Europa e também a Al-Jazeera. Na mesma ocasião, uma mesa-redonda que tratava da relação entre os valores investidos na compra de direitos de transmissão e seu efeito na cadeia de valores do mercado, ele disse que cabia às operadoras dar o limite a esse tipo de "loucura". A Globosat controla a SporTV, concorrente do Esporte Interativo.

"E as operadoras que voltaram atrás não reclamaram dos nossos preços, que são substancialmente inferiores. Foi uma reviravolta que nos gerou uma preocupação muito grande. A gente estranha se tiver alguma interferência indevida no mercado", continua Diniz.

Procurando pelo site  Folha de SP, Pecegueiro negou qualquer espécie de interferência nas negociações entre Esporte Interativo e as operadoras.

"Não tenho nenhuma participação nessa negociação. Eu não tenho nada a ver com a relação da Tuner com as operadoras. Atribuir à minha fala qualquer revés nas negociações com o Esporte Interativo, eu acho quase cômico. Você acha que uma frase é capaz de impedir uma negociação de uma empresa do tamanho da Turner com as operadoras?", explicou.

"O Edgar está se baseando muito no discurso da Fox há alguns anos, que em algum momento tentou vilanizar a Globosat. A própria entrada da Fox Sports nas operadoras mostra que a Globosat não tem nada a ver com isso", acrescenta, lembrando das dificuldades que a Fox Sports teve inicialmente para negociar espaço nas grades das operadoras.

"Não praticamos qualquer tipo de veto junto às operadoras. Essa história é velha, e a Fox Sports está aí para provar", diz Pecegueiro.

"Toda a negociação por direitos esportivos envolve uma lógica de negócios. A gente vê no mundo, e não só no Brasil, algumas tentativas que carecem dessa lógica. Isso encarece toda a cadeia de valor do mercado", conclui, explicando sua fala sobre "os loucos no mercado."


Para o presidente do Esporte Interativo:

No texto, a emissora afirma que o entrave nas negociações com as principais operadoras de televisão por assinatura do Brasil não seria o preço, já que o Esporte Interativo estaria pedindo valores inferiores a todos os demais concorrentes, e que por isso não precisariam ser repassados às mensalidades dos assinantes.

Para o ex-presidente do Esporte Interativo, que ressalta não fazer nenhuma acusação, o ideal para todos seria manter as condições da livre concorrência.

"Para alguns competidores, a concorrência pode não ser boa. Mas para as operadoras, é interessante se aprimorar, melhorar suas grades, para se destacarem e atraírem mais assinantes. Com mais variedade, elas também têm menos dependência de alguns canais. Para o consumidor, é ótimo ter contato com programas de qualidade, como a própria Liga dos Campeões", afirma Diniz.

"Queremos que o mercado funcione de forma livre. A competição é saudável. Qualquer movimento que iniba a competição, não vai prevalecer", diz.

Mesmo diante desse cenário, Diniz explica que as conversas com as operadoras continuam, e que não tem interesse em acionar qualquer órgão fiscalizador do mercado, como o Cade (Conselho Administrativo da Defesa Econômica).

Lembrou do caso semelhante com o Fox Sports:

Quando chegou ao Brasil, a Fox Sports viveu dificuldade semelhante na busca por espaço, só superada após pressão dos assinantes e longas negociações.

Nos últimos 25 anos, a ESPN transmitiu a competição no Brasil, e como tem espaço nas grades das operadoras, não houve maiores problemas para os interessados acompanharem a Liga dos Campeões.

"Nós queremos estar na casa de todos os assinantes de televisão paga do Brasil", conclui Diniz, que classifica a transmissão da primeira rodada da Liga dos Campeões pelo seu canal como "espetacular."

"Quem assistiu, gostou", avalia.

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