A história de Urânia Vanério é narrada no quarto episódio do podcast 'Mulheres na Independência'

Divulgação/Lucas Bori

Urânia Vanério, conhecida como baianinha, foi capaz de transformar dor em poemas políticos quando tinha apenas 13 anos de idade. Os versos traziam os lamentos de uma menina, estarrecida pela violência que os militares portugueses praticavam na Bahia. A sua trajetória é contada no quarto episódio de 'Mulheres na Independência', podcast original Globoplay que traz a história de seis brasileiras pioneiras que exerceram variados papéis influenciando diretamente o movimento político e social do país. A roteirista Antonia Pellegrino narra a jornada de Urânia Vanério, enquanto a historiadora Heloísa Starling mergulha no contexto histórico que fez com que os panfletos se tornassem um meio de debate político.

Há 200 anos, as discussões e ideias políticas aconteciam pelas ruas, mais especificamente nos muros, portas e paredes da capital baiana onde, ao alvorecer do dia, apareciam panfletos colados. Ninguém sabia de onde vinham esses textos, mas eles eram estrategicamente colados em pontos de grande circulação, ou distribuídos rapidamente de mão em mão. No contexto da independência, os panfletos simbolizavam papéis essenciais na participação política dos cidadãos comuns. O “Lamentos de uma baiana” é um desses textos e foi escrito por Urânia, publicado no Rio de Janeiro, em 1822, ano em que foi redigido.

Misturando denúncia e revolta, a folha de capa trazia um título surpreendente: “Lamentos de uma baiana na triste crise em que viu sua pátria opressa pelo despotismo constitucional da tropa auxiliadora de Portugal”. Escrito entre os dias 19 e 21 de fevereiro, a data coincide com os conflitos armados que explodiram em Salvador entre as tropas portuguesas e os baianos. 

"Na circunstância da nossa independência, a circulação de panfletos revelava a existência de um debate amplo que aconteceu em todo o país, e que não se limitava ao Rio de Janeiro e a Lisboa, e nem ficou restrito à elite política e aos letrados. No processo de separação do Brasil de Portugal, o debate político atraiu públicos de todas as camadas da sociedade. Os panfletos comprovavam que o Brasil estava polvoroso na disputa pela independência, mas a Bahia especialmente'', evidência Heloísa Starling. 

Antonia Pellegrino comenta que Urânia, com seus 13 anos, via a guerra de outra perspectiva. “Ela estava em Salvador, cidade tomada pela Coroa e que, mais tarde, seria cercada pelo Exército Pacificador. Ela queria intervir, e fez com palavras. Havia um silêncio encobrindo a identidade da baiana que lamentava a realidade de sua pátria. Urânia ficou 200 anos confinada ao esquecimento”, revela a roteirista. A história dessa jovem foi descoberta e analisada em um vasto conjunto de panfletos da independência pelos historiadores, Marcelo Basille, José Murilo de Carvalho e Lúcia Bastos, responsáveis por resgatar os versos e incluir na publicação ‘Guerra Literária’, de 2014, da editora UFMG. 

O projeto é um original Globoplay, com produção da Pipoca Sound, especializada na produção de podcasts e mídias audiovisuais. Para ouvir o quarto episódio, que traz a história e o contexto familiar de Urânia Vanério, clique aqui. Teresa Cristina, cantora e compositora brasileira é uma das convidadas especiais na leitura de manifestos de autoria da baianinha. A série narrativa tem seis episódios, publicados às quartas-feiras, com encerramento no dia 07 de setembro, marco dos 200 anos da Independência do Brasil. 

Anderson Ramos

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