Bráulio Bessa fala sobre ‘Poesia que Transforma’, série documental Original Globoplay que estreia nesta quarta

Divulgação Globo/Sergio Zalis

O Globoplay estreia nesta quarta-feira, dia 22, a série documental Original 'Poesia que Transforma'. Idealizada por Duda Martins em parceria com Bráulio Bessa, com direção de Duda e de Chico Walcacer, e roteiro assinado por Douglas Vieira, a obra conta as histórias de brasileiros que, no momento certo, se cruzaram com a vida e obra do poeta popular Bráulio Bessa. 
 
Com cinco episódios temáticos -  raízes, amor, igualdade, fé e recomeço -, três pessoas de 10 diferentes estados do país têm suas trajetórias revisitadas desde as origens até o momento em que seus caminhos se cruzam com os versos de Bráulio. “Hoje, percebo ainda mais a força existente na palavra. Percebia isso em cartas, depoimentos, e-mails, abraços, em cada história que meus leitores me contavam, mas agora percorri geograficamente o caminho que a poesia fez e foi muito emocionante. Contar essas histórias é uma grande homenagem à poesia, à esperança, ao amor, à bondade, à sensibilidade humana”, diz Bráulio. 

O documentário ainda navega por temas da atualidade, como racismo, homofobia, intolerância religiosa, desigualdade social, xenofobia e tantos outros assuntos que também atravessam a obra de Bráulio. “Encontramos um Brasil que é muito mais conectado à poesia do que poderíamos imaginar. Em tempos tão difíceis, conhecemos gente de todas as idades, de todas as classes, de norte a sul do país, respirando poesia. Foi uma experiência transformadora pra todos nós”, relata o roteirista Douglas. 

A diretora Duda Martins, também nordestina, conheceu Bráulio Bessa nos bastidores do ‘Encontro com Fátima Bernardes’ e teve a ideia do projeto ao perceber a riqueza dos relatos que espectadores enviavam ao programa após as participações de Bráulio no seu quadro “Poesia com Rapadura”. Em sua visão, a série é um convite para o público se dar de presente. “O presente de parar, respirar e olhar para dentro. Um fôlego em meio ao caos. ‘Poesia que Transforma’ é uma forma de ver o Brasil bonito de novo, com os óculos da poesia. O país que amamos, cheio de potencialidades, histórias inspiradoras e arrebatadoras, e contadas por todo tipo de gente”, defende.

Durante quatro meses de viagens e gravações, o poeta e a equipe da série captaram de perto histórias, momentos e imagens de um Brasil múltiplo, com o olhar e a sensibilidade do diretor de fotografia Lucas Oliveira, parte fundamental para a narrativa, que junta periferia, favela, floresta e sertão, depois de percorrerem mais de 10 estados e 15 cidades, de Norte a Sul do país. Entre elas estão a terra natal de Bráulio, Alto Santo; Juazeiro do Norte; Assaré; Jaguaribe; Jaguaruana, Fortaleza; Pau dos Ferros; Salvador; Cuiabá; São Paulo; Porto Alegre; Rio de Janeiro; Reserva Amanã, em Manaus; Brasília; Poconé; Santarém; Óbidos; Tefé e Maraã.

Além dos depoimentos, a série, em uma referência à trajetória de Bráulio – marcada desde a infância por uma relação afetiva com a costura - ofício da sua mãe e avó – entrelaça a vida do poeta e das pessoas. A cada encontro, um verso bordado é deixado, como forma de espalhar simbolicamente a poesia. São peças feitas à mão pela artista pernambucana Blenda Souto Maior. A costura e o artesanato também estão presentes com obras inovadoras e pop que misturam fotografia e bordado, assinadas pela artista Cami Pires. É tradição e contemporaneidade caminhando juntas. “A nossa ideia era mostrar poesia em cada elemento do documentário. Seja nos bordados, nas imagens, nos sons e texturas de cada lugar, também nos silêncios e nos abraços. A poesia se revela num tempo diferente, que se opõe ao ritmo frenético que vivemos hoje. Existe um olhar atento à pluralidade. A gente queria mostrar o Brasil mais profundo, mas também o país mais urbano e pulsante”, conta Chico Walcacer. 

A poesia na vida do poeta  


A família, a esposa Camila, Alto Santo, o Nordeste, os afetos, suas raízes, o sertão, o Brasil, os assuntos de ontem e hoje. São diversas as inspirações de Bráulio Bessa. Antes de transmitir aos seus leitores o poder dos versos, ele também tem a sua própria trajetória como exemplo de transformação com a poesia, e sua primeira referência da literatura de cordel é o conterrâneo Patativa do Assaré. Foi no colégio, depois de conhecer e ficar hipnotizado com a obra do repentista cearense, que a poesia começou a dominar os pensamentos de Bráulio. Nascia ali um fazedor de poemas, aos 14 anos, com muita história para compartilhar. Um poeta matuto que já tinha como desejo ajudar o próximo com palavras, principalmente representando e exaltando a cultura nordestina. 

Assim como os personagens de ‘Poesia que Transforma’, Bráulio é impactado pelas raízes de sua terra, pelo amor que sustenta pela família, pela igualdade por qual luta, pela fé que enxergava nos avós Dona Maria e Seu Dedé Sapateiro e pelo recomeço que tanto aplaudiu nos outros ou viveu. Nos cinco episódios, o poeta apresenta as 15 histórias da série documental, mas também revisita seu passado desde a infância. Suas memórias, junto com depoimentos de sua família, também são exemplos do poder transformador da poesia.

Entrevista com Bráulio Bessa
 
A produção vai destacar como as vidas das pessoas se cruzam com as poesias. Para você, como definiria ‘Poesia que Transforma’? 
Poesia que Transforma é um título literal. Eu costumo dizer que a poesia, quando o poeta quer, tem o mesmo poder de um abraço. O poder de se adaptar a qualquer pessoa e fazer bem. Independente do físico, da casca, o abraço vai sempre fazer bem a quem está dentro dele. Por isso acredito nessa transformação. Certa vez me perguntaram qual minha maior fonte de inspiração. E eu disse: “Gente”. Eu me inspiro em gente. O artista é um prestador de atenção do sentimento e da vida alheia. Pega tudo, mistura com seus próprios sentimentos e transforma em arte. Por isso tantas histórias se cruzam com o que eu escrevo. Porque eu escrevo sobre gente. 
 
Como você recebeu a ideia para o documentário? 
Quando Duda me ligou dizendo que estava com essa ideia na cabeça, a primeira coisa que pensei foi: “Eu lá tenho história pra fazer um doc?” E disse isso a ela. Nessa hora, Duda me explicou que a ideia seria contar a história de brasileiros que tiveram suas vidas transformadas através do contato com minha poesia. Como eu recebo milhares de depoimentos tocantes de pessoas incríveis, pensei logo: “Rapaz, isso pode ficar bonito”. Pois não seria a minha história, seria a história da força existente na poesia. Tô dentro. Mas não é pouco dentro não. É todim! (risos) 
 
Como é ver a transformação que suas obras proporcionam na vida de tantas pessoas ser mostrada na produção? Você sente essa influência positiva que seu trabalho causa nas pessoas? 
Eu sou de uma cidade pequena no interior do Ceará, Alto Santo. Até os 14 anos, não sabia dizer o que queria ser quando crescesse. Certa vez uma professora me perguntou isso na aula e eu fui o único aluno que disse: “Não sei”.  Pouco tempo depois, li um livro de Patativa do Assaré, naquele dia botei na cabeça que queria ser poeta, escritor, lançar livros e etc. Eu dizia que um livro meu ainda transformaria a vida de muita gente, assim como o livro de Patativa do Assaré me transformou.  
Hoje, percebo ainda mais a força existente na palavra. Percebia isso em cartas, depoimentos, e-mails, abraços, em cada história que meus leitores me contavam, mas agora percorri geograficamente o caminho que a poesia fez e foi muito emocionante. Contar essas histórias é uma grande homenagem à poesia, à esperança, ao amor, à bondade, à sensibilidade humana.
 
Para o Bráulio Bessa, como é contar com a participação de seus familiares na produção e gravar em locais que fazem parte da sua trajetória? 
Minha terra e meu povo me construíram e me reconstroem todos os dias. Ver uma equipe de filmagem de uma série apontando as câmeras para o banco da praça que beijei minha esposa pela primeira vez, as calçadas que corri quando criança, a barraca que como minha tapioca, o bar que tomo minhas cachaças e converso besteira, tudo isso é emocionante. Ver minha família envolvida nesse projeto, achei incrível.
 
Você ajudou na escolha dos personagens? Conhece todos antes, virtualmente ou pessoalmente, antes de gravar? 
Sim. Inevitavelmente as histórias chegam até mim. Seja por meu produtor Gustavo, seja pelas redes sociais, encontros em palestras, sessões de autógrafo e etc. Participei de toda pesquisa, fiz questão de conhecer cada história de perto. Já me sinto até amigo de cada um! 
 
Para o Bráulio Bessa, qual o significado de recomeço, amor, raízes, igualdade e fé? 
Recomeço é viver. A vida é dinâmica justamente pelo poder de recomeçar a todo instante. Amor é um balaio que cabe todos os outros bons sentimentos. Sempre carrego um desses comigo. Raízes é a liberdade de crescer o mais alto possível sem ter medo de cair. Igualdade é lei universal. Pelo menos para mim. Fé é indefinível e inexplicável. 
 
Quem é o protagonista de ‘Poesia que Transforma’? A poesia, todos os personagens, a transformação?  
É uma série cheia de protagonistas. Vai depender do olhar de cada um. Isso é encantador. Mas eu arrisco que a poesia é a grande estrela de tudo. 
 
‘Poesia que Transforma’ é uma série documental original Globoplay, criada por Duda Martins e Bráulio Bessa, desenvolvida por Bianca Lopes, com apresentação de Bráulio Bessa. A série tem direção de Duda Martins e Chico Walcacer, redação de Douglas Vieira e produção de Beatriz Besser. Rafael Dragaud é o diretor executivo, e a produção executiva é de Mariano Boni e Erick Brêtas, com direção de gênero de Mariano Boni.

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