Foto: Globo/Paulo Belote |
MC Mayarah entrou no 'Estrela da Casa' com o objetivo de absorver todo conteúdo que conseguisse para se lançar de vez no mercado musical nacional. Além de manter a atenção a cada ensinamento nas Oficinas, a cantora ainda se dedicou nas provas e, com isso, venceu dois Workshops e uma Prova da Estrela. Ela foi indicada à Batalha uma única vez, no último domingo, culminando em sua eliminação no 43º dos 50 dias de competição. Para ela, isso é sinônimo de objetivo alcançado. "Eu agradeço todo dia a Deus pela oportunidade de estar viva, correndo atrás dos meus sonhos. Assim como não deu para ser uma finalista ou ganhar o 'Estrela da Casa', eu vou correr atrás agora como eu sempre corri aqui fora, sabe? E eu espero que as pessoas também fiquem com isso: a gente pode sonhar, sim. Independente do que você queira ser, é foco no teu sonho. Eu tentei passar isso", declara a representante do funk.
Veja, na entrevista a seguir, o que ela conta sobre a indicação do casal Unna X e Matheus Torres à Batalha, o feat com Belo na Jam Session e os próximos passos de sua carreira.
Quais fatores você acredita que tenham levado a sua eliminação? Foi mais a convivência, o lado musical ou a personalidade?
Eu tentei ao máximo conviver sempre bem com todo mundo. Eu tive algumas falas erradas, até porque lá tudo é muito intenso, mas eu fui de coração e mantive a minha personalidade. Mas, é aquilo: fuja da Batalha, e eu fugi. Fui fugindo e vim parar na Batalha só agora, com 43 dias de programa. Então, por mais que a nossa estratégia tenha eliminado todo o meu quarto Laranja, não foi uma estratégia tão ruim se fui parar na Batalha só agora, na última semana, sabe? É isso.
Você foi protagonista do jogo em alguns momentos, como por exemplo quando ganhou a Prova da Estrela e dois Workshops. Qual desses momentos foi o mais marcante e por quê?
Com certeza a Prova da Estrela. Eu nunca me dou bem com sorte, sempre tentei rifa para ganhar air fryer, sanduicheira, e nunca ganhei. Aí chego lá, na sorte, acertei e virei a Estrela da Semana. E quem me aparece? Belo. Minha tia é fã do Belo! Ela chora pelo Belo, mas não chora por mim, que sou sobrinha. Então aquele momento foi muito marcante. Também pelo fato de eu poder cantar no Festival como a Estrela da Semana.
E como foi para você esse feat com o Belo?
Ficou marcada para mim a humildade do Belo. Eu o admiro muito como cantor. Tem certas dicas que ele me passou, a forma de cantar o rap. Eu cantei e ele falou: "Mayarah, tenta alongar a voz". Ele foi me ensinando durante o ensaio, várias trocas... Ele é uma pessoa muito humilde e merece muito o lugar em que está. E eu fico muito feliz de ter feito um feat com o Belo, que é o ídolo da minha tia.
Um momento engraçado e que repercutiu aqui fora foi quando você ensinou a Katy Perry a dançar funk. Como foi vê-la de perto e passar esse momento com ela?
A gente apertou um botão no gramado, com medo, e saiu a Katy Perry. Quase não acreditei! Eu falei com ela, ela entendeu meu inglês, que é perfeito, você percebe que é um inglês muito fluente porque foram anos de aulas, graças a Deus. Muito curso para isso, vários livros, muito Google... (risos). Quando eu falei da peruca, ela entendeu que era peruca. Ela deitou na minha cama, deixou energia positiva ali, sabe? Ainda falou "Good night Santa Cruz"! Eu fiquei muito feliz. Ensinei o quadradinho para a Katy Perry, e graças a Deus está gravado, senão iam dizer que era mentira, que eu estava maluca.
