Professora de fotografia para pessoas cegas é a entrevistada do programa Impressões na TV Brasil

Divulgação TV Brasil
Fotógrafa, videomaker, analista internacional, Hoana Gonçalves é a convidada para uma conversa no programa Impressões desta segunda (7), às 23h, na TV Brasil. Ela tem vários títulos, mas o que mais se orgulha é ser professora de fotografia para pessoas cegas.

Formada em Relações Internacionais, Hoana acabou caminhando para o mundo das imagens. "Desde o início, eu queria mais pela linguística, mais pelas pontes, por ligar países, pessoas. E acho que tudo tem a ver com o trabalho que faço hoje", analisa.

O trabalho com fotografia a levou a um desafio que poucas pessoas no mundo fazem: ensinar pessoas cegas a fotografar. Hoana conta que entrou num projeto da faculdade de Poéticas Contemporâneas e quis direcionar seu trabalho para pessoas cegas.

"Foi pela pesquisa científica que eu cheguei nesse assunto e acabei percebendo que não tinha ninguém que pesquisava isso, que em Brasília nunca tinha tido aulas de fotografia para cegos", conta.

A percepção de mundo dela mudou após começar a trabalhar com pessoas cegas. Hoana costuma usar a expressão "foto para sentir" para se referir a esse ofício. "Sentir a foto é muito mais de algo que vem de dentro do que da visão em si. E, hoje em dia, com aparelhos fotográficos, a gente pode perceber o que quer mostrar e conseguir mostrar isso, mesmo sem visão".

Na prática, o começo do trabalho não foi fácil. Ela reuniu um grupo de cegos que frequentavam uma biblioteca braile que tem ao lado de sua casa e se sentiu perdida, porque não havia material prático nem teórico sobre o assunto.

Foi uma construção conjunta: ela ensinando como o seu mundo visual funcionava num aparelho fotográfico e os alunos cegos mostrando que a percepção de mundo deles era diferentes e maior.

"As primeiras vezes que eu fui ensinar, tinha gente que segurava o aparelho fotográfico e não sabia se ele ia sair na foto ou se saía o que estava na frente. E eu fui percebendo que a visão deles é de 360 graus, e para eles é tudo uma coisa só", conta. Hoana diz que percebeu que sua visão era limitada por só enxergar para frente enquanto para eles não havia limitações de espaço.

Nas oficinas de fotografia, eles desenvolveram as fotografias táteis, com pequenos furos no papel fotográfico para que as imagens feitas pudessem ser vistas pelos alunos cegos. "Eles ficam emocionados ao perceber eles retratados nas fotos".

Seu trabalho chama a atenção para a inclusão social de pessoas com deficiência, mas também para as limitações de quem enxerga. E faz um alerta para o excesso de informações do mundo de hoje.

"É difícil a gente imaginar porque acha que tudo é só pela visão. Inclusive, hoje em dia, as pessoas estão com a visão muito poluída, é muita informação visual, e a gente fica naquele esquema de quase não ver mais de tanto que a gente vê".

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