Mulheres à obra: conheça Geisa, personagem do especial 'Falas de Orgulho'

Divulgação Globo

Mulher negra, lésbica, empreendedora e mãe: esses são alguns dos tantos termos que descrevem, com orgulho, Geisa Garibaldi. Nascida em Duque de Caxias, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Geisa engravidou de Kaetano, seu único filho, aos 24 anos, pouco depois da mãe falecer. O menino, além de alegrar a casa após a grande perda da família, foi também o combustível que faltava para que a carioca deixasse de vez a vida "dentro do armário". Geisa é uma das personagens de 'Falas de Orgulho', especial que a Globo exibe em 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBT, logo após 'Império'.
 
"Não dava mais para esconder. Não dava pra ficar nesse medo de me assumir. Eu não queria mentir para ele, queria que o meu filho crescesse sabendo que a mãe dele é lésbica e que isso não é nenhum problema", explica ela. Kaetano, hoje aos 12 anos, vê a sexualidade da mãe com naturalidade e se tornou seu grande parceiro. "Ele é ariano e eu sou aquariana. Ou seja, volta e meia a gente se estranha. Mas ele é muito amoroso, autêntico e tem uma personalidade muito forte. Quando eu olho para ele, me vejo", conta, emocionada.
 
Desde os 17 anos, quando saiu de casa pela primeira vez, Geisa viu nas pequenas reformas uma moeda de troca para negociar descontos nos aluguéis das casas onde morava. Uma pintura na parede, troca de torneira ou pequenos consertos rendiam algum dinheiro a mais no final do mês para a família. Vendo nesse "bico" uma possibilidade de renda, a carioca investiu nos estudos e na profissionalização. Fez curso de hidráulica, de construção e de elétrica e fundou, em 2015, a sua própria empresa, a Concreto Rosa, com serviço de mão de obra feminina especializada. "Eu me inspirei na minha mãe, que era essa pessoa que se virava com o que tinha e fazia tudo dentro de casa. Ela levantou sozinha o barraco que a gente morava. Quando terminei o primeiro curso que fiz, eu queria ter um trabalho que de alguma forma conversasse com o ativismo, com a inserção da mulher no mercado de trabalho. Tem muita mulher apta e que não consegue se inserir nesse ramo", finaliza.
 
Confira mais da história de Geisa na entrevista abaixo.
 
Quando você se entendeu LGBTQIA+?

Eu sempre fui lésbica, só que não me aceitava. Foi uma coisa que precisei assumir para mim primeiro. Partir do princípio de que estava tudo bem e de querer tirar aquela "culpa católica". Quando eu era criança, sabia que tinha alguma coisa diferente, mas não imaginava que seria a minha sexualidade. Fui reprimida durante um período e automaticamente entendi que aquilo era errado.
 
E quando você decidiu não esconder mais?

Quando eu descobri que estava grávida, aos 24 anos, fiquei muito perturbada. Eu tinha acabado de perder a minha mãe e sabia que não teria estrutura financeira ou emocional para cuidar de uma criança. Mas quando fiz uma ultrassonografia e ouvi o coraçãozinho dele, me apaixonei. Foi só quando o Kaetano nasceu que eu entendi que não dava mais pra esconder. Não dava pra ficar nesse medo de me assumir porque eu não queria mentir para ele. Eu queria que o meu filho crescesse sabendo que a mãe dele é lésbica e que isso não é nenhum problema.
 
E como é a sua relação com ele hoje em dia?

Ele é ariano e eu sou aquariana. Ou seja, volta e meia a gente se estranha. Mas ele é muito amoroso, autêntico e tem uma personalidade muito forte. Quando eu olho para ele, me vejo, mas em uma versão menos endiabrada porque eu era muito levada quando mais nova (risos).  
 
Qual a sua opinião acerca da luta LGBT? O que ainda falta conquistar?

Às vezes eu acho que a gente luta tanto, mas na verdade a gente só quer viver em paz. Falta conquistar o básico: respeito. Uma das piores coisas para mim é quando as pessoas validam você pela sua orientação sexual. Coisas do tipo "ah, não presta porque é sapatão". Isso é uma das piores taxações. A nossa luta a gente já faz. Os avanços agora precisam vir de cima. Enquanto cidadãos, nós pagamos os nossos impostos como qualquer outra pessoa. Somos seres humanos plurais e precisamos que políticas de ações afirmativas abracem toda a comunidade.
 
Como surgiu a Concreto Rosa?

Eu sempre me virei sozinha. Me inspirei na minha mãe, que era essa pessoa que se virava com o que tinha e fazia tudo dentro de casa. Ela levantou sozinha o barraco que a gente morava. A gente cavou, fez a fundação... a minha mãe entendia muito de obra. Quando saí de casa pela primeira vez e casei com a minha primeira companheira, comecei a usar a obra como uma moeda de troca para negociar o aluguel. Depois de um tempo, resolvi me especializar e, quando terminei o primeiro curso que fiz, queria ter um trabalho que, de alguma forma, conversasse com o ativismo, com a inserção da mulher no mercado de trabalho. Tem muita mulher apta que não consegue se inserir nesse mercado. A Concreto Rosa nasceu assim, sem capital de giro, sem equipamento moderno e só uma maleta de ferramentas para explorar esse "mar de massa corrida".
 
O projeto
 
'Falas de Orgulho' mostrará a jornada de oito personagens de diferentes idades, regiões, trajetórias de vida e religiões – e por trás delas, histórias de superação, preconceito e auto aceitação, passando por temas transversais às letras que formam a sigla LGBTQIA+ – que culminam na celebração de poder ser quem se é e na exaltação dessas vozes. O especial tem direção artística de Antonia Prado, direção de Washington Calegari e roteiro assinado por Carlyle Junior, com produção de Beatriz Besser. Rafael Dragaud é o diretor executivo e Mariano Boni, diretor de gênero. O especial vai ao ar no dia 28 de junho, logo após 'Império'.

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