Imagem/Divulgação TV Brasil |
Para lembrar o talento e a criatividade do saudoso romancista Ariano Suassuna, a edição inédita do programa Recordar é TV resgata um conteúdo raro preservado no acervo da emissora pública.
A produção apresenta nesta terça (27), às 22h45, na TV Brasil, uma entrevista do autor para o jornalista Araken Távora no especial "Os Mágicos", exibido pela TVE/RJ em 1979. Os trechos selecionados celebram a vida e a obra desse grande defensor da cultura do Nordeste que escreveu clássicos como "Auto da Compadecida" (1955).
Inspiração para o clássico "Auto da Compadecida"
Durante a conversa, Ariano Suassuna discorre sobre literatura e menciona as encenações inéditas que redigiu. Entre outros assuntos, o experiente escritor fala sobre a inspiração para elaborar uma de suas obras mais importantes, a peça teatral "Auto da Compadecida".
O drama combina cultura popular e tradição religiosa. Conhecido no país e no exterior, o texto reúne elementos da literatura de cordel, do gênero comédia e, ainda, traços do barroco católico brasileiro. Referência no teatro nacional, "Auto da Compadecida" tem personagens como o folclórico João Grilo.
Além das diversas montagens nos palcos, a peça foi adaptada mais de uma vez para o cinema. A obra ganhou versão na sétima arte nos filmes "A Compadecida" (1969) com direção de George Jonas, "Os Trapalhões no Auto da Compadecida" (1987), de Roberto Farias e "O Auto da Compadecida" (2000), adaptação de Guel Arraes para as telonas que foi editada no ano anterior para a televisão.
Histórias da infância e visibilidade para cultura nordestina
À vontade em sua casa no Recife, às margens do Rio Capibaribe, o escritor conta histórias de sua infância e juventude. Entre os temas que aborda na conversa, Ariano Suassuna explica como se tornou dramaturgo e romancista ao destacar a importância da biblioteca de seu pai.
A partir da produção intelectual de Ariano Suassuna, a cultura nordestina alcançou o status de maior representante da arte popular brasileira. O paraibano foi um mestre em sintetizar elementos e figuras do povo nordestino com obras clássicas da literatura universal.
Muito exigente como criador artístico e dona de uma disciplina rigorosa, Ariano Suassuna escreveu para o teatro, fez poesia e também redigiu romances. Ele possuía uma relação íntima com a arte de contar histórias. O legado deixado pelo escritor e sua contribuição para a cultura popular brasileira são inegáveis.
Esta mistura de gostos e expressões fez Ariano se consagrar como um dos maiores autores do país. O imortal da Academia Brasileira de Letras tomou posse em 1990. Dramaturgo, romancista, ensaísta e poeta, Ariano Suassuna foi o sexto ocupante da cadeira 32 cujo patrono é Manuel José de Araújo Porto Alegre, o barão de Santo Ângelo.
O jornalista e escritor Zuenir Ventura o sucedeu em 2014. Ariano Suassuna faleceu no Recife em 23 de julho daquele ano vítima de uma parada cardíaca, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) dois dias antes. O dramaturgo tinha 87 anos.
Com opiniões fortes que marcaram sua trajetória, fez palestras cujos vídeos hoje circulam pelas redes sociais. Em sua carreira, Ariano Suassuna envolveu-se com a política, verve que corria em seu sangue.
O escritor era filho do político João Suassuna que entre 1924 e 1928 foi presidente da Paraíba, cargo que corresponde hoje ao de governador. Foi assassinado no Rio de Janeiro, então capital da República Velha, em 1930.
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