'Sem Censura' da TV Brasil debate a importância da preservação de acervos históricos


Em um mundo cada vez mais digital em que as telas e redes substituem o papel velozmente, o desafio de preservar o acervo analógico torna-se uma prioridade. Além de garantir e proteger a informação, a digitalização de obras de arte, peças literárias, jornais, revistas e toda a gama de documentos permite a divulgação e o acesso universal ao seu conteúdo. Esse é o tema do programa Sem Censura, que vai ao ar na quarta-feira, dia 28, às 17h30, na TV Brasil

Mediado pela apresentadora Vera Barroso, o Seminário Memória, Identidade e Futuro, promovido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio, reuniu especialistas em acervo, que debateram o futuro desse patrimônio. O programa foi gravado no dia 13 de novembro. Hoje, o acervo da EBC conta com 1.365.248 documentos audiovisuais, textuais, fonográficos e fotográficos armazenados em suportes físicos (fitas magnéticas, mídias digitais, papel, filmes, entre outros). 


No debate, o coordenador de Comunicação e Informação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Adauto Candido Soares, ressaltou a necessidade de dar acesso à memória por meio das redes digitais. 


“A Unesco trabalha com o conceito de sociedades do conhecimento, que pensam nas bases de dados que vieram de uma sociedade da informação e nas gerações futuras, no uso das novas tecnologias inclusivas. Mas a história precisa estar acessível em todas essas plataformas. A Unesco pensou nisso quando criou o programa Memória do Mundo, que é uma forma de estruturar o patrimônio documental da humanidade”, observa Adauto.


Na avaliação da pesquisadora Rita Marques, especialista em preservação audiovisual, o Brasil está atrasado na digitalização de acervos, comparado a outros países. Ela trabalha no setor há 35 anos e se preocupa com a garantia de acesso à informação nas diversas plataformas ao longo do tempo, com as mudanças tecnológicas. 


“O Brasil está muito atrasado neste processo de digitalização das mídias analógicas, como fotografias e documentos, que começou no mundo a partir de 1994, quando a internet passou a atuar de uma forma mais ágil e as empresas iniciaram a digitalização do seu material. Nós ficamos para trás. Começamos a discutir isso a partir do ano 2000. Temos no mínimo 10 anos de atraso em relação aos países desenvolvidos. É uma corrida contra o tempo, contra a obsolescência dos equipamentos e a degradação dos materiais”, diz Rita. 


Segundo ela, a EBC tem um acervo importantíssimo, principalmente em relação aos registros radiofônicos. “Aí está a história da comunicação de massa no Brasil, que começou com o rádio. Este material é de um valor inestimável e ele é recuperável. Na parte audiovisual também, pois nós temos uma escassez muito grande de imagens em movimento das décadas de 70 e 80, e a EBC tem este material”, afirma a pesquisadora.


O acervo da EBC conta com raridades audiovisuais e radiofônicas que vão desde os manuscritos da primeira radionovela brasileira ("Em busca da felicidade"), que foi ao ar pela Rádio Nacional, em 1941; até a narração feita por Jorge Cury e Oswaldo Moreira, acompanhados do comentarista Guilherme Sibemberg, da vitória do Brasil na Copa do Mundo da Suécia, em 1958.


Há ainda pérolas como os episódios da série “Pluft, o Fantasminha”, primeira produção infanto-juvenil em cores da tevê brasileira. Estrelada por Dirce Migliaccio, interpretando Pluft, a série foi uma coprodução da TVE-RJ e da Rede Globo.



As origens do acervo da EBC remontam à primeira rádio do Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada em 1923 por Roquette Pinto – atual Rádio MEC, à Rádio Nacional do Rio de Janeiro, fundada em 1936, à TV Educativa do Rio de Janeiro (TVE) e à Radiobrás, a partir de 1975. 


O conjunto de produções dessas emissoras, herdado legalmente pela empresa, se une aos conteúdos realizados atualmente pelos veículos EBC.O acervo histórico enfrenta hoje desafios inerentes à manutenção e à disponibilização de conteúdos audiovisuais, radiofônicos e fotográficos, raros e caros para a sociedade.


Também participaram do Seminário Memória, Identidade e Futuro Hernani Heffner, membro da ABPA (Associação Brasileira de Preservação Audiovisual) e curador adjunto e conservador-chefe da Cinemateca do MAM; e Marcos Tavolari, secretário de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual do Ministério da Cultura.

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