Quando você venceu a Prova da Estrela, fez a indicação de Unna X e Matheus Torres para a Batalha, que rendeu o Duelo do casal. Olhando agora, acha que essa indicação pode ter fortalecido a torcida dos dois?
Na primeira semana, o Matheus estava com a estratégia de que queria ficar até a terceira semana, queria ser protegido. Mas ele botou em xeque a conexão que eu tive com a Thália. A Thália é uma menina que vem da mesma origem que eu, da comunidade, correria, ela é mãe, ela luta pelos sonhos dela, cantava no metrô. Eu sou camelô, sou mãe, sou da comunidade, sou filha de Santa Cruz. Então, a gente teve uma conexão muito forte. E o Matheus estava dormindo no nosso quarto, sendo que deu um problema quando ele falou que votaria na Nicole [Louise], sim, se ele fosse protegido por nós. Como ele viu que não seria protegido pelo nosso quarto, ele não votou na Nicole. Chegou de noite, na hora H, ele falou que nunca votaria na Nicole, que gostava muito dela... Eram dois pesos e duas medidas. Coisas que a gente falava às vezes pesavam mais do que coisas que outros falavam. Isso me entristecia.
Quando eu indiquei os dois, foi assim: eu ganhei a Prova da Estrela através do Workshop e não votaria em ninguém que foi do meu grupo. Também não votaria em ninguém no meu quarto. Nicole e Leidy [Murilho] tinham acabado de voltar da Batalha, eu não ia coloca-las de novo. Então sobrou quem? Infelizmente, não foi uma questão de "ah, o casal, vai botar o casal". Sei que pode ter sido um tiro no pé para mim. Mas, não foi por isso, foi o que me sobrou. E lá, é jogo, gente. Desde o primeiro momento, quando falaram "é meio milhão de reais e contrato com a Universal Music", eu falei: "nunca vou pisar em ninguém, mas, é um jogo". Assim como eu aceitei que me votaram e eu estou aqui fora, as pessoas também têm que aceitar. Lá elas tentam aceitar, mas não aceitam. Mas, eu fui eu mesma, sabe?
Ao longo desse tempo de confinamento, foram muitos cantores, especialistas e profissionais do mundo da música que passaram pela casa. De tudo o que você viveu, quais ficarão mais vivos na sua memória?
Teve uma semana em que eu estava me sentindo um pouco mal. Eu conversava com Deus, pedia para Deus me iluminar, me abençoar. E veio o Mumuzinho na Jam Session! O Mumuzinho é um artista que veio da comunidade, da favela. Ele falou que ele, quando começou a carreira, tinha a bicicletinha dele, cantava por 20, 50 reais. E ver o Mumuzinho hoje em dia, um artista que mudou a vida da família dele, do filho dele, esse pai maravilhoso que ele é, esse artista pé no chão e humilde, que eu admiro muito... Eu fiquei muito feliz! Mais ainda com o que ele falou. Ele disse: "Se você não conseguir aqui dentro, você vai conseguir lá fora. Vai conseguir lá fora sua casa, estabilidade de vida para sua família". Naquele momento, eu estava precisando realmente da palavra dele. Foi muito especial. Já quando a Sarah Beatriz foi na Jam Session, eu pedi para ela cantar "Campeão", que lembra do meu avô antes de falecer. Ela cantou, também cantou "Sou Humano", que fala de um momento em que eu caí em casa, depois cantamos "Todavia me alegrarei" juntos. Aquele dia foi muito abençoado. Foram dois dias que me marcaram muito.
Dentro da casa, você demonstrou a sua amizade com as pessoas do grupo Laranja. Fale um pouco da sua relação com eles? De onde surgiu essa identificação entre o grupo?
