Por que Sonhos, novo filme de Michel Franco, é mais relevante e atual do que nunca?


Dirigido por Michel Franco e estrelado por Jessica Chastain e Isaac Hernández, Sonhos chega aos cinemas brasileiros em 30 de outubro, com distribuição da Imagem Filmes. O longa, que estreou no Festival de Berlim e concorreu ao Urso de Ouro, reafirma a força autoral de Franco e marca a segunda colaboração do cineasta mexicano com Chastain, após o elogiado “Memory” (2023). Em um momento histórico de tensões políticas, desigualdades crescentes e debates sobre privilégio, imigração e poder, o longa se torna mais relevante e atual do que nunca.

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Na trama, Chastain interpreta Jennifer, uma socialite americana conhecida por seus trabalhos filantrópicos, que mantém um relacionamento secreto com Fernando, um bailarino mexicano interpretado por Isaac Hernández. A relação entre os dois, marcada por desejo, dependência e desequilíbrio, torna-se o ponto de partida para uma reflexão profunda sobre poder e controle. O filme acompanha a transformação dessa dinâmica à medida que Jennifer, acostumada a ocupar o papel de benfeitora e figura de autoridade, se vê confrontada por uma inversão de papéis que abala seu senso de identidade e privilégio.

Além de abordar temas como classe e privilégio, Sonhos também se debruça sobre imigração e pertencimento. A sequência de abertura, uma travessia ilegal pela fronteira entre México e Estados Unidos, coloca o espectador frente a frente com a realidade de milhões de pessoas em busca de dignidade e sobrevivência. Franco não romantiza esse percurso, ao contrário, o insere como pano de fundo inevitável de uma relação atravessada por fronteiras visíveis e invisíveis, sociais e emocionais. Em tempos em que a questão migratória e as desigualdades raciais e econômicas se tornam temas centrais de debates políticos ao redor do mundo, o filme ressoa com força e atualidade.

Ao investigar as contradições do poder e a fragilidade da empatia quando ela é condicionada por privilégios, Sonhos vai além do retrato de uma relação amorosa conturbada. O filme revela as estruturas de dominação presentes até mesmo nas relações mais íntimas e desvela as tensões éticas de uma sociedade que se acostumou a medir valor humano em termos de status e influência. A fotografia precisa e o roteiro contido reforçam a atmosfera de desconforto que permeia o longa, guiando o público por um terreno moral ambíguo e perturbador.

Em um mundo cada vez mais dividido entre os que têm e os que dependem, Sonhos se impõe como uma obra essencial para compreender as complexas relações entre caridade e poder, amor e dominação, fronteira e pertencimento. Com atuações intensas e direção firme, Michel Franco entrega um filme que desafia a complacência e obriga o espectador a confrontar seus próprios limites éticos e emocionais.

Sonhos estreia nos cinemas brasileiros em 30 de outubro, com distribuição nacional da Imagem Filmes.

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Sinopse:

Jennifer (Jessica Chastain) é uma influente socialite de São Francisco. Sua vida cuidadosamente construída entra em risco quando ela se envolve com Fernando (Isaac Hernández), um jovem bailarino mexicano que sonha em atuar numa grande escola de balé. Impulsionado pelo amor e pela esperança de um recomeço, ele atravessa a fronteira para estar ao lado dela, uma decisão que ameaça desestabilizar o mundo que Jennifer tanto lutou para preservar. Determinada a manter seu império intacto, ela será capaz de tudo, mesmo que isso revele o lado mais obscuro desse romance.

O Diretor:

Michel Franco nasceu em 1979, na Cidade do México. Depois de dirigir curtas e trabalhos para a publicidade, estreou como diretor de longas com "Daniel & Ana" (2009), selecionado para a Quinzena dos Realizadores em Cannes. Seu trabalho ganhou reconhecimento internacional com "Depois de Lucía" (2012), premiado na mostra Un Certain Regard em Cannes.

Conhecido por abordar temas polêmicos, dirigiu dramas sociais densos, como “Chronic” (2015), Prêmio de Melhor Roteiro em Cannes; "Las Hijas de Abril" (2017), Prêmio do Júri também em Cannes; "Nova Ordem" (2020), que levou o Grand Prix no Festival de Veneza; "Sundown" (2021) e "Memória" (2023), que deu a Copa Volpi de melhor ator para Peter Sarsgaard também em Veneza.

Franco também assume com frequência papéis de roteirista e produtor — através de sua produtora Teorema. Seu cinema é marcado por dramas íntimos que exploram famílias disfuncionais, tensões sociais e traumas — geralmente com grande rigor formal —, e são reconhecidos por provocar reflexão e desconforto.

Com Sonhos, Franco fez sua estreia na Competição Oficial do Festival de Berlim.

Anderson Ramos

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