Dia dos Pais: atores das novelas que estão nos ar discutem a paternidade na ficção e na vida real

Divulgação Globo/ Victor Pollak
'A paternidade é um trabalho em progresso’, resumiu Helio de la Peña, às vésperas do Dia dos Pais. Em comum, além dos filhos, ele, Malvino Salvador, Caco Ciocler e Lucio Mauro Filho estão no ar em novelas exibidas nesse momento, em edição especial, e refletiram sobre a vida paterna, seja na TV ou fora dela. “Meu personagem Dr. Peter, em ‘Novo Mundo’, não é pai, mas a gente usa muito a memória emotiva. Com a paternidade, acessar algumas emoções, na carreira, ficou mais fácil. Em todos os níveis: alegria, tristeza, saudade, amor. Desde que meu filho nasceu, virei um ator melhor”, apontou Caco, pai de Bruno Ciocler, de 23 anos, e avô de Elis, de 2, que estão em Florianópolis. “Na quarentena, a única coisa triste é que o contato que estou tendo com a minha neta é virtual. Ela está entendendo que a família é um negócio que mora dentro do celular”.
No ar em ‘Fina Estampa’, como Quinzé, pai de Quinzinho (Gabriel Pelícia), Malvino Salvador tem três meninas (Sofia, de 11 anos, Ayra, de 5, e Kyara, de 3) e está à espera do quarto filho. Para ele, a paternidade também mudou sua forma de atuar. “A gente tem amor por várias pessoas: pais, mulher, amigos, mas por filho é algo que eu, pelo menos, nunca tinha experimentado nada parecido. A proteção e o amor são coisas divinas, que não consigo nem mensurar. Para nós atores, as ferramentas que vamos adquirindo ao longo da carreira, tem muito a ver com as nossas vivências. Existe associação com as nossas experimentações, com o que a gente vive. Em ‘Fina Estampa’, tinha acabado de ser pai da minha primeira filha e ela tinha se mudado para Brasília depois de 1 ano. Participar das cenas com Quinzinho me confortava de alguma forma. Fazia um sentido maior pela distância que eu tinha da minha filha. Eu conseguia acessar matizes diferentes da relação e acessar as emoções de uma forma mais genuína”, contou o ator, que, na quarentena, assumiu a função de cuidar do homeschooling das filhas: “Eu tinha que passar todo o conteúdo com elas, principalmente, para Ayra, que está num processo de alfabetização. Com o isolamento, o contato ficou maior e o vínculo ainda mais forte”.

Em ‘Malhação – Viva a Diferença’, Lucio Mauro Filho é Roney, pai de Keyla (Gabriela Medvedovski) e Gabriel (Luis Galves). Na vida real, tem Bento, de 16 anos, Luiza, de 15, e Liz, de 2. “Minha experiência foi uma via de mão dupla espetacular. Meu personagem em ‘Malhação’ tinha uma filha de 17 anos, grávida. De cara, já fiz papel de pai e avô junto. Em casa, minha filha já estava com 12 anos. Foi uma experiência além das artes. Havia ali várias lições para a minha vida, foi muito legal fazer ‘Malhação’ numa época em que eu estava com meus filhos chegando à adolescência. Não só a bagagem que estava sendo colocada na dramaturgia, e pude usar com meus filhos, nas conversas, como levei muito da minha relação com a minha filha real para a minha filha Keyla, de Malhação. Nos tornamos amigos, assim como sou amigo da minha filha”, contou o ator.   

Em casa, na quarentena, Lucio viu a caçula promover uma reunião familiar e também aproveitou o período de recolhimento para não deixar morrer sua verve criativa. “A Liz uniu ainda mais toda a família. Os adolescentes foram fundamentais para cuidar da bebê. E eu não parei de trabalhar em nenhum momento. Comecei a colocar pilha em todo mundo que estava se movimentando. Fiz ‘Diário de um Confinado’, ‘Cada um no Seu Quadrado’... A gente só pode continuar trabalhando pelo fato de sermos privilegiados. Gravar dentro de casa, a família inteira vira contrarregra. Neste momento, minha família está toda no banheiro para eu poder dar essa coletiva”, brincou.
Em ‘Totalmente Demais’, Helio de la Peña vive Zé Pedro, pai de Maria (Juliana Louise) e João (Leonardo Lima Carvalho). O humorista, que têm de fato três herdeiros: Joaquim, de 28 anos, João, de 18, e Antonio, de 16, não perdeu o contato com os filhos da ficção, com quem gravou em 2016.  “Nos falamos pelas redes sociais, vejo o quanto cresceram. Na época, eu falava muito com a mãe deles para criar uma relação além da novela, saber como estavam na escola. Hoje, eu só não dou mesada”, brincou ele, que além de rever a novela, criou uma série de atividades com os filhos na quarentena: “Temos uma vida confortável, o que é uma grande exceção. Nessas condições, ser obrigado a ficar em casa com a família é um presente. Estou achando o máximo essa convivência com a família. Inventamos de malhar juntos, fazemos um funcional em casa. Essa hora da malhação é maneiríssima, juntar a família toda para fazer atividade física. E, para quem tem adolescente em casa, o filho já vivia em distanciamento social há muito tempo (risos) ”.

Os atores também falaram sobre a atualização nas definições de pai dos tempos atuais.  “É natural que a gente queira ser sempre melhor. Dosar autoridade com afeto, o papel do pai e o papel do educador. E educador nem sempre é ser o brother da galera. Mas acho que nós, pais modernos, temos que pedir menos elogios, valorizar menos o que fazemos”, avaliou Helio.

Para Lucio Mauro Filho, a paternidade mais presente e mais afetiva é uma busca constante: “O homem está sempre na dívida e essa continua sendo uma busca. A cada geração, nascem novos pais mais preocupados em dividir as tarefas, as funções. É natural dos tempos, mas homem é assim: a ficha cai mais devagar, mas cai”.

Malvino lembrou ainda da experiência de ter vivido Agno, de ‘A Dona do Pedaço’, que era pai e também gay. Para o ator, personagens como esse trazem uma mensagem de tolerância para a sociedade. “Tive muitas cenas bonitas, que eu acredito mesmo que possam ter feito diferença para as pessoas que estavam assistindo. A filha não aceitava o pai e ela foi cedendo por conta do amor. Foi excelente entrar num universo completamente diferente”, comentou ele, que leva esses princípios para a educação das filhas: “Acredito que todos os assuntos devem ser abordados. O mais importante, na minha visão, é fazer sempre as crianças saberem que elas podem ter a personalidade delas, tem que ser quem elas quiserem, mas que elas sempre vão ter que se esforçar para conquistar as coisas e que é preciso respeitar o outro”.
E seus herdeiros são motivo de orgulho para cada um deles. Caco Ciocler descreveu a alegria de perceber a generosidade do filho Bruno. “A gente não pode esquecer que um homem com masculinidade tóxica já foi uma criança. Nossos filhos estão sendo educados para não se tornarem esses seres tóxicos. Educamos os futuros homens.  Nesse aspecto, meu filho me ensina muito. Ele tem um raciocínio coletivo, se estrutura de uma maneira tão moderna, tão mais avançada que eu”, comemorou. 

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