Eu tinha muito mais conexão com eles porque eu via que quando eu chegava no Azul não era muito bem-vinda. Eu ficava triste, mas eu nunca verbalizei sobre essa tristeza que eu sentia. Eu sentia que eu chegava na piscina, pessoas saíam. Eu chegava num canto, as pessoas já me olhavam diferente. Quando eu contava a minha história, era vitimismo, era drama. Mas era a minha história! Todo mundo contava as suas histórias e eu escutava. Quando eu contava a minha, era vitimismo. Todo mundo está ali pela história, eu sempre respeitei a história de todo mundo. Mas gente, eu vou contar o quê? Que eu como escargot, que eu como sashimi? Eu vou contar que eu moro em Santa Cruz, que eu moro na comunidade, que eu tenho meu filho, que minha casa tem um cômodo dividido para cozinha e sala. Não tem história linda para contar, e mesmo assim eu sou feliz.
Eu sou feliz no meu pouco, eu sou feliz no muito, eu sou feliz pela minha vida, pelo meu respirar, pelo meu acordar. E eu tenho gratidão a Deus. Eu agradeço todo dia a Deus pela oportunidade de estar viva, correndo atrás dos meus sonhos. Assim como não deu para ser uma finalista ou ganhar o 'Estrela da Casa', eu vou correr atrás agora como eu sempre corri aqui fora, sabe? E eu espero que as pessoas também fiquem com isso: a gente pode sonhar sim. Independente do que você queira ser, é foco no teu sonho. Eu tentei passar isso. Não sei se eu consegui.
Então, no quarto laranja, a gente foi se aproximando parece que automaticamente. O Ramalho com aquele jeito dele todo, veio da quebrada e canta rap. Ele é muito quietinho, ficou a primeira semana quietinho, na segunda já estava fazendo a tremidinha comigo. Eu cantando funk, ele fazendo um quadradinho. Terrível! (risos) Mas a gente teve uma identificação muito grande por ser um menino que também sonha muito pelo objetivo dele, pela carreira dele, pela música. A Thália, como eu falei, é mãe, que nem eu sou, mora em comunidade, correria, canta pra caramba. É uma pessoa maravilhosa. O Califa também, uma pessoa incrível. E é um cara que a gente brigou pelo feijão, mas eu perdoei; eu amo o Califfa. O Nick [Cruz], cara, é representatividade pura. O Gael [Vicci] é um ser humano incrível, maravilhoso. Todas as pessoas que estavam ali no Laranja do começo até o final foram pessoas que realmente marcaram, uma amizade que é pra vida. Muitas amizades ali podem se acabar, mas a nossa não vai acabar, não, porque, independente de qualquer coisa, uma segura na mão do outro pra falar "levanta a cabeça".
Como foi enfrentar o Lucca, a Evellin e a Thália na Batalha? Inclusive, foi contra duas de suas maiores amigas dentro do programa.
A Evellin tinha muita afinidade com o Lucca desde o início do programa, e isso nunca interferiu na nossa proximidade. O meu medo era sempre no Azul as pessoas votarem nela. Lá ela não é prioridade. Eu acho que quando ela viu também que o nosso quarto tava perdendo gente, ela pulou do barco... Enfim, quando eu vi que eu fui para a Batalha junto com a Thália, eu falei: "Se uma de nós voltar, eu tô feliz". Se fosse eu voltar, se fosse a Thália, eu ia estar aqui torcendo. Mas, infelizmente, nessa Batalha saímos eu e a Thália, duas artistas que, sim, somos incríveis. Fomos selecionadas em meio a vários artistas incríveis que tem no Brasil. A gente teve essa oportunidade. A gente não ganhou o dinheiro lá dentro, que é o prêmio, mas a gente vai ganhar aqui fora. A gente vai ganhar o amor do Brasil, o amor das pessoas, que isso aí, prêmio nenhum paga. O amor de você sair na rua, as pessoas te abraçarem, te falarem "você é representatividade, valeu". Aos poucos eu pretendo que muitas pessoas se identifiquem comigo, com a minha verdade. Eu sou guerreira, batalho aqui fora, batalhei lá dentro. A minha alegria, a minha felicidade, a minha pureza do meu coração, eu sempre vou ter.
Qual era seu principal objetivo, musicalmente falando, ao entrar no ‘Estrela da Casa’? Acredita ter conseguido alcançá-lo neste tempo que permaneceu no reality?
O meu objetivo era aprender. Tanto que eu falei, gente, eu não sei tocar instrumento, eu não sei "Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si", eu não sei nada. Quando eu peguei na bateria, foi um desastre. Mas tava lá, não tomei atenção da produção, então quem serão as pessoas pra falar? Eu zoei, eu brinquei. Mas eu não tinha noção, realmente preciso de aula de bateria (risos). Mas eu vivi, eu fui pra viver. E as pessoas falam "poxa, por que você não cantou outra música?" Falei: "Não, é a minha verdade, é o funk". E viva o funk, viva a nossa voz.
Se tivesse permanecido na disputa, qual seria sua próxima música lançada e por quê?
Seria a música "Nu" e depois "Combate", da Anitta. Vai que a Anitta me nota agora, né? Essas eram as músicas que eu tinha escolhido porque eu admiro muito a Anitta como artista. E essa segunda é um funk que é quebrado, sabe? Queria quebrar tudo na final!
Com qual artista gostaria de fazer um feat, se pudesse escolher?
Uma artista que eu admiro muito, a Ludmilla. Também a IZA, a Glória Groove, meu amor, e o Mumuzinho, claro.
E do 'Estrela da Casa', gravaria com alguém?
Quero muito gravar um som com o Gael. Também com a Thália, com o Califfa, com o Nick, com o Ramalho. Quero gravar até com o Lucca. Independente até do que ele falou, que me entristeceu aqui fora. Mas, acho ele um artista maravilhoso. Com a Nicole, uma pessoa incrível, maravilhosa. Com todos, eu acredito, sabe? Infelizmente, tem pessoas que eu sei que aqui fora não vão ser amigos, que eu vi falando mal de mim. Aí, na minha cara, ninguém falava que tinha problema comigo. Mas fazer o quê? Faz parte do jogo. Aí, depois, a barraqueira era eu. Posso ter sido barraqueira em algum momento. Mas falsa não fui, não.
Já tem algo imaginado para sua carreira daqui por diante?
Meu próximo passo agora é trabalhar uma música. Fazer ela virar um hit. Eu ganhei um leilão sobre pitching; eu quero tratar disso e evoluir muito isso. E fazer uma música hit, onde todo mundo dança, toca e fala: "Caraca, a música da MC Mayarah lá do 'Estrela da Casa'". Eu quero fazer um hit e evoluir como artista. Fazer uma aula de dança com o Bibiu – Alô, Bibiu! Me dá uma aula de graça, pelo amor de Deus (risos). E focar em aula de canto. Eu quero muito fazer aula de canto. Se possível, se a Nina me notar (risos).
Qual você acha que é o artista mais forte da competição? E quem gostaria que vencesse o ‘Estrela da Casa’?
Quem tem a minha torcida totalmente é o Gael [Vicci]. O Gael é um menino de garra, força de vontade. Tá ali pela vida dele, pelo corre dele, pela mãe dele. Então ele tem toda a minha torcida. Independente do que falem, passo o pano pro Gael pelo caráter dele, que em nenhum momento foi falso comigo. Ele só falou as coisas que ele não gostava. É um menino que eu super apoio. Uma pessoa que eu estou vendo aqui que tá forte também é o Lucca. É um menino merecedor, batalhador. Mas a minha torcida total vai para o Gael. É isso.
'Estrela da Casa' é um formato original e inédito da Globo, com direção artística de Rodrigo Dourado, direção geral de Aída Silva e Carlo Milani, produção de Maiana Timoner e Rodrigo Tapias, roteiro de Edu Sciortino e Rafael Chaché e direção de gênero de Boninho. O programa vai ao ar de segunda a sábado, após ‘Mania de Você', domingos, após o ‘Fantástico’, e tem desdobramentos no Multishow, Gshow e transmissão 24 horas por dia no Globoplay.