Participação feminina em pesquisas científicas é tema do Caminhos da Reportagem

Divulgação TV Brasil
O programa Caminhos da Reportagem que a TV Brasil leva ao ar no domingo (21), às 20h, revela que ainda é pequena a representatividade feminina nas pesquisas científicas. As mulheres são metade da população mundial mas elas ainda representam apenas 28% dos pesquisadores. 

A boa notícia é que no Brasil houve uma redução significativa desta desigualdade de gênero nas últimas décadas, como mostra o episódio "Cientista: substantivo feminino". A parcela de pesquisadoras no país passou de 38% para 49%. 

Em ciências humanas, biologia e medicina a presença de mulheres é maior. Mas quando considera-se as chamadas STEM - abreviação em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática - as cientistas correspondem a somente um quarto dos pesquisadores.

A atração jornalística entrevistou Marcelle Soares-Santos, representante desta ainda pequena parcela de mulheres que escolheram a área das exatas como profissão. Formada em física pela Universidade Federal do Espírito Santo, com doutorado na Universidade de São Paulo e pós-doutorado em Chicago, nos Estados Unidos, a cientista estuda a origem do universo. Em 2019, foi contemplada com uma bolsa da Fundação Alfred P. Sloan, sediada em Nova Iorque. A premiação é tão importante que, ao longo da história, quarenta e seis cientistas que receberam o prêmio acabaram ganhando o Nobel. 

Para Marcelle, a conquista representou um momento único em sua carreira: "orgulho de ser uma das poucas brasileiras representadas com uma premiação desse nível e ao mesmo tempo orgulho de estar entre nomes que são consagrados e reconhecidos na nossa comunidade. Foi um momento maravilhoso e para mim é um motivo de inspiração para seguir adiante e atingir resultados positivos no futuro".

No Brasil, as mulheres já são maioria na graduação e na pós-graduação, representando 15% a mais no número de estudantes de mestrado e doutorado. Mas, por outro lado, somente 35% das bolsas de produtividade de pesquisa são para elas. 

A pesquisadora Hildete Pereira de Melo, uma das autoras do livro "Pioneiras da Ciência no Brasil" - que traça perfis de mulheres que se destacaram em suas áreas de atuação ao longo do século XX -, ressalta ainda que os homens acessam o maior número de bolsas desse tipo cinco anos antes da mulheres. "A carreira feminina costuma ser por volta dos 50 anos. Eu só me torno uma pesquisadora renomada, se eu casei, só depois da menopausa", comenta. 

A equipe de reportagem também conversou com a cientista Lygia Pereira da Veiga, que acredita que a mulher tem um grande desafio: a maternidade. "Vai chegar uma hora em que quem fica grávida, quem vai dar à luz, e quem tem a relação visceral com o bebê é a mulher. Do ponto de vista profissional é uma hora muito difícil", diz a pesquisadora. 

Lygia é uma das mais respeitadas geneticistas do mundo e está à frente do projeto DNA do Brasil, um estudo que vai colocar o país no mapa mundial de pesquisas genômicas. "Em 2017, a gente se deu conta de que 80% dos estudos são feitos em europeus ou com pessoas dos Estados Unidos. O mundo estava desenvolvendo essa medicina de precisão para beneficiar populações caucasianas. E o que o brasileiro tem de interessante? O brasileiro não tem cara, qualquer um pode ser brasileiro por causa dessa nossa mistura", ressalta Lygia, que acredita ter muito a contribuir com a pesquisa.

O programa deste domingo destaca ainda que algumas pesquisas alertam para a problemática da questão racial no país, ainda um dos principais entraves para a entrada da mulher no mundo científico. De acordo com o Censo de Educação Superior de 2018 (Ministério da Educação), as mulheres brancas representam mais de 80% das professoras brasileiras na pós-graduação. As pardas somam uma parcela de cerca de 12%. Já as negras são apenas 2,4%. 

Katemari Rosa nasceu em Porto Alegre mas se mudou para Salvador quando foi trabalhar como professora do Departamento de Física da Universidade Federal da Bahia. Ela sentiu a desigualdade racial logo no primeiro momento. "Quando eu entro no Instituto de Física, tinha um professor negro. Aquilo começou a me incomodar muito. Até então, essas questões raciais não eram para mim tema de pesquisas, não eram coisas que eu estava interessada em estudar", lembra Katemari. 

A cientista acabou criando um projeto para coletar histórias de cientistas negras e negros do Brasil: "isso é importante porque faz com que as pessoas - os meninos, as meninas – consigam se conectar. Saber que têm cientistas negros aqui com experiências e histórias parecidas com a minha. Isso é algo que pode estimular as pessoas a se conectarem com a física, as ciências de maneira geral".

Outra história contada pelo Caminhos da Reportagem é a de Juliana Estradioto: com apenas 19 anos ela já acumula 50 prêmios científicos no Brasil e no mundo. A jovem, que também acredita na importância do estímulo logo nos primeiros anos escolares, criou o projeto "Meninas Cientistas". 

"Eu compartilho histórias de várias meninas que fizeram pesquisa no ensino básico, seja no ensino fundamental ou no ensino médio, pra mostrar que existem, sim, muitas meninas fazendo isso, muitas meninas transformando o mundo agora", conta ela. Emocionada, Juliana diz que a educação e a ciência transformaram sua vida: "um dos meus maiores sonhos é que todo jovem brasileiro possa ter essa oportunidade que eu tive e essa razão pra eu continuar. Espero que daqui há uns anos tenha cada vez mais meninas e meninos do ensino básico fazendo pesquisa".